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Homem do futuro

siteQuedas, fraturas, conquistas, controvérsias, negócios, projetos, sonhos e tecnologia. A vida de Bob Burnquist, o maior nome do skate brasileiro de todos os tempos, daria um livro — que ele está desenvolvendo. Antes, porém, deve apresentar sua vida em uma série para a TV, criar conteúdo para ser vendido com NFTs, produzir um podcast e mais algumas coisas.

Bob é um personagem multifacetado, extremamente eloquente e carismático. Hoje, faz 45 anos de idade com 44 fraturas decorrentes do skate, mas dividindo sua vida com atividades tão diferentes quanto ser comentarista de TV e piloto de aeronaves. Ele ainda pode ser paraquedista, praticante de jiu-jitsu, sócio de uma empresa farmacêutica de fitoterápicos (incluindo alguns à base de canabis)…

Em entrevista exclusiva para o UOL, Bob se mostra uma pessoa à frente do seu tempo, com uma visão clara sobre mundo dos negócios, das novas tecnologias e de como ações sociais impactam na sociedade.

Na área social, você está com um projeto com neurogames para crianças?

Sim. Desde o início eu busquei a neurociência e não o esporte para criar esse projeto. Eu queria abrir a cabeça das pessoas para essas novidades com o Instituto Bob Burnquist, sempre com muito cuidado, afinal tinha o meu nome nisso.

Durante a pandemia, ajudamos 800 famílias com refeições por seis meses junto com a Ticket Alimentação. Doamos máscaras, rampas, obstáculos de skate para apoiar a comunidade e crianças carentes.

Fizemos um evento no Allianz Park, o Spotlab Sessions, para doação de máscaras. Assim, iniciamos nossas atividades. Apoiamos entidades sociais voltadas ao skate, como a Ong Social Skate, a Ademafia, a Skate Terapia, com meu poder de captação. Potencializamos o que essas entidades já fazem.

E isso evoluiu para o programa Skate Educa Mais, do Instituto Skate Cuida. Nossa hashtag é #skatecuida e o lema é “Inspirar, Educar e Transformar”. Trouxemos o pensamento da neurociência e criamos um programa que engloba todas essas atividades para ajudar durante a pandemia as crianças com problemas de depressão.

Conseguimos o apoio do aplicativo Neuroforma. É uma plataforma com exercícios para turbinar a capacidade cognitiva utilizando exercícios mentais e até o Tom Brady e pessoas com Alzenheimer já utilizaram. Com ela, começamos a ajudar, pela veia do skate e pela da neurociência.

Então, no Instituto Skate Cuida, primeiro damos comida, depois andamos de skate, fazemos o neuroforma, alongamos, ensinamos a filmar, compor câmera, postar nas redes sociais e dar ferramentas para dar liberdade de expressão e criar novos projetos. Eles aprendem ainda sobre tecnologia, sobre criptomoedas, como fazer o seu próprio NFT social, entre outras.

Fonte: UOL

Novos estudos mostram que faxina faz bem para a saúde

siteUma casa suja e bagunçada dificulta a vida. Não só pelo documento perdido ou a falta de um prato limpo, mas também porque afeta a saúde mental. Pesquisas e especialistas indicam que viver num lugar que parece ter recebido uma visita do Saci é fonte de estresse e ansiedade.

Não à toa, a rainha da organização, Marie Kondo, estreou no Netflix a segunda temporada de enorme sucesso do seu programa. As chamadas “personal organizers” vêm se proliferando e o setor de limpeza foi um dos poucos a crescer na pandemia. Se antes era possível bater a porta e deixar tudo para depois, como as pessoas passaram a ficar mais em casa, se tornou mais difícil suportar o caos.

Estudo da Universidade da Califórnia publicado no Jornal de Personalidade e Psicologia Social com casais com filhos mostra que as mulheres que afirmam ter uma casa suja e bagunçada têm níveis aumentados de cortisol, o hormônio do estresse. Nos que não percebiam a desordem, grupo que inclui a maioria dos homens, os níveis do hormônio caíam ao longo do dia.

Uma outra pesquisa, da Universidade de New South Wales, na Austrália, que saiu na publicação científica Ambiente e Comportamento indica que cozinhas desorganizadas e com coisas para limpar levaram as pessoas a se descontrolarem com a comida —passaram a comer mais.

— Uma casa desorganizada desencadeia estresse porque há uma grande quantidade de informações e coisas a fazer. Uma pessoa que é muito caótica acaba sendo mais ansiosa. E mesmo que esse estresse seja sutil, com o tempo ele desencadeia alguns sintomas físicos e emocionais — explica a psicóloga Marilene Kehdi.

A produtora de eventos Adriana Serrano, 50 anos, precisou abrir mão da faxineira que ia semanalmente à sua casa durante a pandemia. Ao assumir o trabalho, descobriu nele uma forma de se tranquilizar.

— O visual, a coisa limpa e clean sempre me acalmou muito. Durante a pandemia, aumentei meu nível de organização e limpeza, comecei a me dedicar a limpar pequenos detalhes, coisas que a gente não faz no dia a dia. Isso me ajudou a passar por esse período e fez com que eu me sentisse melhor — conta.

Com o passar do tempo, ela entendeu que a bagunça e a sujeira prejudicavam sua saúde mental e adotou novas técnicas para lidar com as coisas por fazer.

— Já passei por períodos, quando estava atolada de trabalho, que não tinha tempo de arrumar e depois de 15 dias a casa virava um pandemônio. Ficava muito ansiosa, olhando pilhas de roupa para lavar, pia para encarar, até tomar coragem e dizer ‘ou arrumo ou não vou conseguir mais viver’. Aprendi com os anos: antes eu sofria com a bagunça, mas não entendia o que podia sanar isso, não agia. Como não gosto de lavar louça, esperava juntar bastante, mas ia dando um desespero quando a pia ficava cheia. Isso me estressava. Agora lavo com mais frequência. Hoje tenho consciência de que fico mais feliz e relaxada.

Origem do caos

Mas, diferentemente do que muita gente pensa, bagunça e sujeira não são, necessariamente, coisas que andam juntas. Segundo os especialistas, a bagunça é um excesso de coisas que se acumulam e criam espaços caóticos, ainda que limpos. Por isso, o primeiro passo para acabar com ela é diminuir a tralha.

— Tudo o que a gente tem, a gente precisa administrar, sejam as coisas, as atividades ou os relacionamentos. Com a sobrecarga, somos obrigados a escolher o que administrar. A pessoa cuida, por exemplo, da carreira e da família, mas não dá conta da casa — diz a ex-bagunceira e fundadora da consultoria Onde Eu Deixei, Carol Ferraz.

Ela explica: se imagine no carro. Quando o entregador oferece um anúncio de imóvel, você pega? Pronto. É mais uma coisa para administrar (jogar no lixo, normal ou reciclado, enfiar na bolsa e se livrar depois ou esquecer no canto do carro indeterminadamente).

Ou então: adora pequenos quadros e bibelôs. Vai tirar o pó? Então reveja se vale a pena ter isso. Para Ferraz, as pessoas precisam ser “porteiras” escolhendo com mais rigor o que entra na vida delas.

A própria Marie Kondo prega que as pessoas se livrem dos excessos, doando ou descartando o que não lhe “traz alegria”. Mas muitas das coisas que possuímos revelam mais sobre nós do que se imagina.

— As coisas têm um simbolismo. Por exemplo: já vi armário de quem fez transição de carreira e mantinha todas as roupas corporativas, mesmo não precisando mais, porque se desapegar é como deixar aquela parte dela para trás. É um processo de elaboração, de encerrar ciclos. O mesmo acontece com a maternidade. Tem aquela peça que a mulher guarda desde antes de engravidar, há 10 anos, e ela diz “essa calça é quando estou bem com meu corpo”. Aí eu digo: “mas, meu bem, quando você cabia nessa calça tinha o metabolismo de um puma, você tinha 20 anos. Olha a cobrança que está colocando em cima de si mesma, o que está pedindo de você”. As coisas não devem servir para nos gerar culpa — conta Ferraz.

Sem perfeccionismo

Muita gente não limpa ou arruma não por ser desleixada, mas por ser perfeccionista. São pessoas que pensam que se não for para deixar a casa brilhando, a sala igual à da revista ou as roupas dobradas com perfeição, melhor nem fazer. Só que, para manter a casa e a saúde mental, também é preciso avaliar se a régua não está muito alta.

Ferraz, que é professora do método de organização da Marie Kondo para alunos de diversas partes do mundo, garante que o brasileiro, em geral, é exigente com limpeza em um grau que não se vê em outros países. Na nossa rotina, novas coisas foram somadas e nenhuma foi subtraída.

— Sob aspecto histórico, nos anos 1950, 60, quem era responsável pela casa? A mulher antes se dedicava a isso o tempo todo, mas ela entrou no mercado de trabalho e passou a ter jornada tripla. Só que a organização não acompanhou esse movimento. Pensam na casa perfeita, como se não tivesse vida, uma coisa que a mulher nos dias de hoje não vai conseguir manter.

Às vezes o problema nem é a sujeira ou a desordem em si, mas a sensação de insuficiência gerada por não conseguir dar conta de fazer tudo o que precisa ser feito.

Os excessos são inimigos do bem-estar. Tanto a limpeza exagerada pode ser um sintoma do Transtorno Compulsivo Obsessivo, quanto a bagunça e coleção de coisas podem ser alertas para o Transtorno Acumulativo. O ambiente tem que ser saudável, assim como seus moradores.

Estudo indica ‘ponto ideal’ de sono para proteger saúde e o cérebro dos adultos

bbcO tempo que adultos dormem pode afetar a saúde e o cérebro, segundo estudo divulgado na semana passada pela revista JAMA Neurology. A interrupção do sono em pessoas com idade avançada é comum e está associada a alterações da função cognitiva – a capacidade mental de aprender, pensar, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, lembrar e ter atenção –, diz a pesquisa.

Modificações no sono também estão relacionadas à idade e a doenças como Alzheimer, depressão e problemas cardiovasculares. Os autores do estudo ainda observaram possíveis associações entre a duração do sono a fatores como o estilo de vida e a função cognitiva.

De acordo com a pesquisa, dormir por muito pouco ou muito tempo pode elevar os riscos à saúde do cérebro de adultos.

Os entrevistados que relataram uma curta duração de sono – de seis horas ou menos – apresentaram níveis elevados da proteína beta-amiloide, o que “aumenta muito” o risco de demência, aponta o pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Stanford, na Califórnia, Joe Winer, principal autor do estudo.

A comparação foi feita com os participantes que relataram duração do sono normal, definida como de sete a oito horas por noite.

Idosos com sono inadequado também mostraram desempenho moderado a significativamente pior em testes comumente usados para avaliar habilidades cognitivas, incluindo orientação, atenção, memória, linguagem e habilidades visoespaciais; além de identificação de demência leve.

Dormir muito também foi associado a funções executivas menores, mas sem níveis elevados de beta-amiloide. Os participantes que relataram uma longa duração do sono – nove ou mais horas – tiveram uma pontuação pior no Teste de Substituição de Símbolos de Dígitos do que aqueles que indicaram uma duração normal do sono. Por mais de um século, este teste avaliou as habilidades de aprendizagem associativa, observando a capacidade dos participantes de fazer a correspondência correta de símbolos com números.

“A principal lição é que é importante manter um sono saudável no final da vida”, disse Winer. “Além disso, tanto as pessoas que dormem muito pouco quanto as que dormem muito tiveram mais sintomas depressivos”. As descobertas sugerem que o sono curto e longo podem envolver diferentes processos de doenças subjacentes, acrescentou Winer.

O que é beta-amiloide

A beta-amiloide ou amiloide-β é uma proteína criada durante a atividade normal das células cerebrais, embora ainda não tenhamos certeza de sua função.

“Amiloide-β é um dos primeiros marcadores detectáveis na progressão da doença de Alzheimer”, disse Winer. Na doença de Alzheimer, as proteínas amiloide-β começam a se acumular por todo o cérebro. “As placas amiloides têm maior probabilidade de aparecer com a idade, e pessoas com amiloide acumuladas no cérebro permanecem saudáveis. Cerca de 30% das pessoas saudáveis de 70 anos terão quantidades substanciais de placas amiloides em seus cérebros”, afirmou.

Em alguém que tem a doença de Alzheimer, as células cerebrais responsáveis pela recuperação, processamento e armazenamento de informações degeneram e morrem, de acordo com a Associação de Alzheimer . A “hipótese amiloide”, uma das principais teorias sobre o culpado dessa destruição, sugere que o acúmulo da proteína pode interromper a comunicação entre as células cerebrais, acabando por matá-las.

Segundo Laura Phipps, chefe de comunicação da Pesquisa de Alzheimer do Reino Unido, que não estava envolvida no estudo, pesquisas anteriores sugeriram que o sono pode ajudar a limitar a produção de amiloide no cérebro e apoiar o sistema de drenagem que o limpa.

Para ela, o amiloide-β pode começar a se acumular muitos anos antes que os sintomas óbvios de Alzheimer apareçam. “Isso torna difícil separar causa e efeito ao estudar problemas de sono e risco de Alzheimer, especialmente se você olhar apenas para os dados de um ponto no tempo”, acrescentou.

Sono, depressão e dados sociodemográficos

O estudo analisou 4.417 participantes com idade média de 71,3 anos, a maioria brancos e nascidos nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão.

Ambos os grupos — de curta e longa duração do sono — relataram mais sintomas depressivos do que o grupo de sono normal. O consumo de cafeína não foi associado à duração do sono. Por outro lado, quanto mais bebidas alcoólicas os participantes ingeriam diariamente, maior a probabilidade de dormirem mais.

Também havia diferenças entre gêneros, raças e etnias: fatores ser mulher e ter mais anos de educação estavam significativamente associados a dormir mais todas as noites. Em comparação com participantes brancos, que relataram uma duração média de sono de sete horas e nove minutos, negros ou afro-americanos relataram uma duração média de sono de 37,9 minutos a menos. Os asiáticos apresentaram 27,3 minutos a menos do que os participantes brancos. Já os latinos ou brancos hispânicos relataram 15 minutos a menos.

Segundo autores do estudo, essas descobertas apontam que as disparidades de sono podem estar associadas a outros aspectos da vida, como saúde cardiovascular e metabólica, fatores socioeconômicos e “discriminação racial e racismo percebido” correlacionados com menos sono em estudos anteriores.

Perguntas restantes

“Para entender melhor a ordem e a direção da causalidade nessas relações, pesquisas futuras precisarão construir uma imagem de como os padrões de sono, processos biológicos e habilidades cognitivas mudam em longos períodos de tempo”, disse Phipps.

“Esta nova pesquisa é de um grande estudo internacional com pessoas cognitivamente saudáveis, mas contou com os participantes para relatar sua duração do sono, em vez de medi-la diretamente”, acrescentou ela. “Os pesquisadores não puderam avaliar a qualidade do sono ou o tempo gasto em diferentes estágios do ciclo do sono, que podem ser fatores importantes na ligação entre o sono e a saúde cognitiva.”

Segundo os autores do estudo, permanece controverso se alguns domínios cognitivos são mais afetados pela duração extrema do sono do que outros domínios. Winer entende que os idosos deveriam considerar o sono tão importante quanto a dieta e os exercícios para a saúde.

“Enquanto os pesquisadores ainda estão trabalhando para entender a relação complexa entre o sono e nossa saúde cognitiva de longo prazo, um sono de alta qualidade pode ser importante para muitos aspectos de nossa saúde e bem-estar”, disse Phipps. “A melhor evidência sugere que entre sete e nove horas de sono é o ideal para a maioria dos adultos. E quem pensa que seus padrões de sono podem estar afetando sua saúde a longo prazo deve falar com seu médico”, ressaltou.

Alzheimer: Meia hora de exercício físico por dia ajuda a ‘blindar’ o cérebro

1Nadar, caminhar ou pedalar meia hora por dia, cinco vezes na semana, pode ser o caminho para proteger o seu cérebro do Alzheimer. É o que afirma o professor Mychael Lourenço, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fazer exercício físico regular, ter uma alimentação saudável e balanceada, realizar atividades que estimulem o cérebro (veja exemplos no infográfico) e não fumar reduzem em até 50% as chances de desenvolver Alzheimer, diz o especialista.

Lourenço e uma equipe com outros cientistas da UFRJ descobriram que, durante a atividade física, os músculos liberam no sangue um hormônio chamado irisina. Esta substância viaja até o cérebro e estimula as conexões entre os neurônios, que são chamadas de sinapses.

 — Esse estímulo de sinapses é essencial para a formação de memórias e para manter o nosso cérebro funcionando adequadamente — explica Lourenço.E quanto mais cedo a pessoa começar a praticar atividades físicas, mais protegido fica o cérebro contra o Alzheimer e outras demências. No entanto, estudos feitos com pessoas que tinham 60 anos ou mais e maior predisposição para ter Alzheimer, e que foram submetidas a intervenções na rotina que incluíam exercícios físicos, tiveram menores riscos de desenvolver a doença.

— Então, começar relativamente “tarde” também parece ser protetor — comenta Lourenço.

Segundo o cientista, os exercícios aeróbicos são os que mais ajudam na produção de irisina. E não é a intensidade o fator mais importante para a liberação do hormônio, mas sim a regularidade das atividades.

— O recomendado é a prática de 150 minutos de atividade física por semana. Este protocolo tem se mostrado efetivo em diminuir demência no final da vida — afirma o especialista.

A atividade física também é recomendada para quem já tem o diagnóstico de Alzheimer. Estudos mostraram que fazer caminhadas regulares por um ano diminui a progressão da doença, o que dá mais qualidade de vida e autonomia para os pacientes.

O mal de Alzheimer é um tipo de demência. A doença é causada pela morte de neurônios, como explica o psiquiatra Ricardo Patitucci, diretor clínico da Casa de Saúde Saint Roman:

— Há uma morte neuronal por oxidação dos neurônios. Quando eles são oxidados, forma-se uma proteína em torno deles que os fazem ser destruídos pelo próprio organismo, porque esta proteína começa a se replicar e deixar o neurônio disfuncional.

Os benefícios dos exercícios físicos como forma de frear o avanço do Alzheimer foram abordados por Mychael Lourenço durante o evento online UFRJ+100, em comemoração aos 100 anos da universidade.

HORA DE SE MEXER

Cinco benefícios dos exercícios

  1. Função protetora dos neurônios: estudos indicam que quem faz atividade física previne o depósito da proteína beta-amilóide em torno das células nervosas
  2. Libera hormônios e substâncias como irisina, dopamina, endorfina e serotonina, que em conjunto protegem o cérebro e agem sobre a saúde mental
  3. Tem efeito benéfico contra sintomas da demência, como depressão e ansiedade
  4. Controla fatores de risco, como pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos
  5. Melhora o metabolismo e as funções cardiovasculares, o que aumenta a oxigenação cerebral

Atividades indicadas

– Caminhar cinco vezes por semana por meia hora é uma atividade altamente recomendada para qualquer pessoa, mas especialmente para idosos. Hidroginástica, natação, dança, musculação, corrida e outras atividades também são recomendadas

– O importante é achar um exercício de que a pessoa goste, senão vira castigo. Estabeleça estratégias individuais, de acordo com os interesse de cada um

É recomendado que se faça um teste com um neuropsicólogo, que vai indicar que terapias e exercícios são indicados em cada caso. Nesse teste, avalia-se que questões estão mais comprometidas no paciente com Alzheimer. Entre as possibilidades, destacam-se sintomas como:

  • Concentração
  • Atenção
  • Raciocínio
  • Memória, especialmente a de curto prazo
  • Tomada de decisão
  • Flexibilidade mental
  • Autocontrole

Fonte: Elaine Di Sarno, neuropsicóloga especializada em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e Terapia Cognitivo Comportamental, via GE

Dormir mal afeta capacidade de raciocínio de 45% da população do mundo

pngtree-2021-creative-sense-business-label_5487750Quem já não teve a sensação de acordar cansado? Ou então, mesmo dormindo as oito horas recomendadas de sono despertar exausto? Se você se viu representado nestas duas perguntas, faz parte de uma multidão de pessoas que sofrem de privação do sono. Segundo estatísticas do Dia Mundial do Sono, problemas na hora de dormir fazem parte de uma “epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de até 45% da população mundial”.

Mas será que obedecer às recomendações médicas de dormir oito horas de sono é suficiente para não sentir os sintomas de cansaço ao acordar? Um estudo publicado nesta semana na Itália mostra que não. A pesquisa relata que 13 pessoas, por volta dos 20 anos, que dormiram 30% menos do que o necessário por 10 noites não recuperaram totalmente a maior parte de seu processamento cognitivo, mesmo depois de dormirem bem após uma semana.

Segundo o especialista do Centro de Medicina do Sono da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, Bhanu Prakash Kolla, mesmo dormindo por algumas noites seguidas, o processo que envolve o raciocínio ficou prejudicado. “Este é um estudo bem feito, embora pequeno, com várias medidas para examinar o impacto da privação parcial do sono. Os tempos de reação melhoraram ao longo de sete dias e voltaram aos níveis basais, enquanto outras tarefas cognitivas, incluindo a precisão, não se recuperaram completamente”, disse o médico em entrevista à rede CNN internacional.

O professor assistente de medicina clínica na Keck School da Universidade de Medicina da Califórnia, Raj Dasgupta, confirma que o sono altera os componentes da capacidade de cognição. “A memória e a velocidade de processamento mental não serão restauradas tão rapidamente. Definitivamente, a maior parte da perda de sono pode ser recuperada, mas há coisas que você simplesmente não vai conseguir rapidamente. É por isso que é tão importante não ter essa dívida de sono em primeiro lugar”, afirmou à CNN.

O cérebro precisa descansar

Especialistas afirmam que, assim como o corpo, o cérebro precisa entrar em repouso. Pesquisas norte-americanas revelam que pessoas que dormiam menos de seis horas por noite durante duas semanas – e que pensavam que estavam bem – não desempenhavam atividades de maneira produtiva e tinham baixo desempenho em testes cognitivos. O mesmo resultado foi observado em pessoas que foram privadas de qualquer sono por duas noites inteiras.

Os cientistas explicam que o cérebro precisa de ciclos de sono ininterruptos para absorver novas habilidades, formar memórias-chave e reparar o corpo do desgaste do dia. E é o sono que ajuda o corpo a fazer essas reparações.

Quando não dormimos o necessário ou simplesmente passamos a noite em claro, a capacidade de prestar atenção, aprender coisas novas, ser criativo, resolver problemas e tomar decisões ficam prejudicadas.

A recomendação dos médicos e cientistas do sono é dormir de sete a dez horas por noite e priorizar o descanso. Evitar bebidas alcoólicas ou estimulantes e não fumar horas antes de dormir também ajudam o cérebro a entender que é hora de descansar. Além disso, segundo os especialistas, a prática de atividades físicas e uma boa alimentação melhoram a regularidade do sono.


Alimentação saudável previne doenças mentais; confira melhores dietas e alimentos

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O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio e de valorização da saúde mental, mas o que poucos sabem é que a nutrição desempenha um papel fundamental nesta questão. Dietas desequilibradas, sobretudo com excesso de gordura trans e carne vermelha, influenciam diretamente no surgimento e agravamento de doenças mentais. Como a ansiedade e a depressão estão relacionadas à inflamação celular, há alimentos que impactam positivamente ou negativamente nessas inflamações.

“Deficiência, excesso de nutrientes ou alguns compostos da nossa alimentação, como os compostos bioativos, podem contribuir para o desenvolvimento e progressão dessas doenças (mentais)”, explica a doutora em nutrição Lara Natacci, integrante da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN).
Há três aspectos nutricionais relacionados às doenças mentais:

1 – Estresse oxidativo: causado pelo excesso de produção de radicais livres e uma alimentação com deficiência de antioxidantes, o que resulta em danos celulares e neuronais. Pode causar cansaço, desequilíbrio emocional, ansiedade e dores de cabeça.

2 – Inflamação: muito relacionada à ansiedade e depressão. Há alimentos inflamatórios e anti-inflamatórios.

3 – Alteração da microbiota intestinal: com o desequilíbrio da flora, aumenta a permeabilidade de barreira intestinal, que absorve moléculas que não deveriam e acarreta em inflamações e diminuições de neurotransmissores. Este é um dos aspectos mais estudos recentemente por nutricionistas que se debruçam sobre a relação com a saúde mental.

O intestino é responsável pela síntese de serotonina, um hormônio que está associada ao apetite, humor, sono e cognição (há também uma ligação com casos de demência). A serotonina produz sensação de bem-estar, conforto e felicidades e é um aliado poderoso na luta contra transtornos mentais.

“A gente sabe que existe o eixo cérebro-intestino, que conversa diretamente. À medida que a gente altera positivamente a microbiota, melhora sensação de bem-estar. A serotonina age no cérebro e pode melhorar os sintomas de depressão e ansiedade”, afirma a doutora em nutrição Carolina Pimentel, ponderando que os estudos nesta área, relacionados à Psiquiatria Nutricional, ainda são bem recentes.

Dietas
A diferença genética entre indivíduos faz com que déficits nutricionais causem mais ou menos impacto em um organismo. Mas mais importante que ingerir alimentos saudáveis, é manter uma dieta saudável.

“Nos últimos anos aprendemos que o mais relevante à saúde mental é o padrão dietético, a dieta mais do que um alimento e um nutriente concretos. O que importo ao nosso cérebro é a diversidade e harmonia entre eles”, explica o professor de psiquiatria e psicologia da Universidade de Valência, Vicent Balanzá, que, em 2015, participou de um dos primeiros estudos na área. Esta pesquisa pioneira foi a primeira demonstração em humanos de que a qualidade da diete repercute em estruturas cerebrais.

Portanto, calma: não será um churrasco no fim de semana que vai potencializar as angústias existenciais. Mais importante é conseguir manter uma alimentação balanceada durante toda a semana. Contra o surgimento de doenças mentais, há duas dietas essenciais:

1 – Dieta Mediterrânea
Cientistas começaram a investigar o motivo de existir tantas pessoas com alta expectativa de vida e baixa incidência de doenças crônicas na região que englobal o sul da Espanha, sul da França, Itália e Grécia. Descoberta nos anos 50, a dieta popularizou-se com o médico americano Ancel Keys.

Estão presentes nesta dieta comida fresca e natural, como frutas, legumes, peixes, azeite, oleaginosas, grãos e cereais. Leites e queijos, assim como os alimentos de origem animal, são consumidos com parcimônia. O carboidrato refinado deve ser substituído por cereais integrais.

Exemplos: brócolis, couve, espinafre, couve-flor, cenoura, couve de bruxelas, pepino, cebola, maçã, banana, laranja, pera, morango, uva, figo, melão, amêndoas, nozes, avelãs, macadâmia, sementes de girassol e abóbora, macarrão integral, azeitona, abacate, azeite (inclusive para substiuir a manteiga), peixes e frutos do mar.

2 – Dieta Dash
Surgida no final dos anos 90, significa “abordagem dietética para parar a hipertensão”. Essa dieta comprovadamente ajuda a reduzir pressão arterial e o colesterol ruim, o LDL, mas também causa impacto na saúde mental. Seu principal foco é a redução de alimentos com sódio.

Exemplos: frutas, vegetais, carboidratos integrais, grãos, leites, queijos desnatados e magros, óleos vegetais, castanhas e carnes magras.

A ideia é reduzir consumo de gorduras, sal, evitar embutidos, processados, conservas, enlatados, industrializados em geral, como molho de tomate, caldos prontos, biscoitos e salgadinhos de milho. Ainda propõe a redução de doces e bebidas açúcaradas como sucos de caixinha e refrigerantes, carne vermelha e bebida alcoólica.

“Um padrão alimentar rico em gordura saturada, gordura trans, carboidratos refinados com baixo teor de antioxidantes, fibras e ômega 3 podem aumentar o estresse oxidativo, a inflamação e alterar a microbiota intestinal e, com isso, serem prejudiciais no sentido de desenvolver doenças mentais”, exemplifica Natacci.

A função dos nutrientes no organismo
Pimentel e Natacci destacam a importância de uma alimentação saudável. Mas o que é uma alimentação saudável? Basicamente que tenham ingredientes saudáveis:

– Ômega 3: “Quanto maior o consumo de ômega 3, que tem efeito anti-inflamatório, menor o risco de doenças mentais”, diz Natacci.
Exemplos: linhaça, azeite, nozes, amêndoas, alguns tipos de peixe, como o salmão, anchova, truta, atum e sardinha, ostra, semente de chia, óleo de linhaça prensado a frio.

– Complexo B: estimula a produção de neurotransmissores como a serotonina.
Exemplos: peixes, levedura de cerveja, castanhas, abacate, couve, espinafre, castanhas, semente de girassol, amêndoas, amendoim, cogumelos, queijo cottage, banana e ameixa.

– Fibras: mantêm a integridade da microbiota intestinal.
Exemplos: massas integraisk, folhas verdes (alface, couve, rúcula, acelga, agrião, espinafre, brócolis), frutas (laranja, tangerina, abacaxi, caqui), leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão de bico), grãos (arroz, linhaça, aveia, milho, trigo).

 Fitoquímicos: compostos encontrados em frutas, legumes e cereais responsáveis por darem cor aos alimentos. Por isso, um prato colorido é sinônimo de uma refeição nutritiva.
Exemplos: licopeno (tomate), resveratrol (uva), curcumina (açafrão), alicina (alho).

Acesso à questão nutricional
As formas mais graves de doença mental manifestam-se em pessoas que, independente do motivo, não buscam ajuda, profissional ou não. Desta forma, a população socialmente mais vunerável pode não conseguir pagar por uma consulta com um nutricionista.

Uma saída é focar no preparo dos alimentos e em cozinhar de maneira saudável, econômica e nutritiva.

“É importante um resgate de habilidades culinárias e uma estrutura que promova a consciência de aproveitar melhor os alimentos, como ampliar a validade dos vegetais, por exemplo. Com habilidade culinária temos mais autonomia: conseguimos planejar uma alimentação saudável e mais barata. Temos direito ao alimento saudáve e à segurança nutricional”, finaliza Pimentel.

 

Quantidade adequada de sono está ligada à saúde do cérebro, diz estudo

Aprendizagem continua enquanto dormimosA quantidade de horas de sono de adultos com mais de 70 anos pode afetar a saúde do cérebro, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (30) na revista JAMA Neurology. Segundo os autores, o sono interrompido é comum na idade avançada e está associado a mudanças na função cognitiva – a capacidade mental de aprender, pensar, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, lembrar e prestar atenção. Mudanças no sono relacionadas à idade também foram associadas a sinais precoces de doença de Alzheimer, depressão e doença cardiovascular. Por isso, os autores investigaram possíveis associações entre a duração do sono autorrelatada, fatores demográficos e de estilo de vida, função cognitiva subjetiva e objetiva e níveis de beta amiloide – um marcador da doença de Alzheimer.

Os participantes do estudo que relataram uma curta duração do sono – definida como seis horas ou menos – tinham níveis elevados de beta amiloide, o que “aumenta muito” o risco de demência, disse por e-mail o principal autor do trabalho, Joe Winer, pesquisador de pós-doutorado na Stanford University, na Califórnia. Isso em comparação com os participantes que relataram duração de sete a oito horas de sono por noite, considerado a duração normal.

Os idosos com sono inadequado também tiveram desempenho moderado a significativamente pior em testes comumente usados nessa faixa etária para avaliar habilidades cognitivas, incluindo orientação, atenção, memória, linguagem, habilidades visoespaciais e identificação de demência leve.

Dormir muito também foi associado a funções executivas menores, mas essas pessoas não tinham níveis elevados de beta amiloide. Os participantes que relataram uma longa duração do sono (nove ou mais horas) pontuaram um pouco pior no Teste de Substituição de Símbolos de Dígitos do que aqueles que relataram uma duração normal.

Por mais de um século, este teste avaliou as habilidades de aprendizagem associativa, observando a capacidade dos participantes de fazer a correspondência correta entre símbolos e números num período de 90 a 120 segundos.

“A principal lição é que é importante manter um sono saudável no final da vida”, disse Winer por e-mail. “Além disso, tanto as pessoas que dormem muito pouco quanto as que dormem demais tiveram maior índice de massa corporal e mais sintomas depressivos”. As descobertas sugerem que o sono curto e longo podem envolver diferentes processos de doenças subjacentes, acrescentou Winer.

Beta amiloide 101

A beta amiloide ou amiloide-β é uma proteína criada durante a atividade normal das células cerebrais, embora ainda não tenhamos certeza de sua função, segundo Winer. “É um dos primeiros marcadores detectáveis na progressão da doença de Alzheimer“, diz.

O especialista explica que as proteínas amiloide-β começam a se acumular em todo o cérebro, aderindo em placas. As placas amiloides têm maior probabilidade de aparecer com a idade, e muitas pessoas com amiloide acumuladas no cérebro permanecem saudáveis. “Cerca de 30% das pessoas saudáveis de 70 anos terão quantidades substanciais (de) placas amiloides em seus cérebros”, afirma.

Quando alguém tem a doença de Alzheimer, suas células cerebrais que recuperam, processam e armazenam informações se degeneram e morrem, de acordo com a Associação de Alzheimer. A “hipótese amiloide”, uma das principais teorias sobre o culpado por essa destruição, sugere que o acúmulo da proteína pode interromper a comunicação entre as células cerebrais, acabando por matá-las.

Pesquisas anteriores sugeriram que o sono pode ajudar a limitar a produção de amiloide no cérebro e apoiar o sistema de drenagem que o limpa, segundo Laura Phipps, chefe de comunicações da Pesquisa de Alzheimer do Reino Unido, que não estava envolvida no estudo.

O amiloide-β pode começar a se acumular muitos anos antes que os sintomas óbvios de Alzheimer apareçam, acrescentou Phipps. “Isso torna difícil separar causa e efeito ao estudar problemas de sono e risco de Alzheimer, especialmente se você olhar apenas para os dados de um ponto no tempo.”

Sono, depressão e dados sociodemográficos

O estudo analisou 4.417 participantes com idade média de 71,3 anos, a maioria brancos e procedentes dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e do Japão.

Ambos os grupos de sono de curta e longa duração relataram mais sintomas depressivos do que o grupo de sono normal. A ingestão autorrelatada de cafeína não foi associada com a duração do sono. Porém, quanto mais bebidas alcoólicas os participantes bebiam diariamente, maior a probabilidade de dormirem mais.

Também havia diferenças entre gêneros, raças e etnias: ser mulher e ter mais anos de educação estavam ambos significativamente associados a dormir mais todas as noites. E quando comparados com participantes brancos que relataram uma duração média de sono de sete horas e nove minutos, participantes negros ou afro-americanos relataram uma duração média de sono de 37,9 minutos a menos. Os voluntários asiáticos relataram 27,3 minutos a menos do que os  brancos, e os latinos ou brancos hispânicos relataram 15 minutos a menos.

Essas descobertas sugerem que as disparidades de sono podem estar associadas a disparidades em outros aspectos da vida, como saúde cardiovascular e metabólica, fatores socioeconômicos e “discriminação racial e racismo percebido” correlacionados com menos sono em estudos anteriores, escreveram os autores.

Perguntas sem resposta

“Para entender melhor a ordem e a direção da causalidade nessas relações, pesquisas futuras precisarão construir uma imagem de como os padrões de sono, processos biológicos e habilidades cognitivas mudam em longos períodos de tempo”, disse Phipps. “Esta nova pesquisa é de um grande estudo internacional com pessoas cognitivamente saudáveis, mas contou com os participantes para relatar sua duração do sono, em vez de medi-la diretamente”, acrescentou.

“Os pesquisadores não puderam avaliar a qualidade do sono ou o tempo gasto em diferentes estágios do ciclo do sono. Cada um deles pode ser um fator importante na ligação entre o sono e a saúde cognitiva. Os idosos preocupados com essas descobertas deveriam considerar o sono tão importante quanto a dieta e os exercícios para a saúde”, disse Winer.

“Enquanto os pesquisadores ainda estão trabalhando para entender a relação complexa entre o sono e nossa saúde cognitiva de longo prazo, dormir bem pode ser importante para muitos aspectos de nossa saúde e bem-estar”, disse Phipps. “A melhor evidência sugere que entre sete e nove horas de sono é o ideal para a maioria dos adultos, e quem pensa que seus padrões de sono podem estar afetando sua saúde a longo prazo deve falar com seu médico.”

Fonte: CNN Brasil

‘O exercício é uma terapia para o cérebro’, afirma neurocientista

1A descoberta de que exercícios protegem e preservam a memória deu à cientista brasileira Fernanda De Felice o mais prestigioso prêmio do mundo na pesquisa do Alzheimer. De Felice é a primeira brasileira a receber o Prêmio Inge Grundke-Iqbal, concedido pela Associação Internacional sobre a Doença de Alzheimer ao pesquisador principal do artigo de maior impacto na área publicado nos últimos dois anos.

A pesquisa, publicada na revista científica Nature Medicine em 2019, revelou que a irisina, um hormônio produzido pelos músculos durante os exercícios, protege o cérebro e restaura a memória afetada pelo Alzheimer.

O trabalho abriu caminho para estabelecer mudanças de estilo de vida que ajudam na prevenção. Também pavimentou uma via para o desenvolvimento de novas terapias contra a doença neurodegenerativa que mais avança no mundo.

De Felice, neurocientista do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Queen’s University (Canadá), investiga agora qual a melhor forma de aumentar os níveis de irisina e, assim, proteger e conservar a memória.

Por que a pesquisa teve tamanha repercussão?

Principalmente porque ela comprovou que existe uma conexão entre a atividade muscular e a função cerebral. A irisina é liberada pelos músculos em resposta ao exercício. E ela ativa mecanismos no cérebro ligados ao funcionamento dos neurônios, à formação e à retenção da memória.

Por que decidiu investigar a irisina contra o Alzheimer?

O carro-chefe do meu laboratório é a investigação dos efeitos de hormônios sobre a doença de Alzheimer e as demências de forma geral. Há 15 anos comecei a pesquisar o papel da insulina. Ela foi descoberta há exatos cem anos, ainda assim, até há 15 anos não se sabia se atuava no cérebro. A exceção era o hipotálamo, que tem funções associadas ao metabolismo. Descobrimos que havia uma diminuição da sinalização de insulina no cérebro de pessoas com Alzheimer. Foi um achado pioneiro. A partir daí, investigamos um outro hormônio chamado GLP-1.

O que é o GLP-1?

É um hormônio liberado pelo intestino e com funções no metabolismo. Mas vimos que ele também tem efeitos na proteção do sistema nervoso.

Como chegaram à irisina?

Quando a irisina foi descoberta, percebi que poderia ter muita importância também para o cérebro e decidi investigar.

Como o hormônio atua contra o Alzheimer?

A irisina está relacionada ao aumento de uma molécula chamada BDNF, estimulada pelo exercício (a BDNF é fundamental para a sobrevivência dos neurônios e a aquisição e consolidação de memórias). Mostramos pela primeira vez que os níveis da irisina são menores no cérebro de pacientes com Alzheimer. E vimos que isso também acontecia com modelos animais, camundongos transgênicos que têm problemas de aprendizado e memória. Observamos que, quando aumentávamos a irisina, conseguíamos recuperar a memória e a capacidade de aprendizado.

Por que a atividade física é tão importante para o cérebro?

Gosto de pensar no cérebro como um ecossistema, sensível a mudanças ao longo da vida. Ele é como a Amazônia, que se desequilibra com a perda de diversidade. No caso do cérebro, o desequilíbrio é consequência de um somatório de fatores biológicos e sociais. As pessoas costumam imaginar a doença de Alzheimer como um mal da velhice, mas ela é resultado de um acúmulo de fatores, como estresse, inflamação, atividade física, alimentação.

Que impacto o exercício tem nesse órgão?

Os exercícios são uma terapia completa. Melhoram a vascularização do cérebro, o aporte de oxigênio. E têm muitas outras funções benéficas para todo o corpo. Impactam a microbiota (os microrganismos benéficos que vivem em nosso corpo), os ossos, estimulam metabolismo, e tudo isso chega ao cérebro. A atuação pode ser indireta, por meio da ação em outras partes do corpo. Mas também direta, como no caso do BDNF e da irisina.

O que o grupo investiga agora?

Temos duas frentes de estudo. Uma é descobrir drogas que podem aumentar os níveis de irisina. Temos investigado isso usando terapia gênica em camundongos. Eles são geneticamente alterados para produzir uma quantidade maior do hormônio.

Há outra frente de estudo?

Procuramos identificar qual o melhor exercício e em que quantidade para estimular os músculos a liberarem mais irisina. Sabemos que atividades muito intensas têm esse efeito. Mas buscamos exercícios mais leves e atividades físicas cotidianas, que possam ser executadas por qualquer um.

Em que fase da vida exercícios são mais importantes?

Por toda a vida. Nunca é tarde demais para começar e obter ganhos. Mas é claro que o ideal é prevenir. É preciso começar a se exercitar ainda criança e incorporar a atividade física à rotina. Recorro mais uma vez à analogia com a Floresta Amazônica. Você pode tentar reflorestar, mas isso será muito mais difícil do que preservar as árvores. E é isso que o exercício faz no cérebro. Ele preserva os neurônios, as funções cerebrais.

A irisina pode combater os efeitos do envelhecimento?

Essa é uma possibilidade. Como outros tantos hormônios, a irisina é complexa e ainda começamos a entender todos os seus efeitos e mecanismos.

Existem outras perspectivas farmacológicas contra o Alzheimer?

Nossos estudos são muito usados para embasar testes clínicos de drogas que atuam sobre a insulina e o GLP-1 no tratamento do Alzheimer, com resultados muito interessantes. São drogas contra o diabetes, mas que têm efeitos importantes na sensibilidade à insulina no cérebro.

Quais são as maiores dificuldades das pesquisas?

Financiamento é a maior dificuldade desse tipo de pesquisa. Elas têm custo muito elevado e os recursos no Brasil vêm diminuindo. O mais desafiador é conseguir manter os recursos e seguir em frente.

Fonte: O Globo

Como caminhar pode fortalecer o cérebro

1Exercitar-se pode refrescar e renovar a substância branca em nossos cérebros, melhorando potencialmente nossa capacidade de pensar e de memória conforme envelhecemos, de acordo com um novo estudo sobre caminhada, dança e saúde cerebral. A pesquisa mostra que a substância branca, que conecta e sustenta as células em nossos cérebros, remodela a si mesma quando as pessoas se tornam mais ativas fisicamente. Por outro lado, entre aqueles que permanecem sedentários, a substância branca tende a se desgastar e encolher.

 

As descobertas destacam o dinamismo de nossos cérebros e como eles se transformam constantemente – para o bem e para o mal – em resposta a como vivemos e nos movimentamos.

A noção de que cérebros adultos podem ser maleáveis é uma descoberta razoavelmente recente, em termos científicos. Até o final da década de 90, a maioria dos pesquisadores acreditava que os cérebros humanos eram fisicamente fixos e inflexíveis depois da primeira infância. Acreditava-se que nascíamos com a maioria das células cerebrais que teríamos durante a vida e que não poderíamos produzir outras mais. Nesse cenário, a estrutura e a função de nossos cérebros só diminuiriam com a idade.

Mas a ciência avançou, felizmente, e revisou aquela previsão tenebrosa. Estudos complexos usando corantes especializados para identificar células recém-nascidas indicaram que algumas partes de nossos cérebros criam neurônios na idade adulta, um processo conhecido como neurogênese. Estudos de acompanhamento comprovaram que o exercício aumenta a neurogênese. Quando os roedores correm, por exemplo, eles produzem três ou quatro vezes mais células cerebrais novas do que os animais inativos, enquanto nas pessoas, começar um programa de exercícios regulares leva a um maior volume cerebral. Em suma, esta pesquisa mostra que nossos cérebros conservam a plasticidade ao longo da vida, mudando conforme mudamos, inclusive em resposta à forma como nos exercitamos.

No entanto, aqueles estudos anteriores em relação à plasticidade do cérebro geralmente se concentravam na matéria cinzenta, que contém as famosas pequenas células cinzentas, ou neurônios, que permitem e criam pensamentos e memórias. Menos pesquisas têm examinado a substância branca, a “fiação” do cérebro. Composta principalmente por fibras nervosas envoltas em gordura conhecidas como axônios, a substância branca conecta os neurônios e é essencial para a saúde do cérebro. Mas pode ser frágil, escassa e desenvolver pequenas lesões à medida que envelhecemos; degradações que podem ser precursoras do declínio cognitivo. De forma preocupante, ela também tem sido considerada relativamente estática, com pouca plasticidade ou capacidade de se adaptar muito conforme nossas vidas mudam.

Mas Agnieszka Burzynska, professora de neurociência e desenvolvimento humano na Universidade do Estado do Colorado em Fort Collins, suspeitou que a ciência estava subestimando a substância branca. “Ela tem sido como a meia-irmã feia e negligenciada” da matéria cinzenta, ignorada e julgada mal, disse. Agnieszka considerou provável que a substância branca possuísse tanta plasticidade quanto sua equivalente cinzenta e pudesse remodelar a si mesma, principalmente se as pessoas começassem a se movimentar.

Então, para o novo estudo, que foi publicado on-line em junho na revista acadêmica NeuroImage, ela e a estudante de pós-graduação Andrea Mendez Colmenares e outros colegas começaram a analisar a substância branca das pessoas. Eles deram início ao estudo reunindo quase 250 homens e mulheres mais velhos que eram sedentários, mas saudáveis. No laboratório, testaram o condicionamento aeróbico e as habilidades cognitivas atuais desses voluntários e também avaliaram a saúde e o funcionamento da substância branca deles, usando uma forma sofisticada de ressonância magnética para examinar o cérebro.

Em seguida, eles dividiram os voluntários em grupos, um dos quais começou um programa supervisionado de alongamento e treinamento de equilíbrio três vezes por semana, para servir de controle ativo. Outro grupo começou a caminhar em grupo três vezes por semana, rapidamente, por cerca de 40 minutos. E o último grupo começou a dançar, reunindo-se três vezes por semana para aprender e praticar coreografias em conjunto. Todos os grupos se exercitaram por seis meses e depois voltaram ao laboratório para repetir os exames do início do estudo.

E, para muitos, seus corpos e cérebros tinham mudado, descobriram os cientistas. Aqueles que caminharam e praticaram dança estavam com melhor condicionamento aeróbico, como esperado. Ainda mais importante, sua matéria branca parecia renovada. Nos novos exames, as fibras nervosas em certas partes do cérebro deles pareciam maiores e qualquer lesão de tecido havia encolhido. Essas alterações desejáveis foram mais prevalentes entre os que caminharam, que também tiveram melhor desempenho nos testes de memória dessa vez. Isso não aconteceu com os dançarinos, de modo geral.

Enquanto isso, aqueles do grupo de controle, que não haviam praticado exercícios aeróbicos, mostraram declínio na saúde da substância branca após os seis meses, com maior afinamento e desgaste de seus axônios e queda nos resultados cognitivos.

Para aqueles que praticam exercícios, essas descobertas “são muito promissoras”, diz Agnieszka. Elas nos dizem que a substância branca permanece plástica e ativa, seja qual for a nossa idade; e algumas caminhadas rápidas por semana podem ser suficientes, disse ela, para polir o tecido e diminuir ou prevenir o declínio da memória.

Claro, as mudanças cerebrais foram sutis e um tanto inconsistentes. Agnieszka e seus colegas esperavam, por exemplo, que dançar produziria mais substância branca e melhorias cognitivas do que caminhar, afirmou, uma vez que dançar envolve mais aprendizado e prática. Mas caminhar foi mais potente, sugerindo que o exercício aeróbico, por si só, é mais importante para a saúde da substância branca. “Os dançarinos passavam parte de seu tempo em cada sessão observando os instrutores e sem se movimentar muito”, disse Agnieszka. “Isso provavelmente afetou seus resultados.”

Os participantes do estudo também tinham mais de 60 anos, eram sedentários e praticaram atividade física por apenas seis meses. Ainda não está claro se os cérebros de pessoas mais jovens e com melhor condicionamento também se beneficiariam ou se exercícios aeróbicos no longo prazo poderiam levar a melhorias maiores na memória e no pensamento. Mas, por ora, diz Agnieszka, os resultados oferecem “um forte argumento para nos levantarmos e nos movimentarmos” pelo bem de nossa substância branca. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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O cérebro aprende melhor se você intercalar a prática com pausas

1_neura-6794087Uma boa noite de sono e uma pausa para atividade física, especialmente entre um turno e outro, são muito importantes para “esfriar o motor do cérebro”

Praticar, praticar, praticar. Esse é o mantra de muitos estudantes, e discuto frequentemente, no consultório, essa questão com pessoas que querem incrementar o desempenho cerebral. Sempre argumento que pausas são importantes para a solidificação da memória, e bons exemplos são uma boa noite de sono e uma pausa para atividade física, especialmente entre um turno e outro. Além de “esfriar o motor do cérebro”, o exercício físico libera uma série de substâncias no cérebro que facilita o aprendizado.

Outro exemplo interessante de pausas é a famosa técnica “Pomodoro”. Pomodoro era um timer em formato de tomate que o italiano Francisco Cirillo usava para avisá-lo, a cada 25 minutos, que estava na hora de um descanso de cinco minutos. A história rendeu a publicação do livro The Pomodore Technique prometendo melhorar o desempenho no trabalho e nos estudos.

O periódico Current Biology publicou, em 2019, uma pesquisa mostrando que pausas ainda mais frequentes podem fazer com que o aprendizado seja mais eficiente. Os voluntários aprendiam mais quando praticavam por 10 segundos e então descansavam por outros 10 segundos. Isto era feito por 35 vezes e na 11ª repetição eles alcançavam uma eficiência máxima que era mantida nas repetições posteriores. O mais interessante é que a atividade cerebral, demonstrada pelo método de magnetoencefalografia, era maior nos períodos de pausa do que durante a prática, refletindo atividade cerebral de consolidação e solidificação da memória.

A pesquisa tinha a intenção de encontrar uma tática que permitisse a reabilitação cognitiva em pessoas que tenham sofrido lesões cerebrais, mas os resultados provavelmente também são válidos para o aprendizado entre indivíduos com cérebro intactos.

Nessa última semana, pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, publicaram, na mesma revista, os resultados de um estudo que nos faz entender melhor como as pausas podem potencializar o aprendizado. Os resultados mostraram que a retenção do conteúdo é maior quando o processo de aprendizado se dá entremeado por pausas. A isso se dá o nome de “efeito espaçamento”.

Camundongos tinham que encontrar um pedaço de chocolate escondido em um labirinto em três diferentes oportunidades e o desenho do estudo definia diferentes pausas entre as três chances. No senso comum, pode-se imaginar que, quanto mais próximas as tentativas, mais facilmente os animais se lembrariam daquilo que aprenderam. Os pesquisadores demonstraram isso no curtíssimo prazo, mas passadas algumas horas, o resgate da memória era maior entre os animais que tiveram pausas mais longas entre as oportunidades de achar o chocolate. Pausas maiores fizeram com que as mesmas conexões neuronais utilizadas em tentativas anteriores fossem ativadas, reforçando o aprendizado a cada “round”. O conteúdo aprendido é armazenado e pode ser recuperado reativando o mesmo grupo de neurônios e suas conexões.

O “efeito espaçamento” foi descrito há mais de um século em diversos mamíferos e o estudo nos mostra, de forma bastante elegante, como ele é capaz de aumentar o potencial do aprendizado. Com pausas mais longas, a tarefa fica mais demorada, mas o conteúdo aprendido fica consolidado por mais tempo.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília