Cientistas americanos conseguiram, de forma inédita, recriar um trecho de uma música apenas a partir da atividade cerebral captada de indivíduos enquanto escutavam a canção. O som de “Another Brick in the Wall”, da banda Pink Floyd, é facilmente reconhecido na reconstrução feita pelos pesquisadores da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. (Ouça abaixo) O estudo em que detalham o trabalho foi publicado nesta semana no periódico PLOS Biology.
O feito permitiu ainda que os cientistas identificassem novas regiões do cérebro ligadas à musicalidade. A expectativa é que a tecnologia no futuro ajude pessoas com problemas de comunicação, já que os avanços que conseguem decodificar pensamentos em texto ainda carecem de fatores como ritmo, ênfase e entonação, que atribuem significado ao que está sendo dito. É o que explica o doutor em Neurociências Rogério Panizzutti, professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
— Traduzir o funcionamento da atividade cerebral em falas, movimento, é uma área muito quente e promissora para pessoas com lesões, com questões que interferem na comunicação. Mas basicamente ainda não temos um entendimento completo de como nosso cérebro funciona, nos detalhes mais complexos. Então esse tipo de estudo, que aborda questões específicas, é um passo importante para construir as peças desse quebra-cabeça — diz ele, que é diretor do Laboratório de Neurociências e Aprimoramento Cerebral (LabNACe) da UFRJ.
O novo trabalho teve início ainda em 2008 e 2015, quando médicos do Centro Médico de Albany, nos EUA, recrutaram um total de 29 pacientes para o estudo. Os voluntários se preparavam para uma cirurgia de epilepsia e, por isso, já estavam com eletrodos anexados na superfície do cérebro. Com isso, os responsáveis apenas monitoraram a atividade cerebral enquanto a obra do Pink Floyd tocava.
Agora, quase uma década depois, os neurocientistas da Berkeley pegaram os dados capturados das ondas cerebrais e, com o auxílio de inteligência artificial, os utilizaram para recriar o som que estava na cabeça dos voluntários. O resultado foi um trecho idêntico ao da música, facilmente reconhecível. O feito, segundo eles, foi alcançado pela primeira vez.
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Fonte: O Globo