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Cochilos durante o dia podem ser bons para saúde do cérebro, diz estudo

Tirar cochilos durante o dia pode ajudar a manter a saúde do cérebro à medida que envelhecemos, de acordo com um novo estudo. No entanto, pesquisas anteriores mostraram que cochilar em excesso também pode ser prejudicial.

A soneca habitual foi associada a um maior volume total do cérebro, que está associado a um menor risco de demência e outras doenças, de acordo com pesquisadores da University College London (UCL) e da Universidade da República do Uruguai.

Em média, a diferença no volume cerebral entre aqueles que cochilam e os que não cochilam foi equivalente entre 2,5 a 6,5 anos de envelhecimento, disseram os pesquisadores.

“Nossas descobertas sugerem que, para algumas pessoas, cochilos curtos durante o dia podem ser uma parte do quebra-cabeça que pode ajudar a preservar a saúde do cérebro à medida que envelhecemos”, disse a autora Victoria Garfield, pesquisadora sênior da UCL, em um estudo publicado na revista Science.

Embora o estudo tenha sido “bem conduzido”, as limitações incluem o fato de que os hábitos de cochilo foram autorrelatados, disse Tara Spires-Jones, presidente da British Neuroscience Association e vice-diretora do Center for Discovery Brain Sciences da Universidade de Edimburgo, que não participou da pesquisa.

Os resultados mostram “um aumento pequeno, mas significativo, no volume do cérebro em pessoas que têm uma assinatura genética associada a tirar sonecas durante o dia”, disse ela ao Science Media Center.

“Mesmo com essas limitações, este estudo é interessante porque acrescenta dados que indicam que o sono é importante para a saúde do cérebro”, disse ela.

Em resposta, a principal autora do estudo, Valentina Paz, pesquisadora da Universidade da República do Uruguai e da UCL, disse à CNN que concordava que “o trabalho tem algumas limitações”, mas estão “confiantes” no método usado.

Abordagem estatística

No estudo, publicado na segunda-feira (19) na revista Sleep Health, os pesquisadores usaram uma técnica chamada randomização mendeliana para analisar amostras de DNA e exames cerebrais de 35.080 pessoas com idades entre 40 e 69 anos envolvidas no estudo UK Biobank, um grande banco de dados biomédico e recurso de pesquisa que seguiu residentes do Reino Unido de 2006 a 2010.

A randomização mendeliana é uma abordagem estatística que usa a genética para fornecer informações sobre a relação entre uma exposição e o resultado.

Os pesquisadores analisaram seções do código genético ligadas à probabilidade das pessoas de cochilar regularmente e, em seguida, compararam os resultados de saúde e cognição do cérebro entre aqueles com os genes do cochilo e aqueles sem.

“Ao observar os genes definidos no nascimento, a randomização mendeliana evita fatores de confusão que ocorrem ao longo da vida e que podem influenciar associações entre cochilos e resultados de saúde”, disse Paz.

No entanto, tal técnica só pode mostrar uma associação entre cochilo e saúde cerebral, não causa e efeito. Além disso, os pesquisadores não tinham informações sobre a duração do cochilo, o que poderia influenciar o conhecimento de o sono ser útil ou prejudicial.

Paz disse à CNN que descobertas anteriores sugerem que “tirar uma soneca curta [5 a 15 minutos] no início da tarde pode beneficiar aqueles que precisam”.

Cochilar também pode ser prejudicial

Enquanto isso, pesquisas anteriores mostraram que cochilos frequentes ou cochilos regulares por longos períodos durante o dia podem ser um sinal de demência precoce em adultos mais velhos.

Idosos que cochilavam pelo menos uma vez por dia ou mais de uma hora por dia tinham 40% mais chances de desenvolver Alzheimer do que aqueles que não cochilavam diariamente ou cochilavam menos de uma hora por dia, de acordo com um estudo publicado na revista “Alzheimer’s and Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association”, em março de 2022.

E em julho de 2022, um estudo descobriu que pessoas que cochilam com frequência têm maior chance de desenvolver pressão alta e sofrer um derrame.

Os participantes do estudo que normalmente cochilavam durante o dia tinham 12% mais chances de desenvolver pressão alta ao longo do tempo e 24% mais chances de ter um derrame em comparação com pessoas que nunca cochilavam.

“Isso pode ser porque, embora tirar uma soneca em si não seja prejudicial, muitas pessoas que tiram sonecas podem fazê-lo por causa do sono ruim à noite. O sono ruim à noite está associado a problemas de saúde, e os cochilos não são suficientes para compensar isso”, disse o psicólogo clínico Michael Grandner, na época.

Grandner dirige a Clínica de Medicina do Sono Comportamental no Banner-University Medical Center em Tucson, Arizona, e não participou do estudo.

Cochilos excessivos podem ser um sinal de um distúrbio do sono subjacente, disse à CNN o especialista em sono Dr. Raj Dasgupta, professor associado de medicina clínica na Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia, em uma entrevista anterior.

“Distúrbios do sono estão ligados a um aumento no estresse e nos hormônios reguladores do peso, que podem levar à obesidade, pressão alta, diabetes tipo 2 – todos fatores de risco para doenças cardíacas”, disse ele. “Eu acredito que cochilar é um sinal de alerta de um distúrbio do sono subjacente em certos indivíduos”.

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fonte: CNN



Por que o estresse nos faz comer mais? Cientistas desvendam mecanismo inédito no cérebro; entenda

O termo “comer estressado” é algo comum para diversas pessoas – basta uma situação um pouco mais complicada para a vontade de um doce, um salgadinho ou de algum outro alimento rico em calorias aparecer. Sabe-se que o hábito de comer tem relações próximas com o estado emocional e a busca por uma sensação de conforto, mas esse pode não ser o único motivo para o fenômeno.

Um novo trabalho conduzido por pesquisadores da divisão de Neurociências do Instituto de Pesquisa Médica Garvan, na Austrália, descobriu um mecanismo cerebral inédito que faz o indivíduo não se sentir completamente satisfeito, resultado da combinação entre estresse e dietas muito calóricas.

“Nossas descobertas revelam que o estresse pode anular uma resposta natural do cérebro responsável por diminuir o prazer obtido ao comer, o que significa que o cérebro é continuamente recompensado para comer”, diz o professor Herbert Herzog, autor sênior do estudo e cientista do Instituto Garvan, em comunicado.

No estudo, publicado nesta quinta-feira na revista científica Neuron, os pesquisadores investigaram em grupos de camundongos a forma como o cérebro respondia ao estresse crônico por meio de variadas dietas. Quando a alimentação dos animais estressados era rica em calorias, eles observaram alterações em uma região do órgão chamada habenula lateral.

Essa área funciona inibindo a resposta de recompensa do cérebro para os estímulos e, com isso, proteger o indivíduo contra o consumo excessivo de alimentos. Quando ela é ativada, portanto, a comida passa a não induzir mais tanto prazer, e a pessoa perde a vontade de continuar a se alimentar.

“No entanto, quando os camundongos estavam estressados cronicamente, essa parte do cérebro permanecia silenciosa, permitindo que os sinais de recompensa ficassem ativos e estimulassem a alimentação por prazer, não respondendo mais aos sinais reguladores de saciedade”, explica Kenny Chi Kin Ip, também autor do estudo e pesquisador do Instituto Garvan.

Com isso, os animais continuavam a comer mais e mais, uma vez que não se sentiam saciados. Além disso, os cientistas identificaram que uma molécula chamada NPY, que é produzida naturalmente pelo cérebro em resposta ao estresse, estava no centro desse mecanismo.

Quando eles bloquearam o caminho que faz a NPY interferir nas células da habenula lateral, os camundongos estressados com uma dieta gordurosa passaram a consumir menos alimentos.

Ganho de peso duas vezes maior

Os cientistas explicam que é essa combinação do estresse com alimentos calóricos que gerou o silenciamento da habenula lateral e a consequente saciedade sem fim. Por isso destacam a importância de se buscar comidas saudáveis nos momentos de situações adversas, até mesmo para prevenir quadros de obesidade.

“Demonstramos que o estresse crônico, combinado com uma dieta rica em calorias, pode estimular um consumo cada vez maior de alimentos, bem como uma preferência por alimentos doces e altamente palatáveis, promovendo o ganho de peso e a obesidade. Essa pesquisa destaca a importância crucial de uma dieta saudável durante períodos de estresse”, diz Herzog.

Eles citam que os camundongos estressados que estavam em uma dieta rica em gordura ganharam o dobro do peso em comparação com aqueles que estavam na mesma alimentação, porém sem o estresse.

Além disso, eles realizaram um teste chamado de “preferência de sucralose”, que envolve oferecer água comum e água adoçada artificialmente aos animais. Os camundongos estressados consumiram três vezes mais sucralose.

“É importante destacar que não observamos essa preferência por água adoçada em camundongos estressados que estavam em uma dieta regular”, pontua o pesquisador.

De acordo com os cientistas, suas descobertas revelam que o estresse desempenha um papel crucial como regulador dos hábitos alimentares, interferindo na capacidade natural do cérebro de equilibrar as necessidades energéticas.

“Essa pesquisa enfatiza o quanto o estresse pode comprometer o metabolismo energético saudável. É um lembrete para evitar um estilo de vida estressante e, especialmente, se você está lidando com estresse a longo prazo, tente manter uma dieta saudável e guardar os alimentos não saudáveis”, aconselha Herzog.

COMO O USO EXCESSIVO DE CELULAR AFETA O CÉREBRO?

Os smartphones e celulares são parte integrante das nossas vidas e essenciais para diversas atividades. Entretanto, as horas seguidas olhando para telas, rolando as timelines de redes sociais já demonstram efeitos colaterais no funcionamento do nosso cérebro, segundo especialistas.

O CELULAR AFETA A COGNIÇÃO

Pesquisas mostraram que os smartphones afetam a cognição. Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Psychology, em 2017, relata que, quando usado com prudência, os dispositivos podem até aumentar a cognição humana. 

No entanto, o estudo mostra que os hábitos atuais de uso de celulares vêm demonstrando um impacto negativo e duradouro na capacidade dos usuários de pensar, lembrar, prestar atenção e regular as emoções.

(Relacionado: O que acontece com o cérebro quando não dormimos)

impacto na memória acontece porque os smartphones permitem que nossos cérebros não trabalhem muito para obter informações. Por exemplo, quando você lê um livro, você gera as imagens descritas na obra com a sua mente, diferentemente de quando você assiste a um vídeo. A consequência disso, segundo a pesquisa, é que não retemos o conhecimento tão bem.

CELULARES PODEM DEIXAR OS CÉREBROS “PREGUIÇOSOS”

Outra pesquisa, feita por pesquisadores da Universidade de Waterloo (Canadá), em 2015, aponta que os celulares estão nos deixando mais preguiçosos para pensar. 

O artigo, divulgado na Science Daily, diz que com os smartphones não é mais preciso memorizar um número de telefone ou encontrar seu caminho pela cidade usando um mapa – o dispositivo faz essas coisas por você com um toque na tela. Isso, segundo o estudo, causa uma dependência excessiva do smartphone, o que pode levar à preguiça mental. 

Os pesquisadores também relataram que evitar usar a própria mente para resolver problemas pode ter consequências no envelhecimento.

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Fonte:  National Geographic Brasil

É verdade que o cérebro para de se desenvolver aos 25 anos?

Não faltam pesquisas científicas concentradas em entender os mistérios do cérebro. Mas muito se questiona sobre o desenvolvimento do órgão, e uma questão que paira no ar, é se ele para de se desenvolver quando a pessoa chega aos 25 anos.

Segundo um artigo publicado no periódico Dovepress, a noção de que o desenvolvimento do cérebro não está completo até os 25 anos de idade refere-se especificamente ao córtex pré-frontal, que faz parte do lobo frontal e é responsável pelo controle e inibição cognitiva.

Os especialistas apontam que a área se torna mais desenvolvida na adolescência, mas são os adultos se beneficiam de um córtex pré-frontal bem desenvolvido, o que permite executar melhor as habilidades que exigem aprendizado, foco e memória.

No entanto, os próprios pesquisadores ressaltam que o cronograma de desenvolvimento do córtex pré-frontal dorso-lateral varia muito entre os indivíduos, e ainda não se sabe a razão.

O que os cientistas sabem é que as mudanças são muito mais rápidas no início do desenvolvimento, enquanto nas fases posteriores da vida as mudanças são mais sutis e graduais. No entanto, é “muito improvável” que possa haver um cronograma para o desenvolvimento do cérebro ao longo da vida.

A comunidade científica também descobriu que, dependendo de qual propriedade cerebral se mede, há picos em certas idades em que a propriedade atinge seu máximo, mas mudanças ainda acontecem após esse período.

Aos 25 anos, muitas regiões cerebrais diferentes terão atingido seu volume máximo. No entanto, isso não significa absolutamente que o cérebro deixa de mudar, nem significa que até esse ponto o cérebro não seria capaz de funcionar em um nível desenvolvido. De qualquer forma, ainda há muita pesquisa a ser feita.

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Fonte: DovepressAmerican Psychological AssociationDeath Penalty Information CenterIFL Science

Os mitos e erros sobre os hemisférios do cérebro

Da mesma forma que o restante do organismo, o cérebro é formado por bilhões de células. Cada tipo de célula tem uma função específica, mas todas elas são perfeitamente sincronizadas e conectadas.

É possível comparar o cérebro com um daqueles relógios antigos com centenas de engrenagens de todas as espécies, trabalhando em uníssono para fornecer a hora certa.

O nosso cérebro é composto de duas metades – os hemisférios cerebrais. Mas, ao contrário do que pode parecer, não se trata de duas estruturas isoladas e independentes.

Os dois hemisférios são extraordinariamente conectados por uma espécie de “cabeamento” que faz a comunicação entre eles. Estamos falando do corpo caloso, formado por mais de 200 milhões de fibras nervosas que levam informações de um hemisfério para o outro.

Esta organização permite realizar e coordenar todas as funções – muitas delas, muito complexas – próprias do sistema nervoso. E, para isso, os hemisférios dividem o seu trabalho.

ESCRITÓRIOS INTERCONECTADOS

Pense em um grande edifício de escritórios de uma mesma empresa. Nele, encontraremos diferentes andares, com diferentes departamentos, diferentes divisões e diferentes pessoas trabalhando em cada uma dessas áreas.

Cada seção tem uma função, mas todas estão interligadas. E, mais do que isso, elas mantêm estreita comunicação entre si, pois a operação correta de umas depende do que fizerem as outras.

Os hemisférios cerebrais funcionam de forma similar. Eles dividem o trabalho a ser realizado.

Ou seja, embora as duas metades intervenham em uma função específica, uma delas pode estar mais relacionada com aquela tarefa do que a outra.

Este processo funciona da mesma forma que o faturamento daquela grande empresa.

O departamento de cobrança é o encarregado da operação, mas outras seções devem fazer sua parte do trabalho para completar o processo. Como o setor de expedição, por exemplo, que fará chegar a fatura ao seu destinatário.

OS HEMISFÉRIOS NÃO SÃO UM DESTINO

É neste ponto que começa o mito de que o cérebro é dividido em duas metades e, dependendo do lado que mais usarmos, teremos esta ou aquela habilidade. É a chamada teoria do “hemisfério dominante”.

Ela defende que, se você for bom em matemática, linguagem ou lógica, é porque o seu hemisfério esquerdo é o dominante. E, se você for uma pessoa artística, com vocação para a pintura ou a música, o hemisfério dominante é o direito.

Esta teoria ajuda a classificar erroneamente as pessoas em dois tipos: objetivas, racionais e analíticas, de um lado; ou passionais, sonhadoras e criativas, de outro.

Nada está mais longe da realidade. Não existe um hemisfério dominante.

Este mito provavelmente tem sua origem na reunião da Sociedade Antropológica de Paris, na França, em 1865.

O culpado pode ter sido, ainda que não intencionalmente, o médico francês Paul Broca. Ele assegurou que “falamos com o hemisfério esquerdo”, em referência às regiões cerebrais com mais influência sobre a função da linguagem, que se encontram naquele lado do cérebro.

O fato de que a maior parte de uma função específica recaia sobre um hemisfério, como ocorre com a linguagem e a metade esquerda do cérebro, não significa que aquele hemisfério seja dominante nas pessoas com maior capacidade linguística.

Quando um cantor memoriza a letra e a melodia de uma canção, por exemplo, as funções relativas à verbalização da letra encontram-se no seu lado esquerdo, mas ele irá usar o hemisfério direito para expressar a musicalidade da canção. Ou seja, é um trabalho de equipe.

EVIDÊNCIAS QUE REFUTAM O MITO

Existem inúmeros estudos neste campo da ciência. Alguns deles chegaram a examinar imagens obtidas por ressonância magnética dos cérebros de mais de mil pessoas.

Seus resultados deixam claro que todos nós usamos os dois hemisférios igualmente, embora a atividade registrada em cada um deles dependerá “do que estivermos fazendo”.

Também se demonstrou que o lado do cérebro utilizado para uma determinada atividade pode não ser o mesmo para todas as pessoas. Análises demonstram que existem variações entre os indivíduos em relação a qual área ou metade do cérebro é empregada para uma ação específica.

O mito do hemisfério dominante ainda está muito presente hoje em dia. Em parte, porque existem muitos aspectos desconhecidos sobre o funcionamento do cérebro humano. E, quanto mais pesquisamos, mais percebemos a sua complexidade.

Por isso, quando são expostos os argumentos para tentar explicar este funcionamento tão complexo, continuam surgindo interpretações simplistas, como a de que as funções são escrupulosamente segregadas em áreas e hemisférios cerebrais.

Se fosse assim, uma lesão em uma dessas áreas tão especializadas faria com que essa zona funcional deixasse de ser útil para a pessoa afetada. Mas não é exatamente assim que acontece. O nosso sistema nervoso possui certa plasticidade.

Já se verificou que, em pessoas que perdem um dos sentidos (como a visão), a área do cérebro encarregada do seu processamento, sem receber a informação visual, às vezes se adapta para melhorar a percepção de outros sentidos, como o tato. Este fenômeno melhora o aprendizado da leitura táctil do alfabeto Braille, por exemplo.

VENDEDORES DE ILUSÕES

Deste desconhecimento científico e social da totalidade do funcionamento do cérebro, sobrevêm, como sempre acontece, os aproveitadores.

São aquelas pessoas que, utilizando linguagem pseudocientífica, apresentam explicações e soluções para tudo, tentando se aproveitar da incerteza dos mais vulneráveis.

Eles fazem as pessoas acreditarem, por exemplo, que podemos decidir qual hemisfério devemos usar para modular nossas habilidades, capacidades e personalidade, ou a forma em que enfrentamos as vicissitudes da vida.

Além disso, como ocorre com outros setores, como a saúde humana, a neurociência não conseguiu se livrar da propagação de mitos e boatos pelas redes sociais.

Mas, embora ainda existam incertezas sobre alguns aspectos do funcionamento do cérebro humano, temos a segurança de que o talento e a personalidade das pessoas não são determinados pela dominância de um hemisfério sobre o outro.

E sempre convém ressaltar, para evitar atitudes antropocêntricas, que não somos o único animal com as funções cerebrais compartimentalizadas.

CLASSIFICAÇÃO DOS ESTUDANTES

Apoiar o mito da dominância dos hemisférios cerebrais é perigoso em muitos aspectos – especialmente no campo da educação, já que limita as oportunidades de aprendizado e desenvolvimento dos estudantes.

Se acreditarmos erroneamente que existem alunos de “cérebro direito” (muito mais criativos) ou de “cérebro esquerdo” (mais analíticos), estamos classificando os estudantes em duas categorias.

E esta classificação limita suas oportunidades de aprendizado, restringindo seus interesses e impedindo que eles se desenvolvam em outras disciplinas. Tudo isso reduz suas futuras trajetórias profissionais.

Em resumo, não existe um hemisfério cerebral mais importante que o outro e os dois funcionam como uma unidade. E, na verdade, a atividade cerebral não é simétrica e varia de uma pessoa para outra.

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Fonte: BBC

* José A. Morales García é pesquisador científico de doenças neurodegenerativas e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Complutense de Madri, na Espanha.

Conchi Lillo é pesquisadora de patologias visuais e professora titular da Faculdade de Biologia da Universidade de Salamanca, na Espanha.

Cientistas identificam áreas do cérebro afetadas pela hipertensão

A hipertensão arterial é um dos maiores fatores de risco modificáveis para doenças cerebrovasculares e demência. Porém, como o cérebro é afetado pela condição ainda não foi totalmente esclarecido. Agora, pela primeira vez, um estudo demonstra quais regiões do órgão são particularmente sensíveis aos efeitos da doença, caracterizada pelo aumento anormal e prolongado da pressão que o sangue faz ao circular pelas artérias. O trabalho foi publicado, ontem, na Revista da Associação Europeia do Coração.

Os pesquisadores, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e da Faculdade de Medicina da Universidade Jaguelônica, na Polônia, combinaram 4 mil imagens de ressonância magnética funcional, 258 mil análises genéticas e dados observacionais de 30 mil pacientes do banco de dados britânico Biobank para investigar como a hipertensão afeta a função cognitiva. As descobertas foram validadas, em seguida, em um grupo de pessoas residentes na Itália. O Ministério da Saúde italiano, o Conselho Europeu de Pesquisa e a Fundação Britânica do Coração cofinanciaram o estudo.

“Usando essa combinação de imagens, abordagens genéticas e observacionais, identificamos partes específicas do cérebro afetadas por aumentos na pressão sanguínea”, explica o líder da pesquisa, Tomasz Guzik, da Universidade de Edimburgo. “Achamos que essas áreas podem ser onde a pressão alta afeta a função cognitiva, como perda de memória, habilidades de pensamento e demência. Quando verificamos nossas descobertas estudando um grupo de pacientes na Itália com pressão alta, descobrimos que as partes do cérebro que havíamos identificado estavam realmente afetadas”, descreveu.

Especificamente, as alterações cerebrais associadas à hipertensão ocorrem em nove áreas do órgão. Entre elas, o putâmen, uma estrutura redonda na frente do cérebro que regula o movimento e influencia vários tipos de aprendizagem. Outras regiões afetadas foram a radiação talâmica anterior, a corona radiata anterior e o ramo anterior da cápsula interna, integrantes da substância branca que conectam e permitem a sinalização entre diferentes partes cerebrais.

A radiação talâmica anterior está associada a funções executivas, como o planejamento de tarefas diárias simples e complexas, enquanto as outras duas estão envolvidas na tomada de decisões e no gerenciamento das emoções. As mudanças nessas áreas incluíram reduções no volume cerebral e na área de superfície no córtex, mudanças nas conexões entre diferentes partes do órgão e mudanças nas medidas da atividade do cérebro.

Genética

Guzik explica que, ao utilizar diversos parâmetros — físicos, genéticos e observacionais —, os pesquisadores podem afirmar com mais segurança que os efeitos vistos no cérebro dos pacientes estão associados, de fato, à pressão alta. “A randomização mendeliana é uma forma de usar a informação genética para entender como uma coisa afeta a outra. Em particular, testa se algo está potencialmente causando um determinado efeito ou se o efeito é apenas uma coincidência”, diz.

No caso do estudo, foram usadas informações genéticas para avaliar se existe uma relação entre os genes que predispõem a hipertensão e os resultados de imagens. Se há uma associação, o mais provável é que, de fato, a pressão alta cause os efeitos observados. “Isso ocorre porque os genes são transmitidos aleatoriamente dos pais. Portanto, não são influenciados por outros fatores que possam confundir os resultados. Em nosso estudo, se um gene que causa pressão alta também está ligado a certas estruturas cerebrais e suas funções, isso sugere que a pressão alta pode realmente estar causando disfunção cerebral naquele local.”

A expectativa do grupo, segundo Guzik, é de que os resultados possam auxiliar no desenvolvimento de novos tratamentos para o comprometimento cognitivo em pessoas com pressão alta. “Estudar os genes e as proteínas nessas estruturas cerebrais pode nos ajudar a entender como a pressão alta afeta o cérebro e causa problemas cognitivos. Além disso, observando essas regiões específicas do cérebro, podemos prever quem desenvolverá perda de memória e demência mais rapidamente no contexto da pressão alta. Isso pode ajudar na medicina de precisão, para que possamos direcionar terapias mais intensivas para prevenir o desenvolvimento de comprometimento cognitivo em pacientes de maior risco”, detalha.

Controle 

“Sabe-se, há muito tempo, que a pressão alta é um fator de risco para o declínio cognitivo, mas como ela prejudica o cérebro não estava claro. Esse estudo mostra que regiões específicas do cérebro correm um risco particularmente alto de danos pela pressão arterial, o que pode ajudar a identificar pessoas em risco de declínio cognitivo nos estágios iniciais e, potencialmente, direcionar terapias de maneira mais eficaz no futuro”, comentou, em nota, a coautora do estudo Joanna Wardlaw, chefe de ciências de neuroimagem da Universidade de Edimburgo. “Estudar os genes e as proteínas nessas estruturas cerebrais pode nos ajudar a entender como causam problemas cognitivos. Além disso, observando essas regiões específicas, podemos prever quem desenvolverá perda de memória e demência mais rapidamente no contexto da hipertensão”, concorda Guzik.

Deborah Levine, que pesquisa prevenção de derrame e disfunção cognitiva associada a fatores de risco vasculares na Faculdade de Medicina Monte Sinai, nos Estados Unidos, destaca que resultados como esse demonstram a importância de se fazer o controle dos fatores de risco da hipertensão. “Controlar a pressão arterial é uma das maneiras mais eficazes de reduzir o risco de derrame e demência. Em uma época em que existem muitos medicamentos, especialistas e médicos que podem tratar a pressão alta em níveis ideais, não há realmente nenhuma razão para alguém ter a pressão descontrolada”, acredita a médica, que não participou do estudo.

Celular é o novo cigarro: como o cérebro reage às notificações de apps e por que elas viciam tanto

Conferir notificações, curtidas e o feed de redes sociais já são hábitos comuns para quem tem um smartphone na mão. O simples som de uma notificação pode trazer uma sensação boa, mas, ao mesmo tempo, afetar o controle dos nossos impulsos. E, assim como o cigarro ou outros vícios, o uso constante do celular também pode se tornar uma dependência.

Tudo isso é um processo químico, que ocorre dentro do nosso cérebro através da dopamina. Estimulado por comentários e curtidas, o neurotransmissor é liberado, provocando prazer satisfação.

⚠️Alerta: Só que a dopamina vicia. Checar o celular o tempo todo, clicar em notificações, ficar rolando infinitamente as timelines sem buscar algo determinado, pode gerar um looping altamente perigoso para a saúde.

“Quanto mais a pessoa entra em contato com esses estímulos que causam recompensas rápidas e imediatas, maior a tendência de aumentar o comportamento. E aí ela começa a sentir falta quando não está perto do celular”, resume a médica psiquiatra Julia Khoury, mestre e doutora em Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Nesta reportagem, você vai saber mais sobre:

🧠 Como o cérebro reage às notificações
📲 Como a dependência digital afeta a saúde
🧘 O que fazer para se desligar totalmente (ou um pouco, pelo menos)

1 – As notificações dentro do cérebro

Julia Khoury, que fez mestrado e doutorado em dependência digital, afirma que o mundo digital é uma fonte inesgotável de estímulos rápidos, capaz de nos dar pequenas doses de alívio frente à vida real.
“As pessoas vão em busca desses estímulos rápidos que geram prazer para se livrar de sentimentos ruins ou para ter pequenos prazeres ao longo do dia”, diz a médica psiquiatra.

Você pode não perceber, mas, ao receber uma mensagem do “crush” ou um elogio inesperado em uma foto postada, um neurotransmissor começa a correr dentro do cérebro: é a dopamina;
A dopamina, então, se desloca até a parte central do cérebro e, ao ser liberada ali, causa imediatamente sensações como prazer e satisfação na pessoa;
Mas ela também vai até a parte da frente do cérebro. Liberada, inibe as funções dessa região, chamada de córtex pré-frontal e responsável pelo controle dos impulsos, moderação do comportamento e tomada de decisões;
Com isso, pode causar impulsividade e afetar o controle do uso – nesse caso, uso do celular.
processo é o mesmo em outros tipos de vícios, como em jogos ou drogas.

“O vício em smartphones é causado por causa desse tipo de recompensa rápida”, afirma a psiquiatra. “Como temos estímulos rápidos no celular, o cérebro não treina mais para se concentrar por um tempo maior. E isso diminui a capacidade de concentração”, diz Julia.

Como o cérebro reage ao contato com o celular — Foto: Wagner Magalhães/Arte g1

2 – Quando a dependência digital acontece

O smartphone é uma máquina caça-níquel, afirma o psicólogo Cristiano Nabuco. “Na máquina, quando você coloca as fichas, ela te dá pontuação farta no começo. A partir do momento que você começa a ficar mais tempo jogando, você começa a perder”, compara.

“Seu cérebro também pode criar uma tolerância, e um ciclo vicioso começa a ser instalado. As notificações têm como objetivo ‘adestrar’ o usuário de uma maneira que ele possa, no fundo, no fundo, ficar cada vez mais conectado”, explica o psicólogo.

Um exemplo é a rolagem infinita: o hábito de pegar o celular (sem receber nenhuma notificação), abrir um aplicativo e ficar passando pelo feed com o polegar, de baixo para cima – principalmente em momentos de ócio e procrastinação.
“Eu vou te oferecendo, oferecendo, oferecendo, criando um efeito looping onde, em um determinado momento, você não tem mais a noção do tempo que gastou. O indivíduo entra em uma condição de êxtase, procurando de maneira compulsiva, sem racionalizar”, afirma Nabuco.
“Isso criou um tipo de estimulação contínua, em que a saúde mental das pessoas não está sendo observada”, diz o psicólogo.
Mas como saber se sou dependente digital? De acordo com a psiquiatra Julia Khoury, um dos principais sinais de quem abusa da tecnologia ou é viciado nela é a síndrome de FOMO.
A palavra é uma sigla em inglês de “fear of missing out”, que, traduzida para o português, seria algo como “medo de ficar de fora”.

” O tempo todo que a pessoa recebe notificação é um convite para um ritual de checagem regular, porque ela fica olhando para a tela, principalmente quando recebe uma notificação, por medo de perder coisas importantes, informações que ela considera importantes.
— Julia Khoury, psiquiatra

A consequência é o desenvolvimento de sintomas de ansiedade e problemas de atenção, o que pode evoluir para quadros mais graves, como a Síndrome de Burnout, causada pelo esgotamento mental, ou o Transtorno de Déficit de Atenção (TDA).
“A pessoa se sente o tempo todo com excesso de estímulo, não consegue descansar”, explica a psiquiatra. “A gente tem visto uma prevalência cada vez maior de pessoas com dificuldade de concentração”, afirma também.

“O que a gente tem visto é uma epidemia silenciosa, onde a busca por essa dopamina se tornou quase que uma doença mundial, em que, quanto mais eu uso as telas, mais um determinado tipo de operação é recrutada no meu cérebro”, diz Nabuco.

3 – O que fazer para se “desligar” (totalmente ou não)

Para quem quer tentar sair um pouco da frente das telas, principalmente nos momentos de lazer, ou até mesmo fugir da dependência digital, os especialistas dão algumas dicas:

Buscar o equilíbrio: quem precisa ficar de olho no celular por conta da profissão, por exemplo, deve ficar atento não apenas na quantidade do uso, mas também na sua relação com o aparelho;
De acordo com a psiquiatra Julia Khoury, pessoas que estão em momentos de lazer, longe do trabalho, e não conseguem se desligar, possuem um risco maior à dependência do que quem usa por uma grande quantidade de tempo, mas apenas quando está trabalhando;
Estabelecer limites entre o trabalho e a vida pessoal: uma das alternativas é concentrar a troca de mensagens do trabalho em um celular diferente do usado para fins pessoais;
Zonas livres de tecnologia ou desafios de detox digital: com família ou amigos, estabelecer ambientes ou períodos onde o celular não pode ser usado, como em uma viagem, por exemplo;
A vida offline também é boa: atividades ao ar livre, prática de exercícios físicos e de esportes, ou reunir os amigos no mundo real, longe do celular, também são aliadas.

“Um chefe ou um cliente te mandam uma mensagem e você está em descanso. Aí ele escreve: ‘Não precisa olhar agora, é para quando você voltar’. Isso já tirou a sua mente do descanso e já te levou para o trabalho, porque você parou de descansar para se lembrar de um problema que, por mais que você não resolva na hora, você fica pensando”, afirma Julia.

Não há problema em usar as telas: mas deve-se ficar atento para que o acesso não seja simultâneo a outras plataformas. Isso acontece, por exemplo, quando você está focado em uma tarefa e para tudo para conferir uma mensagem recebida em aplicativos.

Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, o melhor é não ser interrompido. “Você demora 23 minutos para retomar o mesmo nível de concentração anterior ao recebimento da mensagem”.

Desligar as notificações: nos momentos de lazer, ameniza os efeitos do uso do celular;
Curtir o ócio: é importante aproveitar os momentos à toa, sem os apitos das notificações. Segundo os especialistas, a pausa – real e digital – é importante para descansar a mente, estimular a criatividade e o desenvolvimento do cérebro.

“A gente precisa de tempo ocioso. Olhar para a janela durante uma viagem e não para a tela de um tablet”, diz o psicólogo.

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Fonte: G1


Alimentos ricos em açúcar e gordura ‘viciam’ o cérebro, revela novo estudo

Um doce em vez de fruta. Um lanche fast food no lugar de uma refeição balanceada. Por que temos tanta dificuldade em fazer boas escolhas alimentares? A resposta está em como o cérebro reage ao ingerirmos certos tipos de comida: uma dieta rica em açúcar e gordura gera um tipo de “vício” que faz nosso corpo sempre preferir alimentos com este mesmo padrão. É o que revela um estudo feito por pesquisadores do Max Planck Institute for Metabolism Research, na Alemanha, e da Universidade Yale, nos Estados Unidos. O trabalho foi publicado na revista científica Cell Metabolism.

“Nossa tendência de comer alimentos com alto teor de gordura e açúcar, a chamada dieta ocidental, pode ser inata ou se desenvolver como resultado do excesso de peso. Mas pensamos que o cérebro aprende essa preferência”, explicou Sharmili Edwin Thanarajah, uma das principais autoras do estudo e pesquisadora do Max Planck Institute for Metabolism Research, em comunicado.

Para testar essa hipótese, os pesquisadores deram a um grupo de voluntários, todos os dias por oito semanas, um pequeno pudim contendo muita gordura e açúcar, além de sua dieta normal. O outro grupo recebeu um pudim que continha o mesmo número de calorias, mas menos gordura. A atividade cerebral dos 49 voluntários que participou do experimento foi medida antes e durante e depois das oito semanas.

A resposta do cérebro a alimentos com alto teor de gordura e alto teor de açúcar aumentou muito no grupo que comeu o pudim com alto teor de açúcar e de gordura após oito semanas. Isso ativou particularmente o sistema dopaminérgico, a região do cérebro responsável pela motivação e recompensa.

“Nossas medições da atividade cerebral mostraram que o cérebro se reprograma por meio do consumo de salgadinhos. Ele aprende a preferir alimentos gratificantes. Por meio dessas mudanças no cérebro, inconscientemente sempre iremos preferir os alimentos que contêm muita gordura e açúcar”, disse Marc Tittgemeyer, outro pesquisador que liderou o estudo, em comunicado.

Durante o período do estudo, as pessoas do teste não ganharam mais peso do que as pessoas do grupo de controle e seus valores sanguíneos, como açúcar no sangue ou colesterol, também não mudaram. No entanto, os pesquisadores assumem que a preferência por alimentos açucarados continuará após o final do estudo.

“Novas conexões são feitas no cérebro e não se dissolvem tão rapidamente. Afinal, o objetivo do aprendizado é que, uma vez que você aprende algo, não o esqueça tão rapidamente”, pontua Tittgemeyer.

Sistema de recompensa

O sistema de recompensa é uma rede neural complexa que inclui várias áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal, o núcleo accumbens e o córtex cingulado anterior. É responsável por regular comportamentos relacionados à busca de recompensas, como prazer, motivação e aprendizado. Quando o sistema de recompensa é ativado, ocorre a liberação de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à motivação.

O consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura é conhecido por estimular a liberação de dopamina no sistema de recompensa. Essa resposta é uma parte importante do nosso sistema de sobrevivência, uma vez que alimentos altamente calóricos eram escassos em ambientes ancestrais e, portanto, valiosos. No entanto, o consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar e gordura pode levar a disfunções nesse sistema, o que pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos alimentares, como a compulsão alimentar.

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Fonte: Jornal O Globo



Fonte: O Globo

Imagens do cérebro ficam 64 milhões de vezes mais nítidas; veja vídeo

Pesquisadores esperam que nova tecnologia ajude a desvendar mudanças na conectividade do órgão durante o envelhecimento e em doenças como o Alzheimer

Após um esforço de quase quatro décadas, cientistas do Centro para Microscopia In Vivo da Universidade Duke, nos Estados Unidos, divulgaram as imagens mais nítidas já realizadas de um cérebro, com uma resolução até 64 milhões de vezes melhor do que as técnicas de ressonância magnética cerebral utilizadas hoje na prática clínica.

O feito foi atingido cerca de 50 anos depois que a primeira imagem por ressonância magnética foi gerada, técnica que permite visualizar tecidos que são difíceis de analisar apenas com raios-X. A nova tecnologia, porém, amplia essa capacidade, com um voxel – menor unidade em espessura na imagem tomográfica – medindo apenas 5 mícrons, o que é dezenas de milhões de vezes menor que os exames atuais.

No novo estudo, publicado ontem na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores focaram em cérebros de camundongos, porém destacam que a nova maneira de visualizar as conectividades no órgão do animal levará a melhores entendimentos sobre mudanças cerebrais também em humanos, como as que ocorrem com o envelhecimento, com alterações na alimentação e com doenças neurológicas, como o Alzheimer.

“É algo verdadeiramente capacitador. Podemos começar a olhar para as doenças neurodegenerativas de uma maneira totalmente diferente”, afirma G. Allan Johnson, principal autor do estudo e professor de radiologia, física e engenharia biomédica da Duke, em comunicado.

O trabalho contou ainda com cientistas de outras instituições renomadas dos Estados Unidos, como o Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Tennessee, a Universidade da Pensilvânia, a Universidade de Pittsburgh e a Universidade de Indiana.

Durante as quatro décadas em que trabalharam na técnica que amplia a nitidez das imagens, os pesquisadores incorporaram diferentes tecnologias para atingir o resultado. Algumas das principais que permitiram o feito foram um ímã mais potente. Enquanto a maioria das ressonâncias magnéticas clínicas depende de um ímã de 1,5 a 3 tesla (unidade usada para densidade de fluxo magnético), os cientistas utilizaram um aparelho de 9,4 tesla.

Além disso, a nova técnica contou com um conjunto especial de bobinas de gradiente (componentes eletromagnéticos) que são 100 vezes mais fortes do que as de um exame clínico, além de um computador de alto desempenho equivalente a quase 800 laptops para gerar a imagem de apenas um cérebro.

Investigação de doenças

Os pesquisadores utilizam ainda uma técnica diferente chamada microscopia de folha de luz, que permite rotular grupos específicos de células no cérebro, como células emissoras de dopamina, para observar a progressão da doença de Parkinson, por exemplo.

Com isso, conseguem uma visão melhor das células cerebrais, “muito mais precisa anatomicamente e (que) fornece uma visão vívida das células e circuitos em todo o cérebro”, diz a equipe em comunicado. Assim, eles afirmam ser possível analisar em detalhes partes do cérebro de “maneiras nunca antes possíveis”.

Eles coletaram no experimento um conjunto de imagens que mostra como essa conectividade se altera à medida que os camundongos envelheceram, assim como regiões específicas como a ligada à memória, que passou por mais mudanças no período. Em outro animal, com uma simulação da doença de Alzheimer, eles observaram como se comportaram as redes neurais com o avanço do diagnóstico.

“Pesquisas apoiadas pelo Instituto Nacional do Envelhecimento descobriram que intervenções dietéticas e medicamentosas modestas podem levar os animais a viver 25% mais”, disse Johnson. “Então, a questão é: o cérebro deles ainda está intacto durante essa vida útil prolongada? Eles ainda poderiam fazer palavras cruzadas? Eles serão capazes de fazer Sudoku mesmo vivendo 25% mais? E nós temos a capacidade agora de olhar para isso. E ao fazermos isso, podemos traduzir isso diretamente na condição humana”.


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Fonte: Jornal O Globo

Cientistas descobrem áreas do cérebro que só se ativam pelo vício

Um grupo de cientistas do laboratório Cold Spring Harbor, nos Estados Unidos, publicou, nessa quarta (5/4), um artigo na revista Nature no qual afirma ter encontrado áreas do cérebro que se ativam só com os prazeres do vício. Os pesquisadores identificaram e mapearam as amígdalas cerebrais, regiões relacionadas ao prazer e às emoções.

Usando ratos viciados em açúcar, eles descobriram que as zonas são especialmente estimuladas quando há a expectativa de consumir a substância.

A pesquisa é importante para planejar o atendimento médico de pessoas viciadas em drogas, segundo os autores do estudo. Os resultados encontrados por eles mostram que, ao neutralizar a zona do cérebro específica do prazer, os efeitos da abstinência e do desejo de voltar a consumir as substâncias desapareciam.

A investigação dos neurologistas foi feita medindo a atividade cerebral dos roedores. Os médicos deram grandes quantidades de açúcar aos animais sempre que tocava uma música específica. Com o tempo, só a melodia já era suficiente para ativar as sensações de desejo e prazer semelhantes ao uso da droga.

Os cientistas fizeram ressonâncias nos ratinhos, e descobriram as zonas específicas do cérebro energizadas pela expectativa de receber o prazer do açúcar. Antes desse estudo, os pesquisadores achavam que as amígdalas cerebrais se ativavam igualmente em emoções boas ou ruins, mas, com o mapeamento feito nos ratos, descobriram que há zonas específicas para cada sentimento.

Chance de tratamento ao vício

Quando os neurologistas conseguiram desabilitar a comunicação de prazer entre essas zonas do cérebro e a memória anterior, eles perceberam que os ratos deixavam de ter uma relação de euforia com o açúcar.

Na prática, o estudo apontou que reduzindo a atividade das amídalas cerebrais, o desejo de consumir açúcar nos ratos viciados diminuía significativamente.

“Sem a ativação destes neurônios, não há a liberação de dopamina e de felicidade que vemos regularmente”, afirmou Bo Li, médico que chefiou o estudo. “Isso pode nos ajudar a repensar o tratamento de viciados em opioides, álcool ou, até mesmo, de pessoas que sofrem com ansiedade”, defende o neurologista, em entrevista para o site do laboratório.

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Fonte: Metrópolis