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Como a língua materna configura cada cérebro

Como a língua materna configura cada cérebro – Contrariando a tese de que linguagem é universal, estudo mostra que regiões do córtex cerebral diferentes se encarregam de processar idiomas diversos. Um saber promissor para o futuro do estudo de línguas estrangeiras.Ao conversar, um falante nativo do árabe precisa escutar com muita atenção: seu interlocutor se refere a kitabun (????) ou katib (????): “livro” ou “escritor”? Ambos os vocábulos se baseiam no mesmo radical, k-t-b ( ? – ? – ?), muito frequente no idioma.

Um nativo de alemão, por sua vez, deve se concentrar em especial na estrutura da oração: Leihst du dir das Buch von deinem Lieblingsschriftsteller aus? (Pegas emprestado o livro do teu escritor preferido?) Na língua germânica, é comum as partes de verbos separáveis (trennbare Verbe) como “ausleihen” aparecerem espalhadas pela frase.

Os idiomas árabe e alemão são extremamente diversos entre si. Mas essas diferenças serão detectáveis também nos cérebros dos falantes nativos? Essa foi a questão que se colocou a equipe de pesquisadores do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e Neurológicas, liderada pela doutoranda e principal autora Xuehu Wie.

Para respondê-la, selecionaram-se dois grupos de 47 indivíduos, nativos do alemão e do árabe, respectivamente. Todos haviam crescido em uma só língua, não possuindo, portanto, mais de um idioma materno, além do qual só sabiam um pouco de inglês.

Os participantes foram então submetidos a um tomógrafo de ressonância magnética (MRT) especial. Além de rastreamentos cerebrais de alta definição, esse exame também forneceu informações sobre as ligações entre as fibras nervosas, dados que permitiram à equipe calcular quão fortes eram as conexões entre as diversas áreas linguísticas.

Pronúncia e significado versus estrutura

“O resultado nos surpreendeu muito, pois sempre partimos do princípio que a linguagem é universal”, comenta Alfred Anwander, pesquisador do Departamento de Neuropsicologia do Instituto Max Planck de Leipzig e coautor do estudo. “Pensávamos que não dependesse do idioma, de onde é processada no cérebro ou da intensidade das ligações entre as diversas áreas.”

No entanto, constatou-se que, entre os nativos do árabe, os hemisférios cerebrais esquerdo e direito são mais fortemente conectados entre si. O mesmo se aplica aos lobos temporais, situados dos lados do córtex cerebrai, e envolvendo também a parte mediana, o lobo parietal.

A constatação é totalmente plausível, pois essas regiões são responsáveis por processar a pronúncia e o significado da língua falada, e um arabofalante precisa se concentrar muito atentamente nos sons emitidos para extrair o sentido – como no caso de kitabun e katib.

Entre os germanófonos, os cientistas encontraram conexões mais fortes no hemisfério esquerdo e com o lobo frontal. Também esta é uma conclusão bem plausível, pois nessas duas áreas se processa a estrutura fraseológica. Por isso os nativos do alemão não têm problemas em compreender as complexas frases do idioma – por vezes, verdadeiras “bonecas russas” sintáticas.

O sonho do aprendizado de línguas sob medida

“Nosso estudo fornece novos dados sobre como o cérebro se adapta às exigências cognitivas: nossa rede estrutural da linguagem é, portanto, marcada pelo idioma materno”, resume o coautor Anwander. Contudo, ressalva, tal diversidade de ligações não representa nem vantagens nem desvantagens para os falantes, pois “a conectividade é simplesmente diferente, nem melhor, nem pior”.

Por outro lado, o saber em torno das ligações dos centros linguísticos poderá ser vantajoso para os diferentes falantes nativos. Por exemplo, na terapia dos pacientes de acidentes vasculares cerebrais (AVC) que sofram distúrbios da fala. Dependendo de sua língua materna, se aplicariam abordagens diversas, tornando mais eficaz o tratamento da afasia.

Numa segunda fase do estudo, se examinará o que ocorre nos cérebros dos arabófonos enquanto aprendem alemão. “Estamos curiosos para ver como a rede neurológica se modifica durante o aprendizado de uma nova língua”, diz Anwander.

Seria bem-vinda uma pesquisa com mais participantes, para confirmar as conclusões. “Além disso, será bem enriquecedor ampliar as análises a mais idiomas”, observa o neuropsicólogo. Em outro estudo cujos resultados ainda não foram apresentados, os pesquisadores liderados por Xuehu Wie examinaram nativos de alemão, inglês e chinês.

Uma aplicação importante dessas pesquisas será aprimorar os métodos de ensino de línguas estrangeiras, adaptando-os aos diferentes tipos neurológicos e seus idiomas maternos. Contudo, “ainda estamos muito longe da estratégia didática individual com base num MRT”, esclarece Anwander: é preciso ainda muita pesquisa e, até lá, as anotações de vocabulário continuam sendo o melhor amigo dos alunos.

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Autor: Katrin Ewert / Fonte: Uol Notícias

COMO O HÁBITO DE LER AFETA NOSSO CÉREBRO

Da mesma forma que o corpo precisa de atividade física para se manter saudável, o cérebro também se beneficia de exercícios. Segundo especialistas, o hábito de leitura pode ser um estímulo que melhora a qualidade da saúde mental

“A leitura, por envolver imaginação, mentalização, antecipação e aprendizagem, funciona como um ‘exercício’ para o cérebro humano. Apesar de não ser um músculo, o nosso cérebro precisa ser estimulado”, destaca Augusto Buchweitz, pesquisador do Instituto do Cérebro (InsCer), em entrevista à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), publicada no site da instituição. 

LEITURA FAVORECE UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

Estudos apontam que ler pode ser uma forma de proteger a mente contra o surgimento de doenças neurodegenerativas. Isso porque, segundo o texto da PUC, ler melhora o funcionamento cerebral, o que atrasa o aparecimento de sintomas de doenças como demência e Alzheimer

O artigo científico A atividade de leitura previne o declínio a longo prazo da função cognitiva em idosos: evidências de um estudo longitudinal, publicado em 2020 na revista International Psychogeriatrics, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), diz que a leitura protege a função cognitiva no cérebro durante a terceira idade. O estudo acompanhou mais de 1,9 mil pessoas acima dos 60 anos ao longo de 14 anos. 

A conclusão do estudo é que atividades de leitura frequente – de pelo menos uma vez por semana – representam um risco reduzido de declínio cognitivo para adultos mais velhos, independentemente do nível educacional. 

As evidências apontam a leitura como uma forma de ter um envelhecimento saudável, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a manutenção da função cognitiva é importante para uma velhice com maiores taxas de satisfação com a vida e bem-estar. 

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Fonte: National Geographic

Os 7 sinais de que seu cérebro precisa de uma pausa

Você está no meio do expediente quando se pega olhando as redes sociais ou brincando em algum joguinho de celular. Apesar de o mundo todo afirmar que isto é errado, desviar a atenção para algo mais leve é necessário. Especialistas afirmam: você deve fazer uma pausa.

— As quedas cerebrais são reais. Não podemos esperar levantar pesos sem parar o dia todo, e também não podemos esperar usar foco e atenção sustentados por longos períodos de tempo — diz Gloria Mark, professora de informática da Universidade da Califórnia, em Irvine.

Embora seu cérebro não seja um músculo, a analogia é boa, pois manter o foco exige que nosso cérebro queime energia, explica Marta Sabariego, professora assistente do Mount Holyoke College, que estuda sobre atenção.

Mas o motivo mais convincente para fazer uma pausa cerebral é que isso pode melhorar sua capacidade de fazer um trabalho de qualidade. Uma revisão sistemática de 2022 publicada na revista PLoS ONE descobriu que mesmo pausas curtas com duração de 10 minutos ou menos reduziram a fadiga mental e aumentaram o vigor (o que significa a disposição de persistir quando o trabalho se tornou difícil).

Essas pausas melhoraram especialmente o desempenho em tarefas que exigem criatividade. A análise descobriu que quanto mais longa a pausa, melhor o aumento de desempenho. Como poucos de nós podem fazer pausas ilimitadas, o truque é usar o tempo que você tem com sabedoria — mesmo que isso signifique ignorar o olhar de reprovação de seu chefe enquanto você joga no celular.

Os mecanismos do foco

Prestar atenção não é tanto uma ação, mas uma forma de processar informações, explica Sabariego. Quando estamos focados, as “redes relacionadas a tarefas” de nossos cérebros filtram as distrações, desde o cheiro de peixe no micro-ondas do escritório até o toque incessante da caneta de um colega de trabalho.

Quando estamos sem foco, nossos cérebros mudam para a rede de modo padrão, afirma o psiquiatra Srini Pillay. Ele às vezes chama isso, brincando, de sistema “não fazer quase nada”, porque está ativo quando estamos sonhando acordados.

No cérebro da maioria das pessoas, “quando um está funcionando, o outro está desligado”, comenta Sabariego. A rede relacionada a tarefas é ótima para verificar itens de sua lista de tarefas, mas geralmente apenas um de cada vez. A solução de problemas e a inovação geralmente exigem deixar sua mente vagar para pensar em possíveis soluções usando a rede de modo padrão.

— A rede de modo padrão pode realmente recuperar detalhes dos cantos e recantos nas memórias de sua mente que o cérebro lógico não pode recuperar e é por isso que às vezes as pessoas dizem que têm suas melhores ideias no chuveiro — pontua Pillay. Para aflorarmos a criatividade, precisamos dar espaço aos nossos pensamentos — de preferência fazendo uma pausa.

Tempo é tudo

O desejo de verificar o Instagram a cada dois minutos é mais universal do que você imagina. Mark tem estudado como trabalhadores que ficam sentados em frente aos computadores o dia todo gastam seu tempo durante o dia de trabalho desde o início dos anos 2000. Sua pesquisa envolve o rastreamento da frequência com que os funcionários alternam entre as guias de seus computadores — de e-mail a planilhas, aplicativos de bate-papo e vice-versa.

Em 2012, Mark fez um estudo com 13 desses trabalhadores e descobriu que o tempo médio que eles passavam em uma tela ou guia — seja um programa relacionado ao trabalho ou mídia social — era de 75 segundos. À medida que sua pesquisa avançava ao longo dos anos, esse tempo “começou a declinar”. Em 2020, um dos alunos de pós-graduação de Mark rastreou 50 trabalhadores e descobriu que o tempo médio gasto em uma guia era de 44 segundos.

O problema é que “você só consegue pensar conscientemente em uma ou duas coisas por vez”, alerta Johann Hari, autor de “Stolen Focus: Why You Can’t Pay Attention — and How to Think Deeply Again” (“Foco roubado: por que você não consegue prestar atenção — e como pensar profundamente novamente”, em tradução livre do inglês).

— Essa é uma limitação fundamental do cérebro humano. Ser multitarefa, ou alternar entre planilhas e e-mail , pode aumentar os erros, reduzir a criatividade e causar fadiga — acrescenta Hari.

Se o seu trabalho exige que você seja multitarefa, é provável que você precise fazer pausas com mais frequência.

Mas com que frequência? O cérebro de cada pessoa funciona de maneira diferente, então não há uma regra rígida e rápida, pondera Sabariego. Também depende do que você está fazendo. Você pode ficar focado por 90 minutos ou mais fazendo o trabalho que considera desafiador e gratificante, exemplifica.

Tarefas servis ou chatas não produzem a recompensa de dopamina que recebemos quando nos envolvemos com algo interessante.

— A dopamina nos ajuda a estreitar nosso mundo visual e auditivo e aumenta nossa motivação — conta Sabariego, acrescentando que você pode precisar de pausas mais frequentes ao realizar esse tipo de tarefa.

Você também pode desenvolver o foco ao longo do tempo. Se você precisar de uma pausa a cada 30 minutos, tente definir um cronômetro e permanecer na tarefa por 32, 35 e 40 minutos para ajudá-lo a espaçar ainda mais as pausas.

Não desista cedo demais

Uma coisa a observar: a popular técnica Pomodoro, que envolve trabalhar por 25 minutos antes de fazer uma pausa de três a cinco minutos, é mais um método para combater a procrastinação do que otimizar o foco profundo. Leva tempo para voltar ao trabalho após uma interrupção, pontua Hari. Se o cronômetro disparar, mas você ainda estiver no meio de uma tarefa, continue.

Considere seus próprios ritmos circadianos antes de definir arbitrariamente as pausas. Muitas pessoas têm picos em sua capacidade de prestar atenção por volta das 11h e 15h, com as coisas geralmente parando depois do almoço, indica Mark. Você pode se concentrar por mais tempo pela manhã, mas precisa de pausas mais frequentes no final do dia.

Quebre seus modos sedentários

Sair para fazer algum tipo de atividade física na natureza é uma das melhores maneiras de dar um descanso ao seu cérebro, aconselha Mark. Ela trabalhou em um estudo com a Microsoft Research que descobriu que os trabalhadores que faziam uma caminhada de 20 minutos na natureza voltavam ao trabalho com maior “atenção divergente”, o que significa que tinham mais ideias criativas ao retornar do que aqueles que continuaram trabalhando.

Se você não pode sair para contemplar a natureza, uma caminhada pelo escritório também trará benefícios. Pillay refere-se à atividade física do meio-dia como um “intervalo de reforço”, com base em um estudo de 2013 que descobriu que trabalhadores que fizeram uma pausa de 15 minutos para exercícios físicos relataram redução do estresse e maior interação social em seus locais de trabalho.

Guarde seu telefone

— Desvalorizamos a ideia do que é uma pausa. Ela não pode ser sinônimo de “parei de ver meus e-mails no meu computador para poder dar uma volta e ver meus e-mails no meu telefone'” — afirma Hari. Verificar e-mails ainda está desafiando seu cérebro a permanecer na rede relacionada à tarefa, então você não está exatamente deixando sua mente vagar. Até mesmo navegar nas redes sociais pode não ser o alívio para o cérebro que você pensa que é.

— Se você vir algo perturbador no Twitter, isso pode atrapalhar seu trabalho — argumenta Mark.

Quando isso acontecer, você não começará sua próxima tarefa revigorado e pronto para se concentrar, que era o objetivo de sua pausa.

Deixe sua ‘mente pequena’ brincar

Em um artigo do Daily Beast de 2013, a escritora e poetisa Maya Angelou se referiu ao seu processo de trabalho como alternando entre sua “ mente grande e sua mente pequena”. Sua grande mente fez o trabalho pesado, elaborando os poemas pelos quais ela se tornou famosa. Sua cabecinha, que ela usava entre as sessões de escrita, adorava fazer palavras cruzadas.

— A mente pequena permite que sua mente grande se atualize e reabasteça — avalia Mark.

Resolver um cubo mágico, tricotar ou até mesmo jogar um jogo simples em seu telefone pode ter o mesmo efeito que um jogo de palavras cruzadas, acrescentou ela. No entanto, tome cuidado para não ser sugado por rodadas intermináveis ​​de Candy Crush. Considere definir um cronômetro para 15 a 20 minutos, o que deve ser suficiente para dar um descanso à sua rede orientada a tarefas.

Tire uma soneca ou coma um lanche

Poucos trabalhadores têm a opção de tirar uma soneca ao meio-dia, mas se você tirar, tire. Mesmo uma soneca de cinco a 15 minutos pode trazer clareza, embora você precise de um descanso mais longo para aumentar a criatividade, afirma Pillay. Geralmente, o corpo leva cerca de 90 minutos para entrar no sono REM, que os pesquisadores associaram ao aumento da criatividade.

Ou fazer um lanche. As células cerebrais precisam de glicose, e gastam muita energia para entrar em foco, pontua Sabariego. No entanto, comer uma grande quantidade de comida pode ativar o sistema nervoso parassimpático, deixando-nos sonolentos. Para este lanche, Pillay sugere uma maçã.

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Fonte: O Globo

Brown noise: como esse tipo de ruído age no cérebro e ajuda a dormir

Ouvir o estrondo de um trovão distante, o barulho de água de um rio, das ondas do mar ou da chuva no telhado. Esses sons são chamados de brown noise (ruído marrom, em tradução livre do inglês) e, segundo cientistas, podem ajudar a dormir.

Segundo Dan Berlau, neurocientista e professor da Regis University School of Pharmacy em Denver, Colorado, o ruído marrom provoca um “mascaramento de som”, ou seja, cria um “cobertor” que abafa todos os demais ruídos. Isso ajuda a reduzir as distrações do ambiente, favorecendo o relaxamento cerebral e levando a pessoa ao sono.

Um estudo feito por pesquisadores coreanos e publicado na revista científica Sensors apoiou a teoria de que os efeitos indutores do sono ao ouvir ruído marrom são devidos ao mascaramento do som.

Em vez de prescrever medicamentos para tratar a insônia, o estudo coreano sugeriu que o ruído branco, marrom ou rosa poderia ajudar contra o problema. Após analisarem os diários de sono dos participantes, os pesquisadores constataram que ouvir ruídos coloridos os ajudou participantes a adormecer cerca de 10 minutos mais cedo do que o normal.

O white noise (ruído branco) é uma mistura de todas as frequências que os humanos podem ouvir, de cerca de 20 Hz a 20 mil Hz, todas com a mesma intensidade ao mesmo tempo. Na prática, o som lembra uma televisão ou rádio fora de sintonia. O pink noise (ruído rosa) é menos áspero, soa mais profundo, mais como uma forte tempestade.

Para Gemma Paech, especialista em sono da Universidade de Newcastle, na Austrália, há outros motivos que levam as pessoas a adormecerem mais rápido como ruído marrom além do mascaramento do som.

“Pode haver uma ‘resposta condicionada’. Se alguém adormeceu regularmente ouvindo esses ruídos no passado, o cérebro começa a associar esses ruídos ao sono, de modo que, quando tocados, o cérebro adormece”, afirmou a especialista em entrevista ao portal Daily Mail.”Algumas pessoas podem achar esses sons relaxantes, o que pode ajudar a colocar o cérebro em um estado pronto para dormir”.

Ela dá o exemplo de pessoas que têm associações positivas com o barulho de chuva caindo sobre o telhado: ouvir sons semelhantes geram efeito calmante, favorecendo o adormecer.

Mas o ruído marrom é apenas uma solução rápida e não resolve a causa do distúrbio do sono, enfatiza Peach. Se o estresse e a ansiedade estão causando distúrbios do sono em vez de ruído externo, esses sons não necessariamente resolverão seus problemas de sono a longo prazo.

Apesar de o ruído marrom não funcionar para todos a depender das causas da insônia, Berlau recomenda que as pessoas — principalmente aquelas que estão desesperadas sem conseguir dormir — pelo menos experimentem o brown noise para tentar dormir.

Ele acredita que ouvir sons é mais seguro do que tomar muitos remédios.

“Existem muitos medicamentos para dormir, muitos dos quais têm efeitos colaterais fortes. Portanto, se houver terapias não farmacológicas que possam ajudar no sono, seria ótimo. As desvantagens do ruído marrom são mínimas, a menos que você esteja ouvindo tão alto que vai machucar seus ouvidos”, pontuou o especialista.

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Fonte: O Globo

Alimentação na infância molda o cérebro e influencia o gosto na vida adulta

Por que gostamos das comidas que gostamos? A preferência alimentar é entendida por especialistas como algo relacionado a fatores como experiências passadas, desenvolvimento de hábitos e identidades culturais. Mas agora, um time de pesquisadores decidiu avaliar esse processo a nível científico e entender de que maneira comer durante a infância impacta o cérebro, e consequentemente os seus efeitos no decorrer da vida.

Os resultados do estudo, publicados no periódico Science Advances, destacam a importância da exposição precoce a uma variedade de sabores diferentes, uma vez que os benefícios não foram observados quando ela ocorre na idade adulta. Além disso, identificam os mecanismos que intermediam a relação entre o gosto alimentar e o cérebro.

Para entender melhor todo esse cenário, os cientistas do departamento de Neurobiologia e Comportamento da Universidade Stony Brook, nos Estados Unidos, utilizaram camundongos, uma vez que a biologia do sistema gustativo, ligado ao sentido do paladar, é semelhante entre os mamíferos.

Eles dividiram então os animais entre filhotes e adultos e os expuseram a uma variedade de sabores diferentes durante uma semana. Após o período, colocaram os camundongos de volta em suas dietas antigas, que não tinham a mesma diversidade de paladar. Ao mesmo tempo, os pesquisadores monitoraram um outro grupo de indivíduos que não passaram pela intervenção alimentar, para utilizá-los como comparação.

Semanas depois da exposição, os pesquisadores retornaram aos animais e ofereceram uma solução adocicada para observar a preferência deles em comparação à água. Aqueles que eram filhotes durante o primeiro experimento apresentaram uma atração mais forte pelo sabor diferenciado na idade adulta, o que não aconteceu entre os camundongos que passaram pela intervenção já quando eram mais velhos.

Além disso, os cientistas identificaram que a exposição a múltiplos sabores na infância levou ao desenvolvimento de circuitos neurais, e que essa preferência do sabor foi influenciada por todos os aspectos da experiência gustativa: as sensações na boca, o olfato e a interação do intestino com o cérebro.

Os resultados indicaram que a experiência com a diversidade de sabores influencia a preferência alimentar, mas apenas se acontecer dentro de uma janela de tempo restrita durante a infância, afirmam os cientistas.

“Foi impressionante descobrir como os efeitos duradouros da experiência inicial com o gosto eram nos grupos jovens. A presença de um ‘período crítico’ do ciclo de vida para o desenvolvimento da preferência pelo gosto foi uma descoberta única e empolgante. A visão predominante de outros estudos anteriores a essa descoberta era que o gosto não tem uma janela definida de maior sensibilidade à experiência como outros sistemas sensoriais, como visão, audição e tato”, diz Hillary Schiff, pesquisadora da universidade e autora do estudo, em comunicado.

Embora feito com animais, os cientistas afirmam que os resultados são replicáveis para humanos.

Depois de comprovar que essa janela de tempo de fato existe, a equipe analisou a atividade dos neurônios no córtex gustativo dos animais, uma parte do cérebro envolvida no paladar e nas decisões sobre o que comer. Eles observaram que, no grupo adulto que não teve a preferência desenvolvida, havia diferenças na atividade de neurônios chamados de inibitórios.

Com as descobertas, os cientistas decidiram testar se a manipulação desses neurônios inibitórios na fase adulta poderia “reabrir” a janela de sensibilidade em relação à experiência com a diversidade de sabores.

Para isso, eles injetaram uma substância no córtex gustativo que quebra redes de proteínas acumuladas ao redor dessas células cerebrais. Isso porque essas redes, quando estabelecidas, limitam a habilidade de os neurônios mudarem a resposta a estímulos, algo que é chamado plasticidade.

Em seguida, expuseram os camundongos com as redes desfeitas à variedade de sabores. Os animais exibiram, então, mudanças semelhantes na preferência pela solução adocicada à observada entre os indivíduos expostos durante a infância.

Os resultados surpreendentes mostraram que a intervenção “rejuvenesceu” as sinapses no córtex gustativo e restaurou a plasticidade em resposta à experiência gustativa. Para os cientistas, isso reforçou o papel dos neurônios inibitórios no processo de desenvolvimento da preferência alimentar.

Arianna Maffei, professora da universidade e também autora do estudo, acredita que os achados podem ajudar a esclarecer diversas questões relacionadas ao ato de se alimentar.

“Expandir nosso conhecimento dos circuitos neurais do desenvolvimento de sabores – com estudos como este – contribuirá para nossa compreensão das escolhas alimentares, distúrbios alimentares e doenças associadas a distúrbios cerebrais”, diz Maffei.

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Fonte: O Globo

Alzheimer: obesidade provoca alterações no cérebro relacionadas com a doença, mostra estudo 

A obesidade pode aumentar o risco de desenvolver Alzheimer, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Journal of Alzheimer’s Disease. Por outro lado, perder peso pode diminuir essa probabilidade e retardar o declínio cognitivo.

Trabalhos anteriores mostraram que a obesidade está ligada a alterações relacionadas à doença de Alzheimer, como danos cerebrovasculares e acúmulo de beta-amiloide. No entanto, nenhuma pesquisa tinha feito uma comparação direta entre os padrões de atrofia cerebral na doença de Alzheimer e na obesidade.

Pesquisadores do Neuro (Montreal Neurological Institute-Hospital) e da Universidade McGill, ambos no Canadá, analisaram exames de imagem cerebral de mais de 1.300 indivíduos e compararam os padrões da massa cinzenta de pessoas com doença de Alzheimer com os de participantes saudáveis. Eles também compararam exames de pessoas com obesidade com indivíduos sem a condição e analisaram o acúmulo de proteína beta-amiloide, um marcador da demência. Fatores como idade e sexo também foram considerados.

A partir destes dados, a equipe criou mapas cerebrais de atrofia da massa cinzenta para todos os participantes. Os resultados mostraram que a obesidade e o Alzheimer afetaram a massa cinzenta de maneira semelhante. Por exemplo, o afinamento no córtex temporoparietal direito e no córtex pré-frontal esquerdo foi semelhante em ambos os grupos. O afinamento cortical pode ser um sinal de neurodegeneração. Isso sugere que a obesidade pode causar o mesmo tipo de neurodegeneração encontrada em pessoas com Alzheimer.

“Este estudo traz contribuições significativas para a crescente evidência dos efeitos nocivos da obesidade – uma doença multissistêmica ligada a alterações metabólicas, incluindo impactos diretos no sistema nervoso central – na cognição, na saúde geral do cérebro e no risco de doença de Alzheimer”, disse Scott Kaiser , geriatra e diretora de saúde cognitiva geriátrica do Pacific Neuroscience Institute no Providence Saint John’s Health Center, na Califórnia.

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Fonte: O Globo

Estudo revela como cegos conseguem ‘ver’ sons e sensações com o cérebro

Um grupo de neurocientistas brasileiros jogou luz sobre uma questão que há tempos mobiliza esse campo de pesquisa: como pessoas cegas de nascença ganham capacidade extra para audição, tato e outros sentidos, se não existe espaço extra no cérebro para processar esses sinais? No novo trabalho, o grupo liderado por Fernanda Tovar-Moll, presidente do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), no Rio, rastreou a origem dessa habilidade ao desenvolvimento do tálamo, uma estrutura cerebral que no passado já foi considerada mais “primitiva” que outras.Exaltou invasão em atos golpistas: Com pressão de médicos, CFM abre processo para investigar vice-presidenteCalorias e saúde: Por que a geração Z é a mais sóbria de todos os tempos

É comum que, em algumas pessoas sem visão desde o nascimento, a capacidade de identificar detalhes em sons, texturas ou odores seja mais aguçada. Não está totalmente claro ainda, porém, como essas habilidades são construídas na estrutura física do organismo, pois o cérebro aloca áreas específicas do córtex, uma região “nobre” do órgão onde são processadas informações mais complexas.

Estudos recentes mostraram que nas pessoas cegas, o córtex occipital (área cortical que processa a visão, na parte de trás da cabeça), acaba sendo “colonizado” por neurônios de outras regiões, como o córtex motor, que processa o tato. Cientistas não sabiam como isso ocorria, porém, porque as conexões necessárias para isso não existem em indivíduos adultos, que tipicamente não possuem as mesmas habilidades auditivas e tácteis dos cegos de nascença quando perdem a visão.

— Um estudo clássico do início dos anos 2000 mostra que quando os cegos de nascença leem em braile, eles ativam o córtex visual, quando na verdade eles estão fazendo funções relacionadas ao tato — explica Tovar-Moll. — Mas qual seria a explicação anatômica para entender como esses sentidos ‘conversam entre si’ nas pessoas com deficiência visual?

Esse fenômeno, batizado com o termo técnico de “plasticidade transmodal”, é um reflexo da capacidade do cérebro de se moldar e se adaptar a novas circunstâncias. No caso estudado, ela foi uma resposta à falta de estímulos visuais durante o desenvolvimento, algo essencial para maturar a visão.

Para investigar a questão, o grupo da pesquisadora no IDOR empregou uma tecnologia nova de ressonância magnética, mais precisa que a de exames clínicos tradicionais. Com uma máquina de campo magnético mais potente que as outras, e uma técnica de análise de imagem mais sofisticada, os cientistas foram investigar as principais suspeitas de envolvimento no processo: as conexões neurais do tálamo.

— A gente levantou a hipótese que as conexões poderiam estar sendo misturadas no tálamo, porque ele é uma região onde existe uma espécie de ‘pit stop’ do cérebro — explica. — O córtex visual fica distante do córtex temporal e do córtex motor, mas dentro do tálamo os ‘núcleos talâmicos’, que se conectam com essas partes do córtex, são muito mais próximos entre si.

Para entender as diferenças de estrutura cerebral, Tovar-Moll mapeou na ressonância magnética os cérebros de dez pessoas com cegueira de nascença e de outras dez capazes de enxergar, para efeito de comparação.

Ao mapear as conexões de neurônios do tálamo com neurônios do córtex em espaço menor e mais emaranhado de células, Tovar-Moll e seus coautores conseguiram evidências de que são os estímulos do tálamo que guiam a remodelação de áreas superiores do cérebro. O trabalho foi descrito em artigo dos cientistas no periódico “Human Brain Mapping”.

A pesquisa não gerou nenhum benefício clínico direto, ainda, mas os cientistas afirmam que ao melhorar a compreensão de mecanismos básicos do sistema nervoso, outros estudos estão agora em posição melhor para buscar aplicações do conhecimento gerado.

— Quando a gente trabalha com populações que têm alguma doença ou alguma forma de deficiência, elas compreendem que pesquisa básica também tem que avançar para poder ajudá-las — diz Erika Rodrigues, neurocientista que participou do trabalho — A gente tem mais dificuldade, por incrível que pareça, de conseguir voluntários saudáveis para os protocolos de pesquisa.

É comum que voluntários se interessem em participar das pesquisas em busca de autoconhecimento, algo que os ajuda a lidar com suas diferenças, conta Tovar-Moll.

— Uma vez eu estava apresentando numa palestra o resultado de um trabalho sobre plasticidade cerebral. No final, veio uma pessoa da plateia com uma cópia do estudo na mão e me disse: ‘Lendo do seu artigo hoje, eu entendo como eu me comporto’.

Fonte: O Globo



Novo campo da ciência investiga como a paternidade transforma o cérebro

Não é de hoje que a neurociência mergulha no cérebro feminino para identificar transformações ocorridas durante a gestação, o nascimento e os primeiros anos de um filho. O ponto central das pesquisas era determinar a natureza e a magnitude das alterações que esse período crucial na vida da mulher promove no funcionamento dos circuitos das células nervosas cerebrais. As conclusões já foram capazes de compor um retrato detalhado de como a maternidade molda o cérebro para que corpo e mente cuidem, exclusivamente, da prole — uma imposição evolutiva, que prioriza a sobrevivência da espécie. Um fenômeno recente, porém, veio ampliar o foco dos estudos na área: a crescente participação do pai na criação dos filhos. Essa virada comportamental histórica despertou nos especialistas o interesse em saber se haveria nos pais impactos semelhantes aos provocados nas mães. O campo de estudo é recentíssimo, mas os achados revelam que, sim, as mudanças culturais impulsionam adaptações na forma como o cérebro masculino opera. Em linhas gerais, começa a se comprovar que a cabeça do pai, à sua maneira e em sintonia com os novos tempos, também se molda de forma a acolher e proteger a prole.

O mais recente trabalho sobre alterações no cérebro masculino em consequência da paternidade foi conduzido por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e do Instituto de Investigação Sanitária Gregorio Marañón, de Madri, na Espanha. Usar voluntários de países de culturas tão diferentes daria aos pesquisadores a chance extra de detectar se eventuais modificações estariam relacionadas aos hábitos e crenças de cada um. Foram recrutados quarenta homens — vinte espanhóis e vinte americanos. Todos foram submetidos a exames de ressonância magnética durante a gravidez da parceira e seis meses após o nascimento do bebê. Além deles, dezessete homens sem filho serviram como grupo de controle.

As primeiras alterações detectadas não chegaram a surpreender os cientistas. É natural que o cérebro reaja a novas situações tentando se adaptar e para isso crie caminhos neuronais diferentes. Trata-se de um fenômeno que os neurocientistas chamam de plasticidade cerebral induzida por experiências, um movimento que se verifica, por exemplo, quando se aprende uma língua ou se desenvolve uma nova habilidade. Outras características, no entanto, se mostraram mais intrigantes. Uma delas foi o fato de as transformações detectadas serem exatamente as mesmas em americanos e espanhóis. “Ficamos surpresos em verificar sua ocorrência em homens de países tão diferentes”, disse a VEJA a psicóloga Darby Saxbe, da Universidade do Sul da Califórnia, uma das autoras da pesquisa. A constatação revela, de acordo com Saxbe, que os gatilhos que desencadeiam as mudanças cerebrais masculinas são universais, como também são os fatores que originam modificações no cérebro feminino em qualquer ponto do planeta.

Em mulheres que tiveram filhos, regiões como o sistema límbico, onde se processam emoções e também respostas a ameaças, ganham força. Até por isso, a maior parte do trabalho de cuidado e criação da prole segue sob sua responsabilidade. Mas nas novas gerações, sobretudo as que vivem nos grandes centros urbanos, prevalece agora o entendimento de que a formação dos filhos é uma tarefa para ser dividida entre os dois — um conceito revolucionário em que o homem, pela primeira vez, adiciona à função de provedor a de cuidador. Um levantamento realizado pelo instituto de pesquisas americano Pew Research Center apontou um aumento expressivo no tempo que, nos Estados Unidos, os homens passam com seus rebentos atualmente — cerca de oito horas semanais, em comparação à média de duas horas por semana registrada meio século atrás.

O impacto cerebral gerado pela chegada dos herdeiros se dá de forma diferente entre homens e mulheres. Conforme demonstram as pesquisas, as mudanças nelas começam na gravidez e estão relacionadas à proteção e sobrevivência da prole e à formação de vínculo afetivo imediato. Já nos pais o processo é iniciado em geral após o nascimento, momento em que o cérebro aciona regiões associadas à empatia — é preciso criar ou fortalecer o laço com o bebê —, ao processamento dos sentimentos e ao sistema de recompensa, responsável por cristalizar o prazer de cuidar do rebento. Ao mesmo tempo, são estimuladas nos pais as estruturas que ajudam no planejamento e na execução de ações, bem como os campos que interpretam informações visuais — tudo voltado para que o homem se torne apto a acolher e tomar conta do bebê com rapidez e praticidade. Variações hormonais, comuns nas mulheres, também são observadas nos pais dos recém-­nascidos. O nível de testosterona, hormônio responsável pelas características masculinas e associado a maior agressividade, cai. Em compensação, sobem as taxas de prolactina, que facilita o relaxamento, e de ocitocina, que atua no fortalecimento dos vínculos afetivos.

A extensão e a potência desses processos não são uniformes, uma variação que pode ter a ver com a quantidade de tempo passado com a criança ou com a motivação por trás da interação. Um dado concreto é que as modificações foram mais marcantes entre os espanhóis, que desfrutam dezesseis semanas de licença paternidade, do que entre os americanos, que não contam com uma lei que lhes assegure dias de afastamento remunerado. De modo geral, porém, o impacto da relação pai e filho sobre o cérebro foi menos intenso do que o identificado nas mulheres. Isso sugere que o grau de envolvimento dos homens com sua prole tem espaço para se tornar mais relevante, abrindo a expectativa de relacionamentos mais prazerosos ainda no futuro. A saudável revolução na direção do exercício pleno da paternidade está em andamento. E, do ponto de vista científico, está provado que o cérebro masculino se encontra aberto a se adaptar aos novos tempos.

Fonte: Revista Veja

Bola pra frente: como o cérebro lida com a rejeição após um fora?

Um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriu como o cérebro humano nos ajuda a levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima depois de um fora.Os resultados, que foram publicados no periódico científico Molecular Psychiatry, mostraram que um sistema de receptores opioides localizado no cérebro, que é acionado para liberar substâncias químicas contra dores físicas, também entra em ação quando passamos por situações de rejeição social.

Como o estudo foi feitoPara chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram imagens dos cérebros de 18 adultos, obtidas por meio de ressonância magnética.Antes de ter os cérebros escaneados, os participantes observaram imagens de perfis fictícios em sites de namoro e apontaram os que mais lhes agradaram.Na sequência, durante a obtenção das imagens do cérebro, os participantes eram avisados pelos cientistas que haviam sido recusados pelos perfis escolhidos.Neste momento, foi notada a liberação de uma grande quantidade de substâncias químicas no cérebro, em especial em regiões ligadas à percepção de dor física.

Na alegria e na tristezaO estudo foi pioneiro na investigação do funcionamento do sistema opioide cerebral durante situações de rejeição social.Até então, só se sabia que opioides eram liberados durante situações de estresse social e de isolamento de animais, mas isso ainda não havia sido observado no cérebro humano.Curiosamente, a liberação de opioides também ocorreu quando os participantes do estudo foram avisados de que haviam sido aprovados por algum perfil do site de namoros. Isso sugeriu para os cientistas que essas substâncias são liberadas e absorvidas pelo cérebro tanto em situações de diminuição de dor como de aumento de prazer.

Fonte: David T. Hsu, professor de psiquiatria e pesquisador da Universidade de Michigan, EUA.

A importância de estimular o cérebro da criança até os 3 anos de idade

Diversas pesquisas têm mostrado que, durante os primeiros anos de vida, são estabelecidos os alicerces da saúde mental, do bem-estar e da aprendizagem das crianças. Nesta fase, os mais novos têm a capacidade de aprender com mais facilidade diferentes tipos de competências, sendo fundamental o papel dos pais, familiares ou responsáveis ​​pela educação.

As experiências científicas de diferentes comunidades mostram que populações nas quais a ênfase não tem sido colocada na comunicação, no desenvolvimento da linguagem, na capacidade de expressar afeto, ou de desenvolver padrões lúdicos adequados para cada idade, ou seja, não investem tempo e energia no desenvolvimento dos primeiros anos de vida, estão deixando de investir no potencial cognitivo futuro dessas pessoas.

Os pais são muito importantes na promoção de experiências iniciais que irão enriquecer as habilidades cognitivas, afetivas e linguísticas das crianças. Nos primeiros anos, principalmente entre os zero e três anos, o cérebro da criança é como uma massa moldável, sendo este o momento ideal para gerar todas as conexões necessárias para um crescimento saudável desde a infância até a idade adulta.

Tanto é assim que o desenvolvimento dos primeiros anos de vida terá impacto, por exemplo, no rendimento escolar ou mesmo nas possibilidades de trabalho no futuro. Por esta razão, diferentes tipos-chave de desenvolvimento são distinguidos nesta fase:

Desenvolvimento cognitivo
Inclui a consolidação de várias capacidades de percepção, movimento, pensamento, organização, planejamento e tomada de decisão. Evidências científicas mostram que, para que essas habilidades se desenvolvam adequadamente, as crianças precisam de pessoas que conversem com elas, cantem para elas, olhem para elas, respondam, acolham quando choram e brinquem com elas.

Além disso, os mais novos precisam de rotinas organizadas para as principais atividades de cada dia, receber instruções breves, claras e precisas, bem como ser elogiados sempre que fizerem algo corretamente ou pela primeira vez.

Desenvolvimento afetivo e social
Esse processo está relacionado com a forma como a criança aprende a expressar e controlar suas emoções, entender as dos colegas e se relacionar com outras pessoas. Evidências científicas mostram que, para potencializar essas habilidades, as crianças precisam receber amor, atenção, compreensão e aceitação dos adultos, desenvolvendo assim a confiança em seus pontos fortes.

Desenvolvimento linguístico e comunicativo
Abrange a aquisição das habilidades para reconhecer e produzir sons da fala, compreender palavras e produzir gestos significativos. Nesse sentido, a pesquisa mostra que conversar com a criança para que ela nomeie objetos e pessoas dentro e fora de casa, que aproveita as situações cotidianas para dizer palavras novas e familiares, que a motiva e parabeniza quando usa corretamente uma palavra, estimula o desenvolvimento da linguagem com intenção comunicativa.

Apoio é essencial
Pesquisas realizadas em diferentes países do mundo mostraram que o apoio dos responsáveis ​​pela criação dos filhos com práticas e ferramentas facilitadoras é muito eficaz para favorecer o desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas com menos recursos ou que crescem em contextos de pobreza.

Fonte: Jornal Extra