18 de Outubro, 2015 –
Partindo da premissa que as nossas emoções afetam o processamento de informações visuais, o pesquisador Christopher Thorstenson – da Universidade de Rochester – tem pesquisado como isso afeta nossa percepção de cor.
Num primeiro estudo, Thorstenson fez com que 127 alunos de graduação assistissem a trechos de vídeos aleatórios – variando do bastante cômico aos que induziam tristeza. Em seguida, pediu para eles classificarem 48 paletas levemente coradas em vermelho, amarelo, verde ou azul.
Os vídeos tristes não tiveram nenhum efeito sobre a percepção das cores dentro do espectro vermelho até o verde. No entanto, os alunos que assistiram a esses vídeos apresentaram maior dificuldade de identificar as cores no eixo azul-amarelo do que aqueles que assistiram aos trechos de vídeos engraçados.
O pesquisador conduziu um segundo estudo, desta vez com 130 indivíduos, comparando vídeos tristes com vídeos neutros. Isso mostrou que a tristeza afetava de fato a percepção das cores. Esse estudo reforçou a tese do primeiro estudo. Os resultados de ambos foram publicados na revista Psychological Science.
Através dessas pesquisas, Thorstenson descobriu que a percepção da cor azul é dependente de dopamina, o neurotransmissor conhecido por sua importância em nossos sistemas de recompensa. O sistema nervoso usa a dopamina em uma ampla variedade de papéis, o que justifica que sua escassez induzida pela doença de Parkinson gere efeitos tão difundidos.
“Nós não tínhamos previsto esse achado específico, embora isso possa dar novas pistas para efeitos e funcionalidades do neurotransmissor”, afirma o pesquisador.
A relação com a dopamina poderia explicar outras circunstâncias nas quais a percepção de azul-amarelo é afetada, incluindo TDAH e a depressão. Mais interessante ainda é notar que palavras para o “azul” são relativamente novas em línguas humanas em comparação com outras cores, sendo um indício de que anteriormente as pessoas não percebiam o que hoje nós vemos como azul. Se isso está ligado com essas descobertas ou não, o assunto fornece mais questões intrigante para futuras pesquisas.