Mitos e verdades sobre a ação da Covid-19 no cérebro

fotoMédico neurocirurgião aponta os mitos e verdades sobre a interferência da Covid-19 na saúde do cérebro

Com muitas especulações sobre o que a Covid-19 causa no organismo, as sequelas, os sintomas, o neurocirurgião da UNICAMP, Dr. Marcelo Valadares, que ministra a disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein esclarece alguns pontos e desvenda o que é mito e verdade.

A Covid-19 pode interferir nas funções cognitivas? Verdade.

Trabalho publicado pelp InCor (Instituto do Coração) da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), aponta que após o fim da infecção podem surgir  perda de memória, dificuldade em manter o foco e dificuldades com a percepção visual.

A perda do olfato é sintoma incomum após o paciente ser infectado? Mito.

Com a infecão é comum que lesões nos nervos e bulbos olfatórios provoquem à perda de olfato. Pesquisa feita na Europa em 2020 aponta que em 87% dos pacientes a perda do olfato foi um dos sintomas mais comuns. A incidência de casos permanentes seja cerca de 5%.

A infecção por Covid-19 aumenta as chances do AVC? Verdade.

A infecção pela Covid-19 está relacionada ao aumento na formação de coágulos em artérias, e isso pode provocar o AVC. Nos Estados Unidos, pesquisas internacionais identificaram que muitos pacientes jovens com a Covid-19 também foram diagnosticados com Acidente Vascular Cerebral.

O vírus pode ter sequelas neurológicas permanentes? Mito.

A infecção pela Covid-19 demonstrou causar sintomas de longo prazo. Além da perda do olfato, os pacientes podem sentir dores de cabeça crônica, a já citada sensação de fadiga no corpo, tontura, fraqueza generalizada e até mesmo ansiedade e depressão.

A NeuroForma possuí ferramentas incríveis que vão fortalecer sua capacidade de atenção ajudar na resolução de problemas. A ferramenta é disponibilizada gratuitamente por um período de testes e pode ser acessada do seu computador, tablet ou smartphone.

Acesse: wwww.neuroforma.com.br

Como o cérebro reage ao estresse gerado pela pandemia?

site-copiaEstresse e isolamento social

O isolamento social foi muito estudado pela neurociência e, segundo os especialistas, está comprovado que pode causar danos psicológicos significativos e duradouros.

“Na pandemia temos o isolamento social e físico forçados, o que leva ao aumento dos casos de ansiedade, estresse e depressão. As mulheres são mais propensas à ansiedade, pois estão sobrecarregadas com os afazeres domésticos, filhos e trabalhos profissionais. Um grande número delas tem que pegar transporte público e ir aos supermercados, ficando mais vulneráveis à contaminação”, diz o médico e neurocirurgião Wanderley Cerqueira de Lima, do Hospital Albert Einstein e da Rede D’or.

O especialista complementa que a depressão ocorre mais em pessoas idosas, pois elas se sentem mais vulneráveis à contaminação pelo vírus, uma vez que estão mais distantes da família e propensas à letalidade. “Na quarentena forçada existe a necessidade de respeitar o seu estilo de vida, os seus limites e, se possível, seria indicado fazer algum exercício, como a caminhada”, pontua.

Leia também: Papel da eletroneuromiografia na Covid-19

Segundo o neurocirurgião, as consequências a médio e longo prazo na saúde mental estão atreladas ao sedentarismo, como alterações no ritmo do sono, apatia, alterações do apetite, palpitações, irritabilidade, insegurança, pensamentos negativos e desesperança na cura da doença e na chegada da vacinação.

O fisiatra Marcus Yu Bin Pai, médico pesquisador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), também está preocupado com o nível de sedentarismo durante o isolamento social.

“Estamos vendo efeitos do confinamento já na saúde de pessoas, que vem relatando aumentos não só de patologias crônicas como dores musculoesqueléticas devido ao sedentarismo e diminuição de atividade física, mas também de aumentos de queixas de ansiedade, depressão e insônia crônica”, ressalta Marcus Yu Bin Pai, que também é colunista do Portal PEBMED.

É importante lembrar que todo estresse ou depressão influencia diretamente na baixa de resistência do organismo predispondo a qualquer tipo de infecção, principalmente se o paciente já possui alguma comorbidade.

Orientações aos médicos

De acordo com o neurocirurgião Wanderley Lima, os principais sintomas que afetam a saúde mental neste período de pandemia são os distúrbios de sono, lentidão para as atividades diárias, alterações no apetite, emagrecimento ou ganho de peso, estabilidade facial, sensação de solidão, pensamentos negativos e uma desesperança frequente.

No entanto, os médicos devem estar atentos também aos sinais não verbalizados pelos pacientes, como explica Marcus Yu Bin Pai. “Devemos sempre avaliar o que o paciente fala e não fala, ou seja, perguntar ativamente questões psicológicas, como está seu sono, como estão suas relações, seu dia a dia e atividades laborais. Procurar sinais indiretos de fadiga, cansaço e burnout”, diz.

O fisiatra esclarece que devem ser solicitados exames laboratoriais e de imagem, dependendo das queixas e sintomas do paciente. Para suspeita de ansiedade, insônia e depressão podem ser solicitados exames para afastar suspeitas de doenças metabólicas ou outras enfermidades sistêmicas.

Já o neurocirurgião Wanderley de Lima lembra que se o paciente apresentar alterações clínicas associadas é indicado solicitar uma avaliação hematológica bioquímica do sangue, uma avaliação nutricional com dosagem de vitaminas no sangue e um exame de imagem ou fisiológicas, de acordo com sinais e sintomas dos pacientes.

Como o cérebro cria as motivações e o desejo de viver

O impacto motivador da dopamina se reflete no descontrole que se apossa de todos nós quando continuamos a comer depois que abrimos a boca para o primeiro salgadinho

_98011009_667379906Um dos efeitos de certos alimentos “viciantes”, como o chocolate, é a liberação de dopamina cerebral que aumenta o poder de incentivo dos estímulos relacionados ao prazer.

Quem a conheceu conta que minha bisavó Rosa, que viveu até os 103 anos, tinha perdido a vontade de viver e só desejava morrer. Mas minha tia-avó Felisa, que viveu quase 102 anos, nunca perdeu essa vontade e sempre, até as últimas horas, encontrou um motivo para continuar vivendo, fosse o casamento de um sobrinho, o batizado de um novo membro da família, o copinho de aguardente ou o torrone da festa da cidade. Sempre me perguntei o que haveria no cérebro exausto de cada uma das minhas duas anciãs para abrigar um sentimento tão diferente.

Uma possível resposta me leva aos muitos anos em que no nosso laboratório da Universidade Autônoma de Barcelona exploramos o comportamento de ratos que pressionam uma pequena alavanca dentro de sua gaiola para ativar o dispositivo que envia pequenos choques elétricos a seus cérebros por meio de um eletrodo implantado nele. Nunca duvidamos de que essas descargas fossem agradáveis e, por isso, os ratos pressionavam a alavanca continuamente, horas e até dias, até cair exaustos de inanição. Quando fazem isso, os neurônios em uma região do tronco do encéfalo (área tegmental ventral) liberam através de seus prolongamentos o neurotransmissor dopamina em outra região da base do cérebro (o núcleo accumbens). Por isso, durante os primeiros anos de pesquisa, acreditávamos, e assim explicávamos aos nossos alunos, que a dopamina era a substância cerebral que produzia o prazer.

Mas as coisas mudaram quando a revista Nature publicou um artigo mostrando que os ratos continuavam pressionando a alavanca mesmo quando a dopamina se esgotava e não era mais liberada em seu cérebro, o que significa que ainda havia prazer sem dopamina. O que então a dopamina faz, nos perguntamos, intrigados? Achados experimentais recentes apontaram a resposta. Por um lado, agora sabemos que quando se reduz a dopamina no cérebro de ratos pela injeção de substâncias que a desativam (6-hidroxi-dopamina), sua capacidade de sentir prazer não desaparece, pois suas reações positivas ao sabor doce permanecem intactas. Os doentes de Parkinson, que também têm escassez de dopamina no cérebro, também não perdem suas reações de prazer com o sabor doce. Por outro lado, também foi comprovado que os camundongos com déficit de dopamina apresentam perda total de interesse ou motivação para realizar ações, como pressionar uma alavanca ou percorrer um labirinto, destinadas a alcançar prazeres como a comida, e somente se os níveis de dopamina são restaurados nos locais do cérebro onde é normalmente liberada os animais e recuperam a motivação e o comportamento para chegar até ela.

Por tudo isso, o que agora acreditamos que a dopamina faz quando liberada no cérebro é aumentar a motivação e o poder de incentivo das coisas agradáveis, produzindo desejo, embora sem causar prazer nem ter um verdadeiro impacto hedônico. É como se essa substância nos motivasse a fazer o necessário para conseguir o bom, o prazer, onde quer que esteja. Curiosamente, também há dados que indicam que pacientes com Parkinson tratados com substâncias como L-dopa, que elevam a dopamina cerebral, não aumentam suas reações positivas ao prazer, mas exibem certa motivação compulsiva, um incremento no desejo por atividades como jogos, hobbies, compras, pornografia, Internet em geral, etc, mesmo quando não se percebe neles um aumento de prazer que possa justificar esse comportamento.

Este impacto motivador da dopamina se reflete de uma maneira muito especial no descontrole que todos nós sentimos ao continuar a comer depois de abrirmos a boca para o primeiro salgadinho ou batata frita em uma festa. Mais do que aguçar o apetite, que já temos, o que parece acontecer com a primeira e contida degustação é uma liberação de dopamina cerebral que aumenta o poder de incentivo dos estímulos relacionados ao prazer, neste caso, a comida, mas não o prazer em si, tornando mais intenso e frequente o comportamento contínuo que o busca. É por isso que depois da primeira batata frita não conseguimos mais nos conter e parar de comer. Esse incentivo parece especialmente forte no dependente de uma droga, ou qualquer outro tipo de dependência, perante qualquer estímulo relacionado ao seu consumo. A simples visão do “passador de drogas”, do local onde as vendem, pode desencadear a dopamina cerebral e com ela o desejo e a motivação para fazer o que for preciso para consegui-las.

Agora também sabemos que a dopamina aumenta quando somos estimulados por todo tipo de novidades, ou seja, quando acontecem coisas novas e inesperadas em nosso entorno, o que a neurociência chama de “erro de predição”. A novidade está quase sempre presente na rica vida dos jovens, mas muito menos na vida muitas vezes empobrecida dos idosos, que a fraqueza, a preguiça ou a falta de apoio familiar leva a se refugiarem no sedentarismo e no isolamento em casa. É, portanto, muito importante incentivar, por todos os meios, que os idosos tenham uma vida pessoal e social tão rica e ativa quanto possível para que seu cérebro libere dopamina e, com isso, aumente e mantenha sua motivação e seu desejo de continuar vivendo bem até em idades avançadas.

Ignacio Morgado Bernal é professor de Psicobiologia no Instituto de Neurociências e na Faculdade de Psicologia da Universidade Autônoma de Barcelona. É autor de ‘Deseo y placer: la ciencia de las motivaciones’ (Ariel, 2019).

FADIGA DE VIDEOCONFERÊNCIA: ESTUDO APONTA QUATRO CAUSAS E SOLUÇÕES

istock-1253877186_widelg

Desde que a pandemia começou, as chamadas de vídeo têm sido muito utilizadas para  reuniões de trabalho e encontros virtuais. No entanto, um estudo publicado no periódico Technology, Mind and Behavior na última terça-feira (23), mostrou o que muita gente já tinha percebido:  passar muito tempo em videoconferências pode causar fadiga.

O professor da Universidade de Stanford, Jeremy Bailenson, que conduziu o estudo, listou os quatro fatores que mais trazem cansaço aos usuários dessas plataformas. Veja quais são:

1) Contato visual excessivo

Tanto a quantidade de contato visual que mantemos durante os vídeos quanto o tamanho dos rostos nas telas não são naturais.

Em uma reunião normal, as pessoas costumam olhar para quem fala, tomando notas ou às vezes desviando o olhar. Mas nas ligações do Zoom, Meet ou Teams, todos estão olhando para todos, o tempo todo. Um ouvinte é tratado de forma não verbal como um orador, então mesmo que você não fale uma vez em uma reunião, ainda terá a sensação de que é encarado. Ou seja: a quantidade de contato visual aumenta drasticamente. Bailenson explica que, assim como no mundo não virtual, a fobia de falar em público também existe nas plataformas, e saber que todos estão te olhando o tempo todo aumenta ainda mais o estresse.

Outra fonte de desgaste é que, dependendo do tamanho do seu monitor, os rostos nas chamadas de videoconferência podem parecer grandes demais para o seu conforto. Quando isso acontece na vida real, o cérebro interpreta como uma situação mais intensa, como um contato íntimo ou um conflito. “O que está acontecendo, na verdade, quando você usa o Zoom por muitas, muitas horas, é que você está nesse estado de hiperexcitação”, explica Bailenson.

Para melhorar isso, o professor recomenda tirar a opção de tela inteira e reduzir o tamanho da janela do aplicativo em relação ao monitor para minimizar o tamanho do rosto.

2) Se observar o tempo todo

A maioria das plataformas de vídeo permite que a pessoa se veja durante um bate-papo, mas isso também não é natural, diz Bailenson. “No mundo real, se alguém estivesse seguindo você com um espelho constantemente – de forma que enquanto você estivesse falando com as pessoas, tomando decisões, dando feedback, recebendo feedback – você estivesse se vendo em um espelho, isso seria loucura”.

Bailenson cita estudos que mostram que quando você vê seu reflexo, acaba ficando mais crítico com si próprio. “É desgastante para nós. É estressante. E muitas pesquisas mostram que há consequências emocionais negativas em se ver no espelho.”

Uma solução dada por Bailenson é que os usuários usem o botão “ocultar visão própria”, que pode ser acessado clicando com o botão direito do mouse em sua própria foto, assim que virem que seu rosto está devidamente enquadrado no vídeo.

3) Redução da mobilidade

Em uma conversa normal, as pessoas costumam se movimentar, até para dar mais fluidez no discurso. Contudo, na videoconferência, a maioria das câmeras têm um campo de visão definido, o que significa que uma pessoa geralmente precisa ficar no mesmo lugar. O movimento é limitado de maneiras que não são naturais. “Há uma pesquisa crescente agora que diz que quando as pessoas estão se movendo, elas têm um desempenho cognitivo melhor”, disse Bailenson.

4) Carga cognitiva maior

Em uma conversa que se dá pessoalmente, a comunicação não-verbal é bastante natural e a grande maioria das pessoas faz e interpreta gestos e pistas não-verbais de forma natural. Mas em chats de vídeo, temos que trabalhar mais para enviar e receber sinais.

Na verdade, fala Bailenson, os humanos pegaram uma coisa simples e fácil e a transformaram em algo que envolve muito pensamento: “Você precisa ter certeza de que sua cabeça está emoldurada no centro do vídeo. Se você quiser mostrar a alguém que está de acordo com a pessoa, faça um aceno exagerado com a cabeça ou levante os polegares. Isso adiciona carga cognitiva, pois você está usando calorias mentais para se comunicar. ”

A NeuroForma possuí ferramentas incríveis que vão fortalecer sua capacidade de atenção ajudar na resolução de problemas. A ferramenta é disponibilizada gratuitamente por um período de testes e pode ser acessada do seu computador, tablet ou smartphone.

Acesse: wwww.neuroforma.com.br

Estudo aponta relação entre sono ruim e maior risco de demência para idosos.


idoso-insonia-1613574612843_v2_450x450

Pessoas que dormiram menos de cinco horas por noite tiveram maior risco de demência e até de morte prematura, conforme mostra uma nova pesquisa publicada na revista científica Aging.



Embora a relação possa parecer alarmante, o geriatra Natan Chehter, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo reforça que a pesquisa não mostra causalidade.



”Esse estudo não é de causa e efeito, mas de relação. Ele pega dados e vê se tem uma porcentagem de pessoas que desenvolveram a doença que estuda, mas não pode afirmar que a falta de sono causa a demência”, diz.



”Em uma explicação leiga, é parecido com dizer que pessoas que andam com isqueiro no bolso são mais propensas a ter câncer de pulmão — no caso, tem um fator oculto aí, que é o cigarro.

“

De acordo com o médico, após descobrir a relação, os pesquisadores podem focar para desenhar estudos que busquem comprovar — ou não — a ligação entre falta de sono e demência.



Como o estudo foi feito

Para chegar aos resultados, os pesquisadores acessaram questionários respondidos por 2610 pessoas com mais de 65 anos que fizeram parte do levantamento do National Health and Aging Trends Study entre 2013 e 2014 nos Estados Unidos.



Os médicos do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, analisaram as respostas dos entrevistados às perguntas relacionadas à perturbação e deficiência do sono.



Eles examinaram como os participantes avaliaram seu nível de energia, frequência de cochilos, quanto tempo demoraram para adormecer, se roncaram e a duração e a qualidade do sono.



A equipe seguiu coletando dados dos participantes por até cinco anos, com o intuito de observar desfechos de demência e morte.



Resultados



Os pesquisadores indicam, a partir do acompanhamento dos participantes entrevistados, que há uma ligação entre os problemas de sono e quanto tempo alguém leva para adormecer e o maior risco de demência.

Cochilar com frequência, lutar para ficar alerta e dormir mal de qualidade também estiveram relacionados a um risco maior de morte.



De acordo com os pesquisadores, cada vez mais estudos mostram que os problemas de sono estão relacionados à saúde do cérebro — antes acreditava-se que não conseguir dormir era apenas um sintoma de pessoas com diagnóstico de Alzheimer (a forma mais comum de demência).



“Esses dados aumentam a evidência de que o sono é importante para a saúde do cérebro e destacam a necessidade de mais pesquisas sobre a eficácia de melhorar o sono e tratar distúrbios do sono sobre o risco de demência e mortalidade”, afirmou Charles Czeisler, um dos autores do estudo.



Idosos têm sono mais leve naturalmente



Conforme aponta Chehter, pela própria dinâmica do sono do idoso, esse grupo de pessoas já tem uma pior qualidade de sono.
”Isso é inclusive constatado em idosos saudáveis, é algo que vem com o envelhecimento. Ao passar os anos, o sono se torna mais superficial, o que pode ter como impacto acordar mais vezes e ter dificuldade para voltar a dormir. Além disso, há doenças que são mais comum em idosos, como apneia do sono e síndrome de pernas inquietas”, explica.

Entenda o TDAH, condição que afetou Fiuk na infância

1RIO — O ator e cantor Fiuk comoveu os telespectadores do “Big Brother Brasil” esta semana ao narrar sua luta contra o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Segundo a Organização Mundial da Saúde, a condição afeta cerca de 5% das crianças, que podem carregar os sintomas para a fase adulta caso o quadro não seja tratado ainda na infância.

Fabio Barbirato, chefe da Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, lembra que o diagnóstico deve ser feito por um especialista. Segundo ele, outras condições podem produzir sintomas semelhantes aos do TDAH, como a ansiedade.

— Em circunstâncias ansiogênicas (que causam ansiedade), como a separação dos pais, crianças podem parecer mais desatentas do que o habitual. O diagnóstico do TDAH é clínico, mas o médico pode solicitar exames caso haja alguma dúvida — diz.

Segundo o especialista, o maior diferencial do TDAH para outros transtornos psíquicos é que ele tem como um de seus maiores fatores a hereditariedade genética:

— Hoje já se sabe que o TDAH é uma das condições psíquicas que mais sofrem influência do aspecto genético.

O especialista explica que o TDAH tem três diferentes apresentações. Há o perfil hiperativo-impulsivo, que manifesta mais traços de inquietude e impaciência do que os outros; o perfil desatento, que pode ser até tímido, mas também tem dificuldades para se concentrar; e há o perfil combinado, que mescla características das duas outras formas. (Barbirato detalha alguns sintomas de TDAH abaixo.)

Para a psicopedagoga Luciana Brites, diretora do Instituto NeuroSaber, dedicado à educação especial, a forma mais delicada do TDAH é a puramente desatenta. Ela pode se manifestar em crianças silenciosas, o que retarda e atrapalha a identificação do problema:

— Se a criança cresce num ambiente em que ninguém sabe o que é TDAH, dificuldades de aprendizado relacionadas ao transtorno podem se passar por obstáculos pontuais.

Esta forma também está mais exposta ao bullying, diz Brites:

— A criança TDAH tem menor maturidade emocional, o que a deixa mais vulnerável a ataques e ordens descabidas.

Segundo a especialista, o alerta deve se acender quando os sintomas do transtorno persistem por mais de seis meses. Uma vez diagnosticado, o quadro deve ser tratado com medicação e psicoterapia, sempre sob acompanhamento profissional.

Seu filho é TDAH? Conheça os sintomas

Tarefas incompletas

A criança com TDAH tem dificuldade para completar uma tarefa simples, como o dever de casa. Suas brincadeiras são curtas, e ela está sempre pulando de uma brincadeira para a outra. Não se interessa por passatempos que envolvam um maior nível de planejamento e concentração.

É um furacão

Um sinal de TDAH na infância é a agitação extrema: a criança fica a mil o tempo todo, correndo e pulando, e não consegue ficar séria ou parada quando isso é necessário. Às vezes, ela chega a parecer que não escuta o que a gente diz.

Não tem senso de perigo

A criança com TDAH gosta de brincadeiras que nos parecem arriscadas, com objetos proibidos, por exemplo. Isso acontece porque ela não tem o mesmo senso de perigo que as outras pessoas.

Vive distraído

Seu filho vive no mundo da lua, sem prestar atenção nos acontecimentos ao redor? Ele pode ter TDAH. A distração é um sintoma do transtorno, sobretudo na fase escolar.

É impulsivo e impaciente

Ele é irritadiço, toma atitudes por impulso e falha em calcular consequências. Em certas situações, ele parece não ter tato social, interrompendo pessoas e infringindo regras sem perceber.

Inquietude

Já na adolescência, um dos sinais do TDAH é a inquietude, que se manifesta no movimento frenético das mãos e dos pés, por exemplo. Também é comum que nesta fase a pessoa comece a demonstrar dificuldade para se planejar, lembrar compromissos e realizar tarefas demoradas.

A NeuroForma possuí ferramentas incríveis que vão fortalecer sua capacidade de atenção ajudar na resolução de problemas. A ferramenta é disponibilizada gratuitamente por um período de testes e pode ser acessada do seu computador, tablet ou smartphone.

Acesse: wwww.neuroforma.com.br

Fonte: Globo

Meditação treina o cérebro para enfrentar as adversidades do dia a dia

meditacao

Novo estudo americano apresenta um plano de bem-estar emocional concentrado em habilidades específicas que podem ser aprendidas, como meditar. Entenda:

Um novo estudo da University of Wisconsin-Madison, recentemente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences
, apresentou um plano de bem-estar emocional concentrado em habilidades específicas que podem ser aprendidas. Dentre elas, está a meditação. Assim como a atividade física, que desencadeia mudanças em nosso corpo, a meditação também é considerada uma atividade neural, com possibilidade de melhora através do tempo e possíveis alterações não só no estado de espírito, mas também na nossa mente. E as primeiras horas do dia são um dos melhores momentos para praticá-la.

– A meditação pela manhã serve principalmente para você despertar de vez e potencializar o restante do seu dia. A maneira como acordamos reflete inevitavelmente no restante do nosso dia. Deste modo, meditar se torna uma forma de “limpar” as preocupações logo ao acordar. Assim, você possui mais energia e tranquilidade para enfrentar as adversidades do seu dia – afirma Adriana Camargo, profissional de educação física, instrutora de Yoga e adepta da meditação, que ensina no vídeo abaixo como fazer a postura ideal pra começar a meditar.

Em meio à pior crise de saúde do século, relaxar nem sempre é uma opção. Pesquisas ao redor do mundo apontam que houve uma piora na saúde mental das pessoas devido aos estragos causados pela pandemia de Covid-19. Diante desse cenário, o estudo conduzido pelos pesquisadores da University of Wisconsin-Madison traz uma estrutura baseada em evidências científicas que sugerem que o bem-estar pode ser cultivado por meio de prática na vida diária. Neste caso, o objetivo da pesquisa foi defender o cultivo do bem-estar em qualquer estágio, mesmo quando estamos relativamente saudáveis, visto que essas habilidades têm como objetivo nos tornarem mais resilientes para momentos como ao que vivemos agora. A estrutura se concentra em quatro pilares que foram estudados e que podem sofrer alterações com o treinamento:

  1. Consciência – atenção ao ambiente, com sensações corporais, pensamentos e sentimentos;
  2. Conexão ou apreciação – aspectos como bondade e compaixão;
  3. Insight – fomento da curiosidade e do autoconhecimento;
  4. Propósito – entender seus valores e motivações.

A consciência e em particular a metaconsciência (estar ciente de que você está ciente) parecem diminuir o estresse e aumentar as emoções positivas, podendo ser fortalecidas por meio de práticas de treinamento mental, como meditação. Ela, por sua vez, ajuda a reduzir alguns dos efeitos prejudiciais da distração, que prejudicam a função cognitiva e aumentam as respostas do corpo ao estresse relacionado à inflamação e ao envelhecimento.

A pesquisa fornece evidências de que podemos resistir aos altos e baixos da vida com resiliência, apontando ainda que o cérebro e o corpo podem mudar e se adaptar. No entanto, em vez de substituir outras visões de bem-estar, os pesquisadores dizem que a estrutura apresentada busca complementar outros modelos, focalizando especificamente em dimensões de bem-estar que são treináveis e podem ser aprendidas. Ou seja, a ideia foi dar espaço a qualidades de uma mente saudável que muitas vezes não sabemos que são treináveis, como por meio da meditação.

– A meditação é uma técnica utilizada para se manter no momento presente. Durante a prática, você não pensa em nada objetivamente, mas o pensamento ainda existe, e você deve deixá-lo vir. Com o tempo, você vai sentir uma paz e equilíbrio cada vez mais orgânicos. Para tudo isso acontecer, é preciso uma posição adequada, um bom local e encontrar sua técnica – explica Adriana Camargo.

Como começar

As pesquisas sobre meditação ainda buscam proporcionar novas percepções sobre os métodos de treinamento mental, embora já seja atestado o potencial de melhorar a saúde e o bem-estar emocional. Para você que pensa em começar, é preciso considerar dois fatores:

  • Foco: você tem que ter um tempo mínimo de foco, você pode começar com um tempo de cinco minutos e depois ir aos poucos aumentando.
  • Frequência: é melhor você meditar menos tempo, mas todo dia, do que meditar muito tempo só que em dias alternados. Somente com a repetição diária uma atividade se torna um hábito.

– Os tempos de meditação máxima variam. Os monges zen budistas, por exemplo, meditam cerca de 40 minutos, três vezes ao dia. Por outro lado, já na meditação com mantra tem gente que medita por uma hora, duas vezes ao dia. Desta forma, o tempo vai depender da linha que você segue. No entanto, o mais importante é fazer num horário onde você não será interrompido e em um lugar calmo – conclui Adriana.

Como funciona

Meditar não custa nada, a não ser alguns minutos do seu dia, e pode ser praticado em qualquer lugar. A meditação é um exercício milenar, inclusive fazendo parte de muitas religiões ao redor do mundo. Dentre as inúmeras formas, destacam-se o mindfulness, a meditação transcendental, meditação vipassana, raja yoga e meditação zazen. Embora haja variedade nas técnicas, Adriana Camargo ressalta que na meditação, assim como na matemática, a ordem dos fatores não altera o produto. Ou seja, o resultado final.

– Eu comecei com a meditação que é um “mantra yoga”, mas ultimamente venho utilizando mais a meditação Zazen. No fundo, o objetivo é o mesmo, embora os caminhos sejam diferentes. Todas elas objetivam você estar presente no momento, com uma consciência plena. Nós não temos uma segunda chance nessa vida, não é mesmo? Então, temos que ser felizes agora e viver esse presente, não somente ficar preso aos projetos a longo prazo. Essa necessidade de querer avançar o tempo todo, sempre pensando no passo posterior, te tira de viver o agora. Por isso, a meditação busca, se não acabar com isso, ao menos minimizar essa nossa constante necessidade de viver no depois – conta Adriana.

A meditação apresenta ganhos para saúde mental, destacando-se as modificações neurais, que cada vez mais são analisadas pela literatura médica, sobretudo o processo conhecido como neuroplasticidade.

Quando aprendemos uma habilidade nova, por exemplo, como tocar um instrumento musical, o nosso cérebro muda por meio desse processo. É o que chamamos de neuroplasticidade. E isso também ocorre na meditação, uma vez que o praticante passa por uma experiência que afeta o funcionamento e a estrutura física do cérebro de forma benéfica.

Só para ilustrar, em 2018, pesquisadores da University of Wisconsin-Madison examinaram a atividade cerebral em não meditadores, novos meditadores e praticantes da meditação, com milhares de horas de experiência vitalícia, e ficaram constatadas diferenças nas redes de emoções do cérebro entre esses grupos.

A pesquisa incluiu mais de 150 adultos, sendo que os meditadores de longa data já praticavam diariamente e completaram retiros de meditação de vários dias. Por outro lado, os novos meditadores foram designados aleatoriamente para um curso de redução do estresse baseado na atenção plena de oito semanas que incluía meditação. Por fim, o grupo de controle composto de pessoas sem experiência em meditação foi aleatoriamente designado para um “programa de melhoria da saúde” durante o mesmo período de tempo, incluindo práticas de bem-estar, mas não meditação especificamente.

Após um período de oito semanas, os participantes viram e rotularam fotografiass como emocionalmente positivas, negativas ou neutras, enquanto faziam uma varredura cerebral por ressonância magnética funcional. Tanto os praticantes de longa data quanto os novos meditadores – quando comparados aos não-meditadores – mostraram atividade reduzida na amígdala ao verem imagens emocionalmente positivas. A amígdala é uma área do cérebro crítica para a emoção e detecção de informações importantes do ambiente.

Da mesma forma, os pesquisadores também descobriram que os meditadores de longo prazo apresentaram redução da atividade em suas amígdalas ao verem imagens negativas. Embora as reduções na reatividade a imagens positivas tenham sido observadas em todos os níveis de treinamento, isso indica que reagir a desafios emocionais negativos requer mais treinamento, o que pode ser alcançado por meio da meditação.

A atividade mais baixa na amígdala em resposta a imagens negativas era uma tendência geral entre os meditadores, mas era mais forte e mais significativa em meditadores de longa duração com experiência. Além disso, a equipe descobriu que, após oito semanas de treinamento, as pessoas novas em meditação mostraram um aumento na conectividade entre a amígdala e uma área do cérebro que suporta a função executiva (que inclui autorregulação e rastreamento de metas) e emoção, a córtex pré-frontal ventromedial.

– Com a meditação, é provável que você tenha mais facilidade de viver o momento presente, além de se sentir melhor emocionalmente e fisicamente para as adversidades do dia a dia. Como consequência, você acaba levando isso, inclusive, para as pessoas ao seu entorno. O ambiente também acaba se tornando mais saudável, já que as nossas oscilações (de humor) são menores e isso reflete em todo ambiente – conta Adriana Camargo.

A NeuroForma possuí ferramentas incríveis que vão fortalecer sua capacidade de atenção ajudar na resolução de problemas. A ferramenta é disponibilizada gratuitamente por um período de testes e pode ser acessada do seu computador, tablet ou smartphone.

Acesse: wwww.neuroforma.com.br

Fonte: G1

Sono profundo limpa “resíduos do cérebro”

pngtree-2021-creative-sense-business-label_5487750

O sono profundo tem a capacidade regeneradora de limpar “resíduos do cérebro”, como a eliminação de proteínas tóxicas que podem levar a doenças neurodegenerativas, concluiu um estudo da Northwestern University, nos Estados Unidos, hoje divulgado.

Segundo este estudo da instituição norte-americana, a eliminação dos resíduos apresenta-se como “crucial para a saúde do cérebro”, prevenindo doenças neurodegenerativas, o que vem reafirmar a importância de “ter uma boa noite de sono”.

“A eliminação de resíduos pode ser importante para manter a saúde do cérebro ou para prevenir doenças neurodegenerativas. A eliminação de resíduos pode ocorrer durante a vigília e o sono, mas é substancialmente aumentada durante o sono profundo”, salientou Ravi Allada, autor principal da investigação que foi hoje publicada na revista Science Advances.

Este novo estudo recorreu a moscas da fruta que, segundo os investigadores, têm neurónios que gerem os ciclos de vigília e do sono “notavelmente semelhantes” aos dos humanos, razão pela qual estes insetos têm sido utilizados em investigações científicas sobre o sono, doenças neurodegenerativas e ritmos circadianos (período de cerca de 24 horas sobre o qual o ciclo biológico de quase todos os seres vivos se baseia).

A equipa de Ravi Allada, que é também diretor do Centro de Sono e Biologia Circadiana da Northwestern, constatou que, quando num estádio semelhante ao sono profundo de ondas lentas em humanos, os insetos eliminavam com maior facilidade resíduos cerebrais, ajudando na recuperação de lesões.

De acordo com o especialista, as conclusões deste estudo contribuem para a “compreensão do mistério” sobre a necessidade dos organismos de dormir e sugerem que a “eliminação de resíduos” do cérebro constitui uma função central do sono profundo.

Como nosso cérebro lida com situações extremas?

foto

Situações extremas englobam a violência em todas as suas manifestações, desigualdade, pobreza e abuso infantil; nosso cérebro está configurado para sobreviver a elas, mas sua resposta varia em função de vários fatores.

Como nosso cérebro responde a situações extremas que perduram ao longo do tempo? A violência, o terrorismo, a exclusão social, os maus tratos, o abuso infantil ou outras circunstâncias extremas podem ser enfrentadas dentro da normalidade?

A verdade é que, graças a dois conceitos inerentes a este tipo de situação, o estresse e a resiliência, sim.

O termo estresse geralmente está associado a um estado patológico. No entanto, se refere a uma reação do ser humano diante de situações ameaçadoras ou de excessiva demanda.

Na verdade, a biologia do estresse não é simplesmente um sistema de emergência. Está mais para um processo contínuo: o corpo e o cérebro se adaptam às experiências diárias, estressantes ou não.

O termo resiliência, por sua vez, é definido pelo Instituto Espanhol de Resiliência como a capacidade de enfrentar adversidades. A neurociência considera que as pessoas mais resilientes têm um equilíbrio emocional maior diante de situações de estresse.

Isso dá a elas uma sensação de controle sobre os acontecimentos e uma capacidade maior de enfrentá-los.

Como nosso cérebro funciona em situações estressantes?

A base do que as pessoas fazem, sentem e pensam está no cérebro. Ele percebe e reconhece o ambiente, influencia e responde a ele. É capaz de integrar passado e presente e, o que é fundamental, antecipar o futuro incerto.

O cérebro é o órgão central de percepção e resposta fisiológica, emocional-psicológica e comportamental aos fatores de estresse. É quem determina o que é ameaçador e potencialmente estressante. E as respostas fisiológicas e comportamentais que podem se adaptar ou causar danos.

São distintas as regiões cerebrais que respondem ao estresse crônico e agudo, passando por uma remodelação estrutural.

Uma equipe de cientistas da Universidade Yale, nos EUA, revelou que a atividade cerebral flexível em uma área específica do cérebro pode predizer a capacidade de recuperação diante de situações estressantes ou de risco.

Na psicologia, isso é conhecido como resiliência. Definido de forma mais global, é a capacidade de indivíduos, grupos e comunidades de enfrentar e se adaptar às adversidades.

O córtex pré-frontal ventromedial parece ser a área do cérebro responsável por predizer a capacidade de recuperação de situações de estresse.

A mediação do estresse em situações extremas

Situações extremas englobam contextos como a violência em todas as suas manifestações, a desigualdade, a miséria, a exclusão, os maus-tratos, o abuso infantil ou o terrorismo.

A resposta ao estresse em circunstâncias como essas ocorre como uma tentativa do organismo de restaurar o equilíbrio em contextos de exigência. Também para se adaptar a mudanças nas condições biológicas, psicológicas e/ou sociais.
Essa resposta pode ser modulada por meio de um conjunto de variáveis cognitivas, sociais e pessoais. Do ponto de vista adaptativo, o estresse permite a mobilização imediata das reservas de energia do organismo.

Além disso, possui um valor adaptativo elevado, ao gerar mudanças para facilitar o enfrentamento de uma ameaça. No entanto, também pode facilitar comportamentos desadaptativos diante dessas situações.

Resiliência como fator-chave

Como algumas pessoas fazem para se adaptar e superar situações extremas e traumas pessoais? Como mencionamos anteriormente, isso depende da capacidade que temos de nos recuperar de situações extremas.

Embora a resiliência seja uma qualidade inata, também é considerada um processo dinâmico. Portanto, pode ser desenvolvida como uma capacidade de adaptação a diferentes ambientes adversos sem gerar um nível de estresse negativo.

O conceito evoluiu desde a década de 1960. Seu estudo se concentrou tanto em fatores individuais, quanto familiares, comunitários e culturais. Assim, os pesquisadores do século 21 entendem a resiliência como um processo comunitário e cultural que responde a três modelos: compensatório, de proteção e de desafio.

Há muitos exemplos conhecidos de processos resilientes. É o caso de Viktor Frankl, pai da psicologia humanística e da logoterapia, que sobreviveu três anos em campos de concentração nazistas.

A logoterapia é uma psicoterapia que propõe a vontade de sentido como a motivação primária do ser humano: se a pessoa encontra essa vontade nas situações mais extremas, ela será capaz de se adaptar e superá-las melhor.

Outro exemplo pode ver observado em um dos pais da resiliência, o neurologista francês de origem judaica Boris Cyrulnik. Para se esconder durante a Segunda Guerra Mundial, ainda criança, foi levado sem os pais para uma pensão da qual teve que fugir pouco tempo depois.

Até o fim do conflito, Cyrulnik se escondeu em vários lugares. Seus pais não tiveram tanta sorte. Após serem deportados, ele não teve mais notícias deles.

Em virtude de suas vivências, Cyrulnik dedicou sua carreira profissional ao tratamento de crianças com traumas e outros problemas de comportamento e exclusão social. Aos 82 anos, continua exercendo a profissão como professor e pesquisador.

Em suma: nosso cérebro está configurado para sobreviver. Embora sua resposta a situações extremas varie em função de diversos fatores intrapessoais, ele pode chegar a aceitá-las como normais. Nesse processo, a resiliência será um fator determinante.

*Fátima Servián Franco é psicóloga geral de saúde e diretora do Centro de Psicologia RNCR e PDI na Universidade Internacional de Valência, na Espanha.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).