Cientistas descobrem áreas do cérebro que só se ativam pelo vício

Um grupo de cientistas do laboratório Cold Spring Harbor, nos Estados Unidos, publicou, nessa quarta (5/4), um artigo na revista Nature no qual afirma ter encontrado áreas do cérebro que se ativam só com os prazeres do vício. Os pesquisadores identificaram e mapearam as amígdalas cerebrais, regiões relacionadas ao prazer e às emoções.

Usando ratos viciados em açúcar, eles descobriram que as zonas são especialmente estimuladas quando há a expectativa de consumir a substância.

A pesquisa é importante para planejar o atendimento médico de pessoas viciadas em drogas, segundo os autores do estudo. Os resultados encontrados por eles mostram que, ao neutralizar a zona do cérebro específica do prazer, os efeitos da abstinência e do desejo de voltar a consumir as substâncias desapareciam.

A investigação dos neurologistas foi feita medindo a atividade cerebral dos roedores. Os médicos deram grandes quantidades de açúcar aos animais sempre que tocava uma música específica. Com o tempo, só a melodia já era suficiente para ativar as sensações de desejo e prazer semelhantes ao uso da droga.

Os cientistas fizeram ressonâncias nos ratinhos, e descobriram as zonas específicas do cérebro energizadas pela expectativa de receber o prazer do açúcar. Antes desse estudo, os pesquisadores achavam que as amígdalas cerebrais se ativavam igualmente em emoções boas ou ruins, mas, com o mapeamento feito nos ratos, descobriram que há zonas específicas para cada sentimento.

Chance de tratamento ao vício

Quando os neurologistas conseguiram desabilitar a comunicação de prazer entre essas zonas do cérebro e a memória anterior, eles perceberam que os ratos deixavam de ter uma relação de euforia com o açúcar.

Na prática, o estudo apontou que reduzindo a atividade das amídalas cerebrais, o desejo de consumir açúcar nos ratos viciados diminuía significativamente.

“Sem a ativação destes neurônios, não há a liberação de dopamina e de felicidade que vemos regularmente”, afirmou Bo Li, médico que chefiou o estudo. “Isso pode nos ajudar a repensar o tratamento de viciados em opioides, álcool ou, até mesmo, de pessoas que sofrem com ansiedade”, defende o neurologista, em entrevista para o site do laboratório.

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Fonte: Metrópolis