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Posit Science reafirma compromisso com as bases científicas dos neurogames

Carta do CEO da Posit Science:

Há pouquíssimos programas de treinamento para o cérebro disponíveis no mercado e, às vezes, é preciso um especialista para descobrir quais deles realmente funcionam. Infelizmente, a maioria desses programas têm pouca ou nenhuma ciência que possa comprovar as suas promessas de melhorar as funções cerebrais. O programa BrainHQ™ é diferente: profissionais com um profundo conhecimento em neurociências projetaram os nossos exercícios e há uma grande quantidade de pesquisas que mostram que eles funcionam.
 

Eu estou falando desse assunto por conta de uma notícia publicada recentemente no grande periódico americano Washington Post: a Comissão de Comércio Federal (CCF) multou o Lumos Labs (fabricante do Lumosity, um programa de treinamento para o cérebro) em 50 milhões de dólares (equivalente a aproximadamente R$203 milhões de reais) devido à publicidade com reivindicações enganosas. Como foi colocado por eles: “O Lumosity simplesmente não tem a ciência que comprove as suas propagandas.” Você pode saber mais aqui.
 

É bom que a CCF está lembrando a todos que as “regras de mercado” também se aplicam ao campo da saúde mental e treinamento para o cérebro: as empresas têm que ser capazes de respaldar o que elas dizem com provas científicas.
 

Nós temos seguido essas regras desde o início, pois sempre acreditei que a boa ciência importa mais que a publicidade. Como resultado, o BrainHQ é único entre os programas de treinamento para o cérebro. Ele oferece exercícios e avaliações que foram repetidamente testados e que demonstraram ser benéficos em dezenas de estudos rigorosos com revisão por pares independentes. Na verdade, o BrainHQ contém os únicos exercícios que tem benefícios que são capazes de serem generalizados para melhorar os resultados das medidas padrão de cognição (tais como a memória e a velocidade de processamento), assim como também as medidas de atividades do mundo real e a qualidade de vida (tais como a condução segura, a capacidade de ouvir em lugares barulhentos, melhor humor).
 

Você pode ler tudo sobre estas pesquisas nas seções de ciências dos nossos sites (aqui publicamos um resumo). Nós apoiamos cada estudo, assim como também os cientistas acadêmicos independentes que conduzem os mesmos e que são nossos parceiros ao redor do mundo.
 

Portanto, a sua decisão de escolher o programa BrainHQ foi a correta. Nós agradecemos a sua confiança e nos comprometemos a continuar trabalhando para merecer essa confiança, avançando na ciência da saúde mental todos os dias.
 

Atenciosamente,

Henry Mahncke
CEO Posit Science

Analgesia: uma vida sem dor

post 35 (analgesia)
 
A capacidade de sentir dor é extremamente importante, pois sem ela não saberíamos quando estímulos externos estão nos prejudicando ou quando há alguma coisa errada no nosso corpo. Por esta razão, as pessoas nascidas com analgesia – uma condição que impede a sensação de dor – enfrentam perigos consideráveis ​​em suas vidas, uma vez que elas estão propensas a se colocar em risco físico involuntariamente. No entanto, uma equipe de pesquisadores da University College de Londres pode ter encontrado uma solução para o problema. Uma droga, normalmente usada para reverter overdoses de opiáceos, permitiu que uma mulher de 39 anos de idade pudesse sentir dor pela primeira vez, de acordo com o artigo publicado na revista Nature.

 

A analgesia é causada por uma mutação de um gene chamado SCN9A, que codifica os canais – especificamente Nav1.7 – que facilitam o transporte de sódio através de nervos sensoriais, permitindo a transmissão de sinais de dor para o cérebro. Sem esses canais, esses sinais não podem ser transmitidos, impossibilitando a sensação de dor. Curiosamente, uma vez que os canais Nav1.7 também são encontrados em neurônios olfativos, sua ausência às vezes pode resultar em uma incapacidade de sentir cheiros – uma condição conhecida como anosmia.

 

Através da engenharia genética de ratos, visando a inibição da expressão do SCN9A, os pesquisadores observaram que além de conseguirem evitar a formação de canais de Nav1.7, eles também estimularam um aumento de peptídeos opióides endógenos, que são sequências curtas de aminoácidos produzidas naturalmente no interior do corpo e que ligam-se aos receptores de opióides no cérebro, a fim de embotar os sentimentos de dor – bem como os fármacos opióides, tais como a heroína. Desta maneira, a hipótese é de que a insensibilidade crónica à dor pode ser causada parcialmente por um aumento em peptídeos opióides e parcialmente pela ausência de canais de Nav1.7.

 

dor de cabeça

 

Os neurocientistas decidiram então administrar uma droga chamada naloxona, a qual se liga aos receptores de opióides no cérebro de modo a bloqueá-los, impedindo assim que os péptidos opióides produzam um efeito analgésico. Devido a este mecanismo de ação, a naloxona é tradicionalmente utilizada como um meio de reverter os efeitos de overdose de drogas opiáceas.

 

Depois da administração da naloxona, os investigadores testaram as respostas à dor dos ratos através da aplicação de calor e pressão para as patas, a fim de ver se isso iria fazê-los retirar os seus membros. O que eles descobriram foi “uma dramática reversão da analgesia e recuperação dos limiares de dor térmica e mecânica”, devido ao uso de naloxona.

 

Levando a experiência um passo adiante, eles recrutaram uma paciente que sofre de analgesia para participar de uma repetição do experimento. Depois de verificar que a participante era “completamente inconsciente” do calor que estava sendo aplicado à sua pele em condições normais, eles administraram a naloxona. O resultado foi bem-sucedido: a mulher foi capaz de detectar o estímulo em 80% das vezes.

 

Dor_Cronica (juntas)

 

O neurocientista John Wood, que é co-autor desse estudo, afirma que a pesquisa também pode ajudar os a desenvolver novas terapias para aliviar a dor de quem sofre de doenças como a artrite. Curioso, segundo ele, é que a mulher que participou do experimento “gostou muito” da experiência de sentir dor pela primeira vez.

9 Sinais de que você é mais inteligente que a média da população

einstein PB

 

O que torna alguém inteligente? O que pessoas inteligentes têm em comum?

 

Cientistas vêm investigando essa questão há décadas e as pesquisas sugerem que, desde o leite materno até o tamanho da sua cintura, pode ter influência na sua inteligência.

 

1 – Você não fuma
Um estudo israelense comparou o QI e o status de fumante e não fumante de 20 mil jovens do sexo masculino entre 18 e 21 anos. Os resultados foram os seguintes: Fumantes tinham o QI médio de 94 enquanto que os Não-Fumantes tinham um QI de 101. Os Fumantes que consumiam mais que um maço por dia, tinham um QI médio de 90. Nos testes com irmãos gêmeos, aqueles que não fumavam eram mais inteligentes. Confira aqui o estudo na íntegra.

 

2 – Você já estudou música
Um estudo de 2011 revela que a inteligência verbal de crianças entre 4 e 6 anos de idade aumentou após um mês de aulas de música.

 

Outro estudo de 2004 revelou que crianças de 6 anos de idade que estudaram piano por 9 meses tiveram seu QI aumentado comparado com crianças da mesma idade que fizeram aulas de teatro ou que não fizeram nenhuma aula em específico.
Contudo, talvez esses pesquisadores podem ter entendido essa questão ao contrário, conforme sugere um estudo mais recente (2013), que revelou que crianças mais bem-sucedidas tendem a querer estudar música.

 

3 – Você é o(a) filho(a) mais velho(a)
Os filhos mais velhos tendem a ser mais inteligentes e isso não é por causa da genética. Estudo publicado em 2007 mostra que os filhos mais velhos possuem QI um pouco mais elevado – em média 3 pontos mais elevado que seu irmão mais novo. Esse fato não está relacionado a fatores biológicos, mas sim às relações psicológicas entre pais e filhos. Por essas razões, os primogênitos tendem a ser mais inteligentes que seus irmãos.

 

4 – Você é magro(a)
Em estudo de pesquisadores franceses – publicado em 2006 – os cientistas aplicaram testes de inteligência para 2.200 adultos num período de 5 anos. O estudo sugeriu que quanto maior fosse a cintura dos participantes, menor eram suas habilidades cognitivas. Os pesquisadores relatam que pessoas com um Índice de Massa Corporal (IMC) de 20 ou menos eram capazes de se lembrar de 56% das palavras num teste de vocabulário, enquanto que aqueles que eram obesos, com IMC maior ou igual 30, conseguiam se lembrar apenas de 44%. Os participantes mais obesos também demonstraram um declínio cognitivo maior quando foram testados novamente 5 anos depois do primeiro teste. Sua taxa de acertos caiu para 37,5% enquanto que os participantes saudáveis mantiveram seus resultados. Um corpo saudável está mais relacionado com uma mente também saudável.

 

5 – Você tem um gato
Um estudo de 2014 descobriu que pessoas que se preferiam cachorros como animais de estimação eram mais extrovertidas que pessoas que preferiam gatos. Mas advinha o que eles descobriram: Pessoas que preferiam gatos tiveram um melhor desempenho nos testes de inteligência.

 

6 – Você foi amamentado(a)
Em estudo de pesquisadores da Duke University, envolvendo mais de 3.000 participantes na Grã-Bretanha e na Nova Zelândia, o aleitamento materno foi relacionado com o aumento da inteligência numa média de quase sete pontos de QI quando as crianças tinham uma versão específica de um gene chamado FADS2. Este gene está envolvido no controle das vias de ácidos graxos, “podendo ajudar as crianças a utilizarem melhor o leite materno e promover o desenvolvimento do cérebro, que é associado a um QI mais elevado”.

Descobrir o mecanismo exato desta relação entre FADS2, aleitamento materno e QI exigirá um estudo mais aprofundado, conforme os cientistas observaram em novo estudo de 2007.

 

7 – Você já usou drogas recreativas
Estudo de 2012 que analisou mais de 6 mil britânicos nascidos nos anos 50 descobriu um link entre um QI mais elevado na infância e o uso de drogas ilícitas na vida adulta. “No nosso estudo baseado numa grande população, o QI aos 11 anos de idade estava associado com uma probabilidade de uso de algumas drogas ilícitas específicas 30 anos depois”, afirmam os pesquisadores.

 

8 – Você é canhoto (a)
Enquanto o fato de ser canhoto costumava ser associado com criminalidade, estudos mais recentes associam esse traço com “pensamento divergente”, uma forma de criatividade em que a pessoa é capaz de ter ideias criativas ou não tão óbvias a partir de um estímulo. Em artigo de revisão de 1995, a repórter Maria Konnikova do New Yorker escreve que “quanto mais marcante era o traço de canhoto em participantes do sexo masculino, melhores eram seus resultados em testes que avaliam o pensamento divergente. Os canhotos eram mais hábeis na combinação de dois objetos comuns em novas formas para formar um terceiro – como por exemplo, usando um poste e uma lata para fazer uma casa de passarinho. Eles também se destacaram no agrupamento de listas de palavras em maiores números de categorias alternativas possíveis.” Talvez por isso que os canhotos estão tão bem representados na arquitetura e na música.

 

9 – Você é alto(a)
Assim como ser canhoto, o fato de ser alto já foi fortemente debatido como um traço em indivíduos mais inteligentes. Há estudos que suportam essa especulação. Estudo realizado pela Universidade de Princeton por exemplo indica que “aos 3 anos – antes do período escolar – e por toda a infância, crianças mais altas obtinham performances muito melhores em testes cognitivos”

A mais complexa máquina do universo? O que torna nossos cérebros únicos?

dna brain 1

 

Nossos cérebros são uma das maiores conquistas da evolução natural, com suas muitas regiões, configurações únicas de células e padrões de conectividade que, associados, conferem-nos incríveis capacidades mentais e habilidades cognitivas.

 

Mas o que os genes humanos possuem que tornam este órgão tão distinto em relação aos outros?

 

Pesquisa publicada recentemente por neurocientistas do Instituto Allen (Seattle-EUA), oferece agora novos indicadores, ao descobrir que um pequeno número de padrões de expressão gênica – primeiro estágio de um processo que decodifica a informação contida no DNA de uma célula – parece predominar no cérebro. E que esses padrões parecem ser comuns ou são conservados entre os seres humanos.

 

“Diversas pesquisas focam nas variações entre indivíduos, mas nós invertemos essa pergunta para saber o seguinte: o que nos torna semelhantes?”, explicou o pesquisador-chefe do instituto, Ed Lein. “Qual é o elemento conservado entre todos nós que dá origem às nossas habilidades cognitivas e traços humanos originais?”, completou.

 

O raciocínio por trás dessa abordagem é que, se há algum padrão principal da expressão gênica em todos os seres humanos, um que pareça ser verdadeiro para várias regiões do cérebro, então talvez esta rede “padrão” de genes poderia nos ajudar a entender como a estrutura e a função do cérebro são tão conservadas. Com isso, os cientistas poderiam analisar desvios que poderiam ajudar a explicar vários problemas de saúde mental ou doenças que afetam o cérebro, como a esquizofrenia ou a epilepsia.

 

Dna Brain

 

 

Se um gene é expresso, basicamente isso significa que ele está “ligado”, sendo ativamente transformado em uma proteína pela maquinaria da célula. Para buscar a existência de padrões de expressão no cérebro, os pesquisadores fizeram uso de um banco de dados de acesso livre chamado de Allen Human Brain Atlas. Vasculhando os genes de diversos cérebros, a equipe visou identificar aqueles com padrões de expressão consistente em diferentes estruturas, 132 das quais foram analisadas. Em seguida, eles olharam para as relações entre esses genes e também a respectiva função cerebral e ligação com doenças.

 

Descrevendo suas descobertas na revista Nature Neuroscience, apesar de haver cerca de 20 mil genes em nossos cromossomos, os padrões de atividade cerebral poderiam ser caracterizados por apenas 32 “assinaturas” de expressão. Essas “assinaturas” representam tipos de células diferentes, os componentes no interior das células e também as ligações com doenças, tanto as doenças do desenvolvimento neurológico (como o autismo) quanto as neurodegenerativas (como a doença de Alzheimer).

 

Os resultados dessa pesquisa – publicados no último dia 17 – além de ajudarem a desvendar os mecanismos genéticos subjacentes que tornam o nosso cérebro único, poderão ajudar a encontrar novos tratamentos para doenças que afetam este órgão.

Por que se consome álcool exageradamente?

Caneca de cerva espumada coracao

 

 

 

“Eu só vou beber uma cervejinha …”. Quantas vezes nos iludimos com essa frase? É bom ver que muitos de nós tem fé de que pode recorrer à força de vontade para recusar a oferta de mais uma bebida, mas na maioria das vezes devemos aceitar o fato de que raramente conseguiremos tomar apenas uma cerveja – ou qualquer que seja sua bebida favorita!

 

Mas o que impulsiona o comportamento de busca pelo álcool?

 

Os cientistas começam a desvendar lentamente essa história. Segundo novo estudo publicado no Journal of Neuroscience , o álcool altera tanto a estrutura quanto a função de um grupo específico de células numa região do cérebro que tem a função de controlar comportamentos guiados por objetivos. Em última análise, as alterações fizeram com que estas células se tornassem mais excitáveis, levando então ao envio de sinais que criam um desejo impulsivo de mais bebida.

 

A descoberta – feita por pesquisadores da Texas University – surge na sequência do trabalho anteriormente desenvolvido pelos mesmos cientistas, que descobriram que o álcool facilita um processo neuronal importante em células localizadas na área do cérebro chamada de estriado dorsomedial (EDM). Este processo, chamado de plasticidade sináptica, envolve alterações na resistência das conexões entre neurônios (sinapses) através das quais as informações fluem.

 
Tequila com limão
 

Para aprofundar um pouco mais, a equipe trabalhou com ratos geneticamente modificados para que a maioria das células que compõem o EDM – chamadas de neurônios espinhosos médios – aparecessem fluorescentes durante os testes. Esses neurônios, parecidos com finas aranhas, possuem muitas estruturas ramificadas e pequenas saliências chamadas de espinhas, que servem como ponto de entrada. Eles também são adornados com um dos dois tipos de receptores para a substância química cerebral do prazer – a dopamina, da qual já falamos aqui no Neuroblog, em diversos artigos anteriores –  e assim podem ser chamados como neurônios D1 ou D2. Os neurônios D1 estão envolvidos em uma via de “Go”, que incentiva a ação, enquanto os D2 fazem o contrário e conduzem o comportamento “No-Go”, ou seja, inibem a ação.

 

Enquanto já se sabe que dopamina está envolvida no “reforço de drogas”, proporcionando os efeitos de recompensa, o seu papel na dependência tem sido menos evidente. Dito isto, os resultados deste estudo, publicados no Journal of Neuroscience, parecem implicar o receptor D1 em vício. Ao expor repetidamente ratos ao álcool, seja por meio de administração sistêmica ou consumo direto, os pesquisadores descobriram que os neurônios D1 tornaram-se mais excitáveis, exigindo menos estímulo para disparar.

 

“Se esses neurônios são mais excitados, você vai querer beber álcool”, disse o principal autor, Jun Wang. “Você vai ter sempre um desejo muito mais forte.”

 

alcoholic drinks

 

Assim, quando os neurônios D1 são ativados, eles controlam os comportamentos “Go”, que neste caso é uma ação que vai aumentar a ingestão de álcool. Mas isso leva a um ciclo vicioso: mais bebida diminui ainda mais o limite de ativação, que por sua vez impulsiona o comportamento de beber mais.

 

Os pesquisadores acreditam que isso poderia estar relacionado às mudanças estruturais nos neurônios espinhosos que o álcool parece desencadear. Comparados com os controles, os ratos que “bebiam todas” tinham ramos mais longos e maduros, espinhas “em forma de cogumelo” em seus neurônios D1, que são importantes para a memória de longo prazo. É interessante notar, no entanto, que o número de espinhas não era diferente entre os dois grupos. Mas quando eles olharam para os neurônios D2, as mesmas diferenças na maturidade das espinhas não foram observadas.

 

Uma vez que tais alterações na morfologia das espinhas desempenham um papel importante na plasticidade sináptica e têm sido associadas com o processo de aprendizagem e de memória, os investigadores pensam que estas adaptações causadas pelo uso da bebida podem conduzir ao desenvolvimento do alcoolismo. Embora isso possa ser uma doença ainda pouco compreendida, estas descobertas podem abrir novos caminhos para a investigação de tratamentos potenciais. E isso pode não estar tão fora de alcance, porque a equipe descobriu que ao bloquear parcialmente o receptor D1 com uma droga, houve realmente uma supressão no consumo de álcool nos ratos, mas isso não ocorreu quando o D2 foi inibido.

 

“Meu objetivo final é entender como o cérebro do viciado funciona”, disse Wang, “e uma vez que consigamos entender isso, um dia, nós vamos ser capazes de suprimir o desejo por outra rodada de bebidas e interromper os ciclos de alcoolismo.”

 

Álcool e hormônio oxitocina agem de forma semelhante em nosso cérebro

alcoholic drinksEstudo publicado recentemente no Neuroscience and Biobehavioral Reviews revelou que o álcool e a oxitocina – também conhecida como o “hormônio do amor” – afetam o cérebro humano de forma incrivelmente semelhante.

 

A oxitocina está associada não só ao amor, mas ao carinho, sensações de libido e todas as coisas íntimas. Ela desempenha um papel enorme na ligação materna e também tem sido descrita como uma molécula-chave na nossa reação em relação a parceiros românticos. Quando temos um “surto” de oxitocina num momento íntimo, o hormônio suprime áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal e circuitos corticais límbicos – responsáveis por controlar o modo como percebemos os sentimentos de estresse, inibição e ansiedade.

 

Pareceu familiar? Foi esse pensamento que levou a Escola de Psicologia da Universidade de Birmingham (Inglaterra) a investigar as semelhanças entre a oxitocina e o álcool.

 

– Nós pensamos que era um campo de estudo que devia ser melhor explorado. Por isso, reunimos as pesquisas existentes sobre os efeitos de ambos, a oxitocina e o álcool, e ficamos impressionados com as semelhanças entre os dois compostos – contou o Dr. Ian Mitchell, um dos principais autores do estudo.

 

A pesquisa comparou a resposta neurológica à oxitocina ingerida por via nasal com o consumo “agudo” de álcool.

 

Tequila com limão

 

– Os compostos parecem ter alvos diferentes no cérebro, mas realizam ações similares na transmissão de GABA [um neurotransmissor inibitório] no córtex pré-frontal e nas estruturas límbicas. Estes circuitos neurais controlam o modo como percebemos o estresse ou a ansiedade, especialmente em situações sociais tais como entrevistas, ou talvez até mesmo para conseguir ter a coragem de convidar alguém para um encontro. A ingestão de compostos tais como a ocitocina e o álcool tornam essas situações menos assustadoras – revelou Ian Mitchell.

 

No entanto, se você já acordou em uma manhã de sábado com uma dor de cabeça cheia de memórias obscuras, embaraçosas, você sabe que o álcool não é uma droga milagrosa – e com a ocitocina isso não é diferente. A pesquisa descobriu que os efeitos negativos da oxitocina e do álcool também foram os mesmos. Ambos os compostos podem tornar as pessoas mais agressivas, mais arrogantes, mais invejosas e socialmente menos inclusivas para aqueles que estão fora de um grupo social. Ao prejudicar a nossa capacidade de perceber o medo e a ansiedade, a ocitocina e o álcool também podem nos colocar situações de risco de vida ou saúde.

 

Vamos “curar” agora essa história de ressaca, estimulando nossas capacidades de memória, rapidez de raciocínio, foco e atenção com exercícios cientificamente projetados? Inscreva-se em br.brainhq.com e pratique até 7 cursos e exercícios gratuitamente!

Inflamação no cérebro x Esquizofrenia

28 de Outubro, 2015 –

inflamação nos neurônios

 

A esquizofrenia é uma doença mental potencialmente debilitante que afeta cerca de um em cada cem indivíduos, segundo as estatísticas. A palavra “esquizofrenia” é na verdade um termo genérico para uma complexa gama de diferentes doenças neurológicas com uma série de sintomas, o que às vezes dificulta sua detecção nas primeiras fases da doença. Um novo estudo, publicado no American Journal of Psychiatry, revelou que um tipo de célula do sistema imunológico fica mais ativa nos cérebros de pessoas que têm risco de sofrer com a esquizofrenia. Isso poderia ajudar os médicos na detecção precoce da doença.

 

Neste estudo conduzido pelo Centro de Ciências Clínicas do Medical Research Council (MRC), no Imperial College de Londres, foram utilizados exames de imagem do cérebro para rastrear um tipo de célula chamada microglia, que responde a danos e infecção ao facilitar o processo de inflamação. Estas células também iniciam e podem controlar um processo neurológico chamado de “poda sináptica”, em que as ligações entre as células cerebrais são rearranjadas para melhorar as ligações eletroquímicas totais dentro do cérebro. Pense nisso como a poda de uma planta da casa: algumas conexões são removidas a fim de que outras possam se fortalecer.

 

A microglia já foi previamente ligada à doença de Alzheimer, depressão e esquizofrenia, com uma teoria que sugere que erros na forma como a poda sináptica é realizada acarreta em ligações desordenadas e fracas e, por conseguinte, estes tipos de distúrbios neurológicos.

 

O diagnóstico da esquizofrenia é difícil, tanto que existem duas categorias de sintomas. Alguns são “positivos” – os sintomas como alucinações e delírios que são encontrados somente com aqueles que sofrem de transtorno. Outros são “negativos” – sintomas que representam mudanças mais sutis no comportamento de uma pessoa, tais como a falta de capacidade de resposta emocional. Os sintomas negativos aparecem frequentemente muitos anos antes do aparecimento de quaisquer sintomas positivos, mas, em muitos casos, os sintomas negativos são indicativos de uma outra desordem mental.

 

Os pesquisadores utilizaram uma amostra de 56 pessoas que foram examinadas com tomografia por emissão de pósitrons (PET). Destes, 14 foram considerados como tendo um alto risco de ansiedade, apresentando uma gama de sintomas negativos e alguns sintomas positivos, tais como pensamentos delirantes. Outros 14 tinham sido diagnosticados com esquizofrenia, os quais foram mostrando fortes sintomas positivos. O resto eram indivíduos neurologicamente saudáveis e atuaram como o grupo de controle do estudo.

 

Os pesquisadores descobriram que quanto mais ativa era a microglia, mais graves eram os sintomas da esquizofrenia. Dr. Oliver Howes, chefe do grupo de imagem psiquiátrico no Clinical Sciences Centre do MRC, relata que “este é um estudo promissor, já que sugere que a inflamação pode levar à esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. Vamos agora testar se os tratamentos anti-inflamatórios podem ter como alvo essas células.”

 

Enquanto essas pesquisas avançam, a NeuroForma Tecnologias apóia outras para o tratamento desse transtorno mental que atinge milhões de pessoas em todo mundo. Confira através do vídeo/link www.youtube.com/watch?v=h_FEqYW5mZQ

O que o seu humor tem a ver com sua habilidade de ver cores?

18 de Outubro, 2015 –
 

Azul-amarelo

 

Partindo da premissa que as nossas emoções afetam o processamento de informações visuais, o pesquisador Christopher Thorstenson – da Universidade de Rochester – tem pesquisado como isso afeta nossa percepção de cor.

 

Num primeiro estudo, Thorstenson fez com que 127 alunos de graduação assistissem a trechos de vídeos aleatórios – variando do bastante cômico aos que induziam tristeza. Em seguida, pediu para eles classificarem 48 paletas levemente coradas em vermelho, amarelo, verde ou azul.

 

Os vídeos tristes não tiveram nenhum efeito sobre a percepção das cores dentro do espectro vermelho até o verde.  No entanto, os alunos que assistiram a esses vídeos apresentaram maior dificuldade de identificar as cores no eixo azul-amarelo do que aqueles que assistiram aos trechos de vídeos engraçados.

 

O pesquisador conduziu um segundo estudo, desta vez com 130 indivíduos, comparando vídeos tristes com vídeos neutros. Isso mostrou que a tristeza afetava de fato a percepção das cores. Esse estudo reforçou a tese do primeiro estudo. Os resultados de ambos foram publicados na revista Psychological Science.

 

Através dessas pesquisas, Thorstenson descobriu que a percepção da cor azul é dependente de dopamina, o neurotransmissor conhecido por sua importância em nossos sistemas de recompensa. O sistema nervoso usa a dopamina em uma ampla variedade de papéis, o que justifica que sua escassez induzida pela doença de Parkinson gere efeitos tão difundidos.

 

“Nós não tínhamos previsto esse achado específico, embora isso possa dar novas pistas para efeitos e funcionalidades do neurotransmissor”, afirma o pesquisador.

 

A relação com a dopamina poderia explicar outras circunstâncias nas quais a percepção de azul-amarelo é afetada, incluindo TDAH e a depressão. Mais interessante ainda é notar que palavras para o “azul” são relativamente novas em línguas humanas em comparação com outras cores, sendo um indício de que anteriormente as pessoas não percebiam o que hoje nós vemos como azul. Se isso está ligado com essas descobertas ou não, o assunto fornece mais questões intrigante para futuras pesquisas.

Sinestesia traduzida em cores?

05 de Outubro, 2015 –

Artista portadora de rara patologia neurológica “pinta” músicas famosas

Do grego (synaisthesis), onde syn significa “união” e esthesia significa “sensação”), a sinestesia é velha conhecida no mundo das artes e cultura principalmente como figura de linguagem, descrita e largamente utilizada por pensadores e poetas, em especial os simbolistas.
 

Mas você sabia que no mundo das neurociências existe uma patologia de mesmo nome, em que as conexões neurais do indivíduo resultariam na produção de duas sensações de natureza diferentes, através de um único estímulo?

 

O termo neurocientífico descreve a experiência de indivíduos nos quais sensações correspondentes a um certo sentido são associadas a outro sentido. Ou seja, as pessoas portadoras de sinestesia seriam capazes de “ver” sons ou “sentir o gosto” das cores.

 

A artista americana Melissa McCracken conta que, ao ouvir música, sempre percebeu os sons em forma de cores e imagens. Recentemente, ela decidiu registrar suas experiências, transformando em pintura grandes nomes da música como John Lennon, Jimi Hendrix, Led Zeppelin.

 

O Neuroblog elencou algumas dessas pinturas “sinestésicas” com os respectivos links para os clipes audiovisuais nas redes sociais. Confira abaixo!

 

Jimi Hendrix – Little Wing

Jimi Hendrix – Little Wing

 

John Lenon – Imagine

John Lennon - Imagine

 

Led Zeppelin – Since I’ve Been Loving You

Led Zeppelin – Since I've Been Loving You

 

John Mayer – Gravity

John Mayer – Gravity

 

Smashing Pumpkins – Tonight, Tonight

Tonight, Tonight - Smashing Pumpkins

Vidas sem imagens mentais? Confira novo estudo sobre Afantasia

21 de Setembro, 2015 –

 

Imagine viver sem ter a capacidade de lembrar-se do rosto de um ente querido, daquele pôr do sol ou daquela praia paradisíaca?

 

– Quando eu era pequeno eu me lembro do fato de não conseguir entender o que significava ‘contar carneirinhos’ quando eu não conseguia dormir. Considerava que as pessoas falavam isso num sentido bastante figurado, não conseguia imaginar. Fiquei anos pesquisando sobre o assunto na internet e não encontrava nada. Estou feliz que agora que isso está sendo melhor pesquisado e definido – relata Niel Kenmuir, morador de Lancaster na Inglaterra.

 

Em novo artigo publicado sobre o assunto na Revista Cortex, o médico PhD Adam Zeman – estudioso da área de neurologia cognitivo comportamental e professor da Universidade de Exeter – descreveu a experiência de mais 20 pessoas portadoras de afantasia congênere (de nascença).  Apesar de já haver relatos médicos desde o século XIX, muitas vezes o fenômeno estava relacionado a casos de dano cerebral. 

 

Uma dessas pessoas, Tom Ebeyer, de Ontário, no Canadá, não percebia o distúrbio até seus 21 anos de idade. Todos os seus sentidos são impactados e ele não consegue se lembrar de músicas, texturas e até mesmo cheiros. “Isso teve um impacto emocional sério”, ele explicou. “Comecei a me sentir isolado, incapaz de fazer coisas importantes para a experiência humana, como a habilidade de lembrar, por exemplo, o cheiro de flores ou o som da voz de algum ente querido. Antes que eu tivesse descoberto que era humanamente possível se lembrar dessas coisas, eu nem sabia o que eu estava perdendo.”

 

A capacidade de visualização é conhecida como um resultado de uma rede de regiões encontradas por todo o cérebro que, integradas, têm como objetivo gerar imagens baseadas em memórias. O melhor palpite até agora é que aqueles que sofrem de afantasia, de alguma forma, não possuem essas áreas conectadas. Isso também ajuda a explicar a razão pela qual o distúrbio também pode ser causada por algum dano cerebral.

 

O curioso na maioria dos casos é que, embora os portadores de afantasia não consigam imaginar figuras voluntariamente, eles são capazes de sonhar. O professor Zeman tem certeza que trata-se de uma doença real, que acomete muito mais pessoas, e prometeu continuar investigando o assunto.