Pesquisadores descobriram que um encolhimento no hipocampo provoca declínio cognitivo independentemente de o paciente ter as proteínas tau e amiloide em excesso no cérebro. Segundo o site The Conversation, esse achado pode mudar o tratamento de pacientes com Alzheimer e outras condições neurodegenerativas.
Para você entender o impacto da descoberta, precisamos primeiro lembrar o que é o hipocampo. Essa é uma pequena área do cérebro, do tamanho de um cavalo-marinho, responsável por diversas funções, além do aprendizado, como:
- regular emoções;
- transformar memórias de curto prazo em memórias de longo prazo;
- permitir a navegação espacial.
À medida que envelhecemos, naturalmente o nosso hipocampo diminui um pouco em tamanho. No entanto, esse encolhimento é mais acentuado em pessoas que têm determinados hábitos de vida nocivos – como alimentação inadequada e consumo excessivo de álcool – e também com doenças, entre elas, Alzheimer. Por isso, essa perda de volume tende a vir antes de sinais de declínio cognitivo.
Outros biomarcadores também são importantes no diagnóstico e tratamento do Alzheimer e de outras doenças cerebrais. É o caso das proteínas tau e beta amiloide, que são importantes para o bom funcionamento do órgão, mas que são prejudiciais quando estão em excesso.
De forma mais detalhada, os emaranhados de tau destroem os neurônios por dentro, enquanto as placas amiloides se aglomeram na parte externa dos neurônios.
O estudo, publicado na revista Neurology, coletou dados de 128 idosos durante dez anos. No início da pesquisa, esses participantes não apresentavam sinais de comprometimento cognitivo.
Além de registrar o desempenho dos participantes em testes cognitivos, eles fizeram exames de imagem cerebral para observar o volume do hipocampo e ainda rastrearam as proteínas tau e amiloide.
Ao longo da década, eles descobriram que:
- O encolhimento do hipocampo estava relacionado com o declínio cognitivo.
- Quanto mais rápido fosse a diminuição do volume, mais rápido seria o comprometimento cognitivo.
- Pessoas com menor hipocampo no início do estudo tiveram uma diminuição do tamanho mais rápida.
- A correlação entre encolhimento do hipocampo e declínio cognitivo continuou forte mesmo depois que eles removeram a influência das proteínas tau e amiloide das análises
Consequências da pesquisa
Apesar de usar uma amostra pequena, esta pesquisa sugere algumas questões importantes. A primeira é que as placas amiloides e emaranhados de tau podem não ser os únicos gatilhos para o declínio cognitivo.
Em segundo lugar, os resultados podem ajudar no tratamento de pacientes, pois se o comprometimento cognitivo tiver sido decorrência da diminuição do volume do hipocampo, provavelmente medicamentos para combater placa amiloide terão pouco efeito em retardar a progressão do Alzheimer.
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Fonte: Olhar Digital