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4 formas como o racismo afeta o cérebro e o corpo das crianças, segundo Harvard

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Universidade demonstra como exposição direta ou indireta ao racismo estrutural pode alterar arquitetura cerebral e causar doenças

Episódios diários de racismo, desde ser alvo de preconceito até assistir a casos de violência sofridos por outras pessoas da mesma raça, têm um efeito às vezes “invisível”, mas duradouro e cruel sobre a saúde, o corpo e o cérebro de crianças.

A conclusão é do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, que compilou estudos documentando como a vivência cotidiana do racismo estrutural, de suas formas mais escancaradas às mais sutis ou ao acesso pior a serviços públicos, impacta “o aprendizado, o comportamento, a saúde física e mental” infantil.

No longo prazo, isso resulta em custos bilionários adicionais em saúde, na perpetuação das disparidades raciais e em mais dificuldades para grande parcela da população em atingir seu pleno potencial humano e capacidade produtiva.

Embora os estudos sejam dos EUA, dados estatísticos — além do fato de o Brasil também ter histórico de escravidão e desigualdade — permitem traçar paralelos entre os dois cenários.

Aqui, casos recentes de violência contra pessoas negras incluem o de Beto Freitas, espancado até a morte dentro de um supermercado Carrefour em Porto Alegre em 20 de novembro, e o das primas Emilly, 4, e Rebeca, 7, mortas por disparos de balas enquanto brincavam na porta de casa, em Duque de Caxias em 4 de dezembro.

No Brasil, 54% da população é negra, percentual que é de 13% na população dos EUA.

1. Corpo em estado de alerta constante

O racismo e a violência dentro da comunidade (e a ausência de apoio para lidar com isso) estão entre o que Harvard chama de “experiências adversas na infância”. Passar constantemente por essas experiências faz com que o cérebro se mantenha em estado constante de alerta, provocando o chamado “estresse tóxico”.

“Anos de estudos científicos mostram que, quando os sistemas de estresse das crianças ficam ativados em alto nível por longo período de tempo, há um desgaste significativo nos seus cérebros em desenvolvimento e outros sistemas biológicos”, diz o Centro de Desenvolvimento Infantil da universidade.

Na prática, áreas do cérebro dedicadas à resposta ao medo, à ansiedade e a reações impulsivas podem produzir um excesso de conexões neurais, ao mesmo tempo em que áreas cerebrais dedicadas à racionalização, ao planejamento e ao controle de comportamento vão produzir menos conexões neurais.

“Isso pode ter efeito de longo prazo no aprendizado, comportamento, saúde física e mental”, prossegue o centro. “Um crescente corpo de evidências das ciências biológicas e sociais conecta esse conceito de desgaste (do cérebro) ao racismo. Essas pesquisas sugerem que ter de lidar constantemente com o racismo sistêmico e a discriminação cotidiana é um ativador potente da resposta de estresse.”

“Embora possam ser invisíveis para quem não passa por isso, não há dúvidas de que o racismo sistêmico e a discriminação interpessoal podem levar à ativação crônica do estresse, impondo adversidades significativas nas famílias que cuidam de crianças pequenas”, conclui o documento de Harvard.

2. Mais chance de doenças crônicas ao longo da vida

Essa exposição ao estresse tóxico é um dos fatores que ajudam a explicar diferenças raciais na incidência de doenças crônicas, prossegue o centro de Harvard:

“As evidências são enormes: pessoas negras, indígenas e de outras raças nos EUA têm, em média, mais problemas crônicos de saúde e vidas mais curtas do que as pessoas brancas, em todos os níveis de renda.”

Alguns dados apontam para situação semelhante no Brasil. Homens e mulheres negros têm, historicamente, incidência maior de diabetes — 9% mais prevalente em negros do que em brancos; 50% mais prevalente em negras do que em brancas, segundo o Ministério da Saúde — e pressão alta, por exemplo.

Os números mais marcantes, porém, são os de violência armada, como a que vitimou as meninas Emilly e Rebeca. O Atlas da Violência aponta que negros foram 75,7% das vítimas de homicídio no Brasil em 2018.

A taxa de homicídios de brasileiros negros é de 37,8 para cada 100 mil habitantes, contra 13,9 de não negros.

Há, ainda, uma incidência possivelmente maior de problemas de saúde mental: de cada dez suicídios em adolescentes em 2016, seis foram de jovens negros e quatro de brancos, segundo pesquisa do Ministério da Saúde publicada no ano passado.

“O adoecimento (pela vivência do racismo) é constante, e vemos nos dados escancarados, como os da violência, mas também na depressão, no adoecimento psíquico e nos altos números de suicídio”, afirma a psicóloga Cristiane Ribeiro.

“E por que essa é violência é tão marcante entre pessoas negras? Porque aprendemos que nosso semelhante é o pior possível e o quanto mais longe estivermos dele, melhor. A criança materializa isso de alguma forma. Temos estatísticas de que crianças negras são menos abraçadas na educação infantil, recebem menos afeto dos professores. (Algumas) ouvem desde cedo ‘esse menino não aprende mesmo, é burro’ ou ‘nasceu pra ser bandido'”, prossegue Ribeiro.

Embora muitos conseguem superar essa narrativa, outros têm sua vida marcada por ela, diz Ribeiro. “Trabalhei durante muito tempo no sistema socioeducativo (com jovens infratores), e essas sentenças são muito recorrentes: o menino que escuta desde pequeno que ‘não vai ser nada na vida’. São trajetórias sentenciadas.”

3. Disparidades na saúde na educação

Os problemas descritos acima são potencializados pelo menor acesso aos serviços públicos de saúde, aponta Harvard.

“Pessoas de cor recebem tratamento desigual quando interagem em sistemas como o de saúde e educação, além de terem menos acesso a educação e serviços de saúde de alta qualidade, a oportunidades econômicas e a caminhos para o acúmulo de riqueza”, diz o documento do Centro de Desenvolvimento infantil.

“Tudo isso reflete formas como o legado do racismo estrutural nos EUA desproporcionalmente enfraquece a saúde e o desenvolvimento de crianças de cor.

“Mais uma vez, os números brasileiros apontam para um quadro parecido. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, 67% do público do SUS (Sistema Único de Saúde) é negro. No entanto, a população negra realiza proporcionalmente menos consultas médicas e atendimentos de pré-natal.

E, entre os 10% de pessoas com menor renda no Brasil, 75% delas são pretas ou pardas.

Na educação, as disparidades persistem. Crianças negras de 0 a 3 anos têm percentual menor de matrículas em creches. Na outra ponta do ensino, 53,9% dos jovens declarados negros concluíram o ensino médio até os 19 anos — 20 pontos percentuais a menos que a taxa de jovens brancos, apontam dados de 2018 do movimento Todos Pela Educação.

4. Cuidadores mais fragilizados e ‘racismo indireto’

Os efeitos do estresse não se limitam às crianças: se estendem também aos pais e responsáveis por elas — e, como em um efeito bumerangue, voltam a afetar as crianças indiretamente.

“Múltiplos estudos documentaram como os estresses da discriminação no dia a dia em pais e outros cuidadores, como ser associado a estereótipos negativos, têm efeitos nocivos no comportamento desses adultos e em sua saúde mental”, prossegue o Centro de Desenvolvimento Infantil.

Um dos estudos usados para embasar essa conclusão é uma revisão de dezenas de pesquisas clínicas feita em 2018, que aborda o que os pesquisadores chamam de “exposição indireta ao racismo”: mesmo quando as crianças não são alvo direto de ofensas ou violência racista, podem ficar traumatizadas ao testemunhar ou escutar sobre eventos que tenham afetado pessoas próximas a elas.

“Especialmente para crianças de minorias (raciais), a exposição frequente ao racismo indireto pode forçá-las a dar sentido cognitivamente a um mundo que sistematicamente as desvaloriza e marginaliza”, concluem os pesquisadores.

O estudo identificou, como efeito desse “racismo indireto”, impactos tanto em cuidadores (que tinham autoestima mais fragilizada) como nas crianças, que nasciam de mais partos prematuros, com menor peso ao nascer e mais chances de adoecer ao longo da vida ou de desenvolver depressão.

Na infância, diz a psicóloga Cristiane Ribeiro, é quando começamos a construir nossa capacidade de acreditar no próprio potencial para viver no mundo. No caso da população negra, essa construção é afetada negativamente pelos estereótipos racistas, sejam características físicas ou sociais — como o “cabelo pixaim” ou “serviço de preto”.

“A gente precisa ter referências mais positivas da população negra como aquela que também é responsável pela constituição social do Brasil. A única representação que a gente tem no livro didático de história é de uma pessoa (escravizada) acorrentada, em uma situação de extrema vulnerabilidade e que está ali porque ‘não se esforçou para não estar'”, diz a pesquisadora.

Mesmo atos “sutis” — como pessoas negras sendo seguidas por seguranças em shopping centers ou recebendo atendimento pior em uma loja qualquer —, que muitas vezes passam despercebidos para observadores brancos, podem ter efeitos devastadores sobre a autoestima, prossegue Ribeiro.

“Isso que a gente costuma chamar de sutileza do racismo não tem nada de sutil na minha perspectiva. Quando alguém grita ‘macaco’ no meio da rua, as pessoas compartilham a indignação. É diferente do olhar (preconceituoso), que só o sujeito viu e só ele percebeu. Mesmo para a militante mais empoderada e ciente de seus direitos — porque é uma luta sem descanso —, tem dias que não tem jeito, esse olhar te destroça. A gente fala muito da força da mulher negra, mas e o direito à fragilidade? será que ser frágil também é um privilégio?”

Como romper o ciclo

“Avanços na ciência apresentam um retrato cada vez mais claro de como a adversidade forte na vida de crianças pequenas pode afetar o desenvolvimento do cérebro e outros sistemas biológicos. Essas perturbações iniciais podem enfraquecer as oportunidades dessas crianças em alcançar seu pleno potencial”, diz o documento de Harvard.

Mas é possível romper esse ciclo, embora lembrando que as formas de combatê-lo são complexas e múltiplas.

“Precisamos criar novas estratégias para lidar com essas desigualdades que sistematicamente ameaçam a saúde e o bem-estar das crianças pequenas de cor e os adultos que cuidam delas. Isso inclui buscar ativamente e reduzir os preconceitos em nós e nas políticas socioeconômicas, por meio de iniciativas como contratações justas, oferta de crédito, programas de habitação, treinamento antipreconceito e iniciativas de policiamento comunitário”, diz o Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard.

Para Cristiane Ribeiro, passos fundamentais nessa direção envolvem mais representatividade negra e mais discussões sobre o tema dentro das escolas.

“Se tenho uma escola repleta de negros ou pessoas de diferentes orientações sexuais, mas isso não é dito, não é tratado, você tem a mesma segregação que nos outros espaços”, opina.

“Precisamos extinguir a ideia do ‘lápis cor de pele’. Tem tanta cor de pele, porque um lápis rosa a representa? Tem também a criança com cabelo crespo em uma escola onde só são penteados os cabelos lisos. Se a professora der conta de tratar aquele cabelo de uma forma tão afetiva quanto ela trata o cabelo lisinho, ela mudará o mundo daquela criança, inclusive incluindo nessa criança defesa para que ela responda quando seu cabelo for chamado de duro, de feio. E daí ela se olha no espelho e vê beleza, que é um direito que está sendo conquistado muito aos poucos. A chance é de que faça diferença pra família inteira. A criança negra que fala ‘não, mãe, meu cabelo não é feio’ desloca aquele ciclo naquela família, de todas as mulheres alisarem o cabelo. (…) Um olhar afetivo nessa história quebra o ciclo.”

O afeto e a construção de redes de apoio também são apontados por Harvard como formas de aliviar o peso do estresse tóxico e construir resiliência em crianças e famílias.

“É claro que a ciência não consegue lidar com esses desafios sozinha, mas o pensamento informado pela ciência combinado com o conhecimento em mudar sistemas entrincheirados e as experiências vividas pelas famílias que criam seus filhos sob diferentes condições podem ser poderosos catalisadores de estratégias eficientes,” defende o Centro para o Desenvolvimento Infantil.

Alimentos de fim de ano que turbinam o cérebro

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Especialmente nessa época do ano, temos a tendência de comer alguns alimentos que podem fazer mal, se consumidos em excesso. Aliás, tem uma matéria aqui mesmo no portal que aborda o que esses alimentos, quando consumidos exageradamente, causam ao corpo humano. Ao contrário disso, existem alguns alimentos que aparecem no período de dezembro que podem fazer bem à saúde. Quais?

Começamos pelas frutas vermelhas. Compostas de ação antioxidante, anti-inflamatórias, além de proteger o cérebro contra o envelhecimento, essas frutinhas são bem usadas pelas famílias brasileiras, principalmente na montagem das refeições de final de ano, o que inclui morangos, uva, amora, framboesa e muitas outras.

Outro alimento presente em muitas comemorações é o amendoim. Cheio de gorduras boas, vitaminas e minerais que contribuem para o bom funcionamento do cérebro, o amendoim é fácil de consumo e produz bons resultados para a mente humana, claro, quando consumido na forma natural, sem adição de sal.

O azeite também é um ótimo parceiro para a saúde corpórea. Utilizado como tempero em muitas saladas, o azeite combate a oxidação do colesterol ruim, o LDL. Além disso, o óleo ainda carrega consigo benefícios físicos, como a recuperação de músculos, recomendada numa alimentação de quem pratica exercícios físicos.

Remetendo aos líquidos, uma bebida muito consumida, principalmente nas ceias natalinas, é o vinho. O consumo moderado da bebida faz muito bem para o organismo e o corpo em geral. O vinho reduz a pressão arterial e é rico em bioativos que trazem uma série de benefícios, como a proteção dos tecidos contra radicais livres de oxigênio, diminuindo riscos de doenças como a aterosclerose (acumulo de placas de gordura).

Existem diversas variedades da gama dos alimentos que foram apresentados e também muitos que não foram exibidos. O ponto é levarmos uma alimentação balanceada e não nos perdemos, caso estejamos fazendo alguma dieta nesse período do ano, onde as mesas ficam fartas de refeições que, ao excesso, fazem mal à saúde. Queira terminar seu 2020 assim como quer iniciar o próximo ano: bem!

Fonte: Portal R7

Como a Ciência explica que nunca esquecemos de algumas músicas

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Para ter memória, o mundo criou a música. No início das civilizações, os principais saberes de diferentes culturas eram passados de geração em geração através da tradição oral. E essa tradição oral dependia da memória.

“Antes que as narrativas pudessem ser escritas, elas eram recitadas ou cantadas”, diz David C. Rubin, professor de Psicologia da Universidade Duke, no livro Memory in Oral Tradition (Memória em tradição oral, em tradução livre).

É por isso que textos como A Ilíada, a Odisséia e outros grandes épicos antigos foram transmitidos pela primeira vez na forma de versos.

Então, a música ocupou esse mesmo espaço. As canções nos levam a um lugar, um momento.


Não sabemos ainda muito bem o porquê, mas a música é uma das poucas armas que os terapeutas têm para lidar com o avanço do mal de Alzheimer, a forma mais comum de demência em idosos.

Mas como a música tem esse efeito na memória? Por que nunca esquecemos de nossas músicas favoritas?
“A música tem a capacidade dupla de criar e recuperar memórias dentro do cérebro humano”, diz a psicóloga Lucía Amoruso, pesquisadora da Universidade de Buenos Aires na Argentina, que investiga aspectos do comportamento e da música.

“Quando as pessoas sofrem de demência senil ou Alzheimer, em muitos caso,s a música é a única chave que lhes resta para desbloquear essas memórias.”

Embora existam muitas teorias, não existe uma definitiva sobre quando a música apareceu na vida do ser humano.


De todas as hipóteses, incluindo a que indica que se pretendia imitar o “canto” dos animais, há uma surpreendente: a que sugere que foi a forma que as mães encontraram para acalmar seus filhos.


“Em tempos pré-históricos, as mães tinham que se afastar de seus bebês em intervalos regulares para ter as mãos livres para outras atividades e usavam uma forma de falar como bebês, um ‘tom maternal’, para tranquilizá-los”, explica Dean Falk, antropólogo da Universidade da Flórida no livro How Humans Achieved their Words (Como humanos conquistaram suas palavras, em tradução livre).


A tonalidade, aquela musicalidade com que nossas mães falam conosco especialmente quando somos bebês, abre nossos primeiros canais em nossa memória.

“Várias análises indicaram que o cérebro dos bebês tem a capacidade de responder à melodia muito antes que a comunicação possa ser estabelecida por meio de palavras”, diz Amoruso.


“A música, de alguma forma, nos ajuda a criar nosso primeiro vínculo social, que é com nossos pais. E isso será replicado em nossos outros laços sociais no futuro e, claro, com a música.”


Então, quando crescemos com essa programação, toda vez que ouvimos uma melodia, um processo impressionante ocorre em nosso cérebro: em vez de ativar uma área ou região, várias são ativadas.


“A primeira coisa que ocorre no cérebro quando ouvimos música é que nosso centro de prazer é ativado e libera dopamina, que é basicamente um neurotransmissor que nos deixa felizes”, explica Robert Zatorre, que é músico, psicólogo e fundador do Centro de Pesquisa do Cérebro, Música e Som, no Canadá.


Normalmente, as músicas que memorizamos ficam no lobo frontal, onde está localizada nossa “discoteca” mental.


“No entanto, embora pareça que a música simplesmente nos dá prazer e o guardamos na memória, a verdade é que muito mais coisas acontecem em nossas cabeças”, diz Zatorre.

O cérebro, para começar, compara a melodia que está ouvindo com aquela gravada em sua cabeça, o que nos permite reconhecer uma música simplesmente ouvindo suas primeiras notas.

“E outro processo que ocorre é que o cérebro deve separar a música do ruído externo. Esse processo também é bastante complexo, porque devemos iniciar vários processos cognitivos”, explica Zatorre.

Músicas favoritas

emoções (que podem até ser tristes) e desperta sentimentos?

Recentemente, por ocasião do Dia Mundial da Luta contra a Doença de Alzheimer, perguntamos aos leitores sobre as canções que pensavam que nunca iriam esquecer.

E embora muitas delas estivessem relacionadas ao amor, a verdade é que a maioria era determinada por um momento preciso da vida: o nascimento de um filho, a primeira viagem ao exterior, a morte de um amigo, a libertação da prisão.

Na ciência, essa correlação também é explicada pela conexão das melodias com a memória.

“Existem vários sistemas de memória: episódica, temporal, semântica, de curto prazo, de longo prazo”, enumera Amoruso.

Assim como uma música pode fazer parte de um momento específico, como uma viagem inesquecível, o momento em que nos apaixonamos por alguém, uma conquista importante, o artista que interpreta a música ou a letra da música também desempenha um papel importante.

“Uma viagem, um momento, fazem parte da memória episódica, mas acontece que a música é interpretada por um artista que conhecemos bem, suas características, história… Aí também se ativa a memória semântica”, afirma o especialista.

“Para ser armazenada em nosso cérebro, a música depende de todos esses sistemas de memória”, acrescenta.

’Toque de novo’
Para Zatorre, além desse processo, com a música, também existe um fenômeno associado à repetição.

“O que acontece quando gostamos muito de uma música? Nós a repetimos”, diz ele.
“E não apenas por um breve período. Por exemplo, uma música que nos marcou quando tínhamos 15 anos, podemos ouvi-la muitas vezes pelo resto de nossas vidas. Ela acaba gravada na nossa memória de forma excepcional”, explica Zatorre.

“Algo que não acontece da mesma forma com outras coisas que nos dão prazer: comer nossa comida favorita ou visitar nosso lugar preferido”, completa.

E aí vem outro fator: a música não só cria memórias e evoca emoções, mas também condiciona nosso comportamento e nossas memórias.

Um dos principais estudos de Amoruso examinou como, por meio da música, as pessoas podem antecipar o comportamento dos outros.

Em sua pesquisa, intitulada “O tempo do tango: experiência e antecipação contextual durante a observação da ação”, a neurologista destaca que as pessoas estudadas que ouviam tango há muitos anos (e também o dançavam) podiam antecipar, em apenas milissegundos, o erros que quem nunca tinha ouvido a famosa melodia argentina ia cometer ao dançar pela primeira vez.

“O que os resultados deste estudo mostram é que as reações no cérebro que permitiram antecipar esse erro foram inteiramente devidas à experiência de quem ouvia e dançava tango há muitos anos”, explica.

Até o último suspiro
Recentemente, viralizou um vídeo de uma idosa sentada em uma cadeira, que depois que alguém a fez ouvir a famosa peça de balé O Lago dos Cisnes, de Pyotr Ilyich Tchaikovsky, parece começar a dançar.

Em sua cadeira de rodas, com os olhos fechados, como se evocassem uma luz, realiza movimentos de balé com as mãos, quase como se estivesse diante de um auditório lotado.

Mas a verdade é que ela estava em uma casa de repouso. Seu nome era Marta González, e ela sofria de Alzheimer (faleceu em 2019, logo após a gravação do vídeo). Mas ela havia estudado balé em Cuba e não havia esquecido aqueles belos movimentos do Lago dos Cisnes, apesar do avanço da doença. E eles foram ativados ao ouvir música.

Como isso pode acontecer, se um dos locais mais afetados pelo Alzheimer é o lobo frontal?

“É algo que ainda não podemos responder de forma conclusiva. O que poderíamos afirmar é que a música é a chave para muitas memórias que ainda estão na nossa memória, apesar de sofrermos de uma doença degenerativa”, explica Amoruso.

No entanto, nem qualquer música pode ser usada para tratar pessoas afetadas por demência senil ou Alzheimer.

“Não se pode dizer com certeza que a música é a última coisa que esquecemos. Muitos pacientes com Alzheimer não reagem aos tratamentos com música”, diz Zatorre.
Mas o especialista aponta uma diferença: quando a música para o tratamento é escolhida pelo paciente é quando há os melhores resultados.

“O vínculo com a música e a memória tem um alto grau emocional. Muitos desses pacientes acessam essas memórias graças à música. Na verdade, às vezes, é o último recurso para acessar essas memórias”, nota Amoruso.

Para Zatorre e Amoruso, a música também tem sido um elemento fundamental para lidar com o confinamento. E talvez seja assim que nos lembramos de 2020 e do contexto da pandemia do coronavírus.

“Muitos dos pacientes que tratei me confessaram que nem sexo, nem comida, nem bebida alcoólica ajudaram muito a lidar com o confinamento e as circunstâncias que nos levaram a viver a pandemia”, disse Zatorre .

“A maioria indica que a música tem sido sua maior aliada. Que essa tem sido uma forma de aguentar o que está acontecendo. E tenho certeza que muitas memórias foram criadas a partir dessa combinação.”

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fonte: BBC

Você sabe por que o déjà vu acontece? Descubra as 4 principais teorias

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Entre confusões no processamento de dados e problemas no armazenamento de memórias, fenômeno ainda não é completamente esclarecido

Déjà vu é o termo francês que significa, em português, “já visto”. A frase é usada para designar a sensação de já ter vivido no passado o exato momento pelo qual se está passando ou de sentir que um local estranho é familiar. É como se a cena presente já estivesse na lembrança.

No entanto, embora seja uma sensação relativamente comum, ainda não existe uma explicação científica única sobre o motivo de isso acontecer. O déjà vu é uma sensação rápida e que acontece sem qualquer sinal de aviso, por isso é difícil de ser estudarda.

No entanto, existem algumas teorias que, embora complexas, podem justificar o déjà vu:

1. Acionamento acidental do cérebro

Nesta teoria, prevalece a suposição de que o cérebro segue dois passos quando observa uma cena familiar:

Procura em todas as memórias por alguma outra que contenha elementos semelhantes;
Caso identifique uma memória parecida, avisa que é uma situação semelhante.
Porém, este processo pode dar errado e o cérebro acaba indicando que uma situação atual pertenceria ao passado.

2. Mal funcionamento da memória

Esta é uma das teorias mais antigas, na qual os investigadores acreditam que o cérebro passa à frente das memórias de curto prazo, chegando imediatamente nas memórias mais antigas, confundindo-as e fazendo acreditar que as memórias recentes, que podem ainda estar sendo construídas sobre o momento que está sendo vivido, são antigas, criando a sensação de que já se viveu a mesma situação antes.

3. Duplo processamento

Esta teoria está relacionada com a forma como o cérebro processa a informação que chega dos sentidos. Em situações normais, o lobo temporal do hemisfério esquerdo separa e analisa a informação que chega ao cérebro e depois envia para o hemisfério direito. Essa informação depois volta ao hemisfério esquerdo.

Assim, cada informação passa duas vezes pelo lado esquerdo do cérebro. Quando essa segunda passagem demora mais tempo para acontecer, o cérebro pode ter maior dificuldade para processar a informação, achando que se trata de uma memória do passado.

4. Memórias de fontes erradas

O nosso cérebro armazena memórias de várias fontes, como a vida diária, filmes que assistimos ou livros que lemos no passado. Assim, esta teoria propõe que, quando um déjà vu acontece, na verdade, o cérebro está identificando uma situação semelhante a algo que assistimos ou lemos, confundindo com algo que realmente aconteceu na vida real.

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(Com informações do portal Tua Saúde)

Documentário expõe impacto do Alzheimer na vida das famílias da periferia.

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De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Alzheimer é o tipo mais comum de demência, representando cerca de 70% de todas elas. Mesmo assim, a doença ainda é considerada um tabu. “É algo que ninguém quer ver, ninguém quer falar. E quando o assunto é abordado, é sempre do ponto de vista médico ou a partir de relatos que não condizem com a realidade da maioria da população. A falta de informação é tão grande que ainda hoje não temos dados concretos de quantas pessoas têm a doença”, afirma Jorge Félix, gerontólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP).



Para ampliar a discussão do tema e, principalmente, mostrar as dificuldades reais de pacientes com a doença e seus cuidadores, desde setembro está disponível no YouTube o premiado documentário “Alzheimer na Periferia”. Produzido pela Malabar Filmes a partir do argumento original de Jorge Félix, o longa-metragem conta a história de cinco famílias da periferia de São Paulo que convivem diariamente com a doença. “O que mais faz falta na minha vida hoje é o trabalho. Quando eu tive que vender as lojas e parar de trabalhar para cuidar das minhas tias, eu fiquei muito deprimido, porque é horrível você não ter trabalho. Principalmente de segunda-feira, quando eu ouço as pessoas se levantarem, ligarem os carros e irem trabalhar”.



Desde que descobriu que sua tia Leonor tinha Alzheimer, o administrador de empresas Paulo Saudek teve de tomar a difícil decisão de vender as lojas da família e abandonar o trabalho para se tornar cuidador em tempo integral. A escolha lhe rendeu a solidão e o consumo excessivo de álcool e cigarro. Ele terminou os poucos namoros que teve para não abandonar a tia com Alzheimer e a mãe já idosa. Nunca se casou e pouco saía de casa. Assim como ele, outros quatro personagens centrais escolhidos para o documentário contam como suas vidas mudaram quando um familiar recebeu o diagnóstico da doença.

”

A proposta era que o documentário tivesse utilidade pública.
O que me apaixonou na ideia do Jorge era a possibilidade de contar essa história de uma forma mais poética e humana e menos jornalística para que chegasse ao maior número de pessoas possível. Nosso critério foi a diversidade de dores”, explica Albert Klinke, diretor do longa-metragem.


Logo nas primeiras conversas sobre o projeto dois importantes aspectos que conduziriam o trabalho foram definidos: a cidade de São Paulo como protagonista no tratamento da doença e o destaque para as impressões e sentimentos dos cuidadores.



A cidade, o cuidador e os sentimentos de culpa e frustração.



As cinco famílias escolhidas entre mais de cem entrevistadas moram nas periferias da capital paulista: Cidade Dutra e Jardim Imbé, na zona sul e ainda Vila Nova Brasilândia, bairro do Limão e Brasilândia, na zona norte.

”

Queríamos mostrar as dificuldades de locomoção e acesso aos equipamentos de saúde e assistência social vividos por uma maioria da população, as adaptações das casas e autoconstruções feitas com pouco dinheiro para tentar facilitar o dia a dia. Apesar de a doença estar espalhada, estes serviços estão concentrados no centro e nos melhores bairros”, afirma Jorge Félix.



Soma-se a isso o papel fundamental e difícil dos cuidadores que na maioria das vezes é deixado de lado nas reportagens, nos filmes e novelas. “O documentário mostra o desgaste do cuidador em muitos aspectos. O que permeia tudo é sempre a frustração. São pessoas que têm de abrir mão das suas vidas, do que gostam de fazer, do trabalho, do namoro”, continua o gerontólogo.

”

É difícil, mas é aquele ditado: comeu a carne, agora rói o osso. Eu fico com dó de ver ele assim. Às vezes eu perco a paciência com ele. E minhas filhas dizem que eu preciso sair, mas eu fico com dó de deixá-lo (sozinho). E todos os lugares que vou, levo ele”.



Em desabafo, Maria José Pereira, cuidadora do marido Daniel Alves Pereira desde a descoberta do Alzheimer, conta com lágrima nos olhos, que após oito anos de relacionamento, a doença se manifestou. “Tudo se acaba”. A vida passou a ser em função do companheiro: banho, comida na boca, consultas médicas, fisioterapia, atenção nos remédios.



Longa-metragem reconhecido

* The Indie For You Festival – Melhor documentário social – EUA (2020).

* My True Story Film Festival – Melhor documentário – EUA (2019).

* MovieScreenPro Film Festival – Melhor documentário sobre saúde – EUA (2019).

* Overcome Film Festival – Melhor documentário – EUA (2019).

* Festival Mundial de Cide de Veracruz – Melhor documentário – México (2019).

* Festival Nacional de Cine de Huanuco – Menção honrosa – Peru (2019)



Vencedor de seis prêmios – entre eles o My True Story Film Festival, dos Estados Unidos -, “Alzheimer na Periferia” estreou em 2018 em poucas salas de cinema. “Tivemos muita dificuldade para divulgar o filme e recebemos muitas negativas. Então optamos pelo caminho alternativo e contamos com a ajuda das universidades e dos professores”, conta Albert Klinke.

Agora, disponível na internet, os idealizadores esperam atingir mais pessoas. “É preciso difundir o assunto porque a população está envelhecendo. Não podemos esconder embaixo do tapete. Em muitos bairros da periferia, a palavra Alzheimer não existe e a pessoa com a doença é chamada de gagá, de demente. Isso faz com que as pessoas não procurem médico, com que o diagnóstico seja tardio e que a procura pelos medicamentos oferecidos de graça pelo SUS (Sistema Único de Saúde) seja baixa”, pondera o gerontólogo.

COVID-19 pode envelhecer o cérebro em dez anos, segundo estudo britânico

bbc

Muito se tem discutido em relação ao impacto neurológico proporcionado pela COVID-19. Com isso, muitas instituições se dedicaram a estudos a fim de decifrar um pouco mais dessas consequências tão enigmáticas. É o caso do Imperial College de Londres, no Reino Unido, por exemplo. Acontece no ultimo dia 27 (terça-feira), pesquisadores do instituto em questão fizeram o alerta de que os piores casos da infecção ligados ao declínio mental equivalem a um envelhecimento de dez anos do cérebro.

De acordo com o estudo, chamado Grande Exame da Inteligência Britânica e publicado no site MedRxix, em alguns casos graves, a infecção pelo coronavírus está ligada a déficits cognitivos consideráveis que duram meses. A coordenação do estudo ficou nas mãos de Adam Hampshire, médico do Imperial College de Londres, e a análise contou com os resultados de 84.285 pessoas.

De acordo com a equipe, as análises se alinham à visão de que existem consequências cognitivas crônicas de se contrair COVID-19, ou seja: pessoas que se recuperaram, incluindo aquelas que não relatam mais sintomas, exibiram déficits cognitivos significativos. Os responsáveis pelo estudo apontam que os déficits cognitivos foram de tamanho de efeito significativo, principalmente quando se trata de pessoas que foram hospitalizadas com a infecção.

“Os estudos de caso revelaram problemas neurológicos em pacientes COVID-19 gravemente afetados. No entanto, há poucas informações sobre a natureza e a prevalência mais ampla de problemas cognitivos pós-infecção ou em toda a extensão da gravidade. Analisamos dados de testes cognitivos de 84.285 participantes que preencheram um questionário sobre suspeita e confirmação biológica de infecção por COVID-19”, consta na descrição do estudo.

Reiteraram, ainda, que os piores casos mostraram impactos equivalentes ao declínio médio de dez anos no desempenho global entre os 20 e os 70 anos. “Pessoas que se recuperaram, incluindo aquelas que não relataram mais os sintomas, exibiram deficits cognitivos significativos ao controlar por idade, sexo, nível de educação, renda, grupo étnico-racial e distúrbios médicos pré-existentes. Eles foram de tamanho de efeito substancial para pessoas que haviam sido hospitalizadas, mas também para casos leves, mas biologicamente confirmados, que não relataram dificuldade respiratória”, conclui o estudo.

No entanto, o pessoal do Imperial College de Londres não estreou esse tipo de estudo. Em junho, pesquisadores norte-americanos desenvolveram um estudo referente ao efeito da COVID-19 no sistema nervoso, que classifica os danos cerebrais causados em três estágios. No artigo, eles alertaram sobre problemas neurológicos em pacientes que sofrem de COVID-19, incluindo derrame, convulsões, confusão, tontura, paralisia e/ou coma. A pesquisa conta com 24 casos que revelam o impacto do COVID-19 no cérebro dos pacientes.

Além disso, em meados do mês de agosto, em artigo para o veículo The Conversation, a professora de psicologia da Universidade de Michigan, Natalie C. Tronson, explica que muitos dos sintomas atribuídos a uma infecção se devem, na verdade, às respostas protetoras do sistema imunológico. Essas mudanças no cérebro e no comportamento, embora irritantes para nossa vida cotidiana, são altamente adaptativas e imensamente benéficas, segundo a análise em questão.

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Fonte: MedRxiv

Estudo da Unicamp comprova presença do coronavírus no cérebro de pacientes

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Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encontraram o novo coronavírus em cérebros de pacientes mortos pela doença, além de alterações morfológicas – que se referem à forma e à estrutura – no cérebro de pessoas com quadros moderados de covid-19. O resultado deve ajudar em tratamentos mais efetivos de pacientes de covid-19 que apresentam sintomas neurológicos, como anosmia, confusão mental, convulsões e zumbido no ouvido.
“O que identificamos agora é que o vírus é sim capaz de chegar no sistema nervoso central, no cérebro. Não só detectamos o vírus no cérebro de pessoas que morreram com a covid-19 – coletamos os cérebros delas post mortem -, mas nós fizemos também análises de imagem, escaneamos os cérebros de pacientes com covid-19 moderada e alterações significativas foram observadas”, disse o professor de bioquímica da Unicamp, Daniel Martins-de-Souza, coordenador da pesquisa. O estudo foi divulgado essa semana, em plataforma preprint, ainda sem revisão por pares.

Ele ressalta que até o momento não existem evidências disso na literatura, apesar de alguns pacientes apresentarem sintomas neurológicos. “Esse é um estudo feito com centenas de pacientes moderados, não são nem pacientes graves, e que demonstra que as alterações morfológicas estão correlacionadas com a covid-19”, disse. Segundo ele, as consequências nos pacientes ainda estão sendo observadas porque a covid-19 é uma doença nova. “Não deu tempo de vermos o que vai acontecer no longo prazo, mas fato é que pessoas já curadas ainda tem queixas de sintomas neurológicos mesmo depois de o vírus já ter saído do corpo”.

Os pesquisadores já haviam comprovado em testes in vitro que o novo coronavírus era capaz de infectar os neurônios. No entanto, em testes em humanos, eles identificaram a presença do vírus em uma outra célula do cérebro, chamada astrócito.

“Vimos que o vírus está no cérebro de algumas das pessoas que morreram de covid-19, não tanto nos neurônios, mas em uma outra célula que chama astrócito. Esta é uma célula que auxilia os neurônios a se comunicarem. No laboratório, fizemos um experimento mostrando que os astrócitos infectados podem produzir substâncias que matam neurônios e essa pode ser a causa de a gente ver aquelas alterações nas imagens do cérebro [de pessoas vivas infectadas]”, explicou.

Tratamento
O pesquisador afirma que essas informações são a primeira pista para que se tenha tratamentos mais efetivos especialmente para aqueles pacientes que tiveram acometimentos neurológicos. “Nem todos vão ter [sintomas neurológicos], uma média de 30% a 35% são os que têm esses sintomas. Para esses, é bom saber que os sintomas podem sim ser derivados de infecção no cérebro”.

Martins-de-Souza explicou que o que se acreditava até agora é que os sintomas neurológicos eram causados apenas por uma infecção sistêmica. “Pensava-se até aqui que os sintomas neurológicos seriam uma consequência de inflamação em outros lugares – como o pulmão – e que afetava secundariamente o cérebro. Mas aqui vemos que isso [sintomas neurológicos] pode acontecer também porque o vírus chega sim ao cérebro”, disse.

Além desses resultados, os pesquisadores vão continuar as investigações para entender melhor o papel dos vírus dentro dos astrócitos, as consequências disso no longo prazo, além de uma questão que Martins-de-Souza considera essencial: como é que o vírus chega no cérebro.

Fonte:Estado de Minas

Empreendedor cuidado na hora de tomar decisões. Seu cérebro pode mentir para você de 5 maneiras. Saiba quais são

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Boas decisões, que podem ser determinantes para o sucesso tanto na vida pessoal quanto profissional, dependem de dois fatores: o conhecimento das informações que estão em jogo e o uso inteligente desses fatos. 
Normalmente, a tomada de decisão usa bastante o segundo fator: a ponderação de alternativas e a construção de cenários nos quais a escolha poderia se encaixar. De maneira geral, tendemos a pensar que possuímos tudo o que é necessário para sermos racionais. Mas podemos estar errados.
Nosso cérebro é capaz de pregar peças distorcendo nossas percepções, dependendo do nosso estado físico, emocional e das circunstâncias nas quais vivemos, conforme indica o livro “Percepção: como nossos corpos moldam nossas mentes”, publicado por Dennis Proffitt, psicólogo da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, e pelo escritor Drake Baer.

Recentemente, a psicóloga e editora norte-americana Jill Suttie reuniu alguns exemplos sobre como o cérebro pode nos enganar. Confira alguns, apresentados pelo portal Inc.:

1. As coisas parecem mais distantes quando você está cansado
As distâncias são vistas como fatos concretos e objetivos. Mas, quando você não tem uma fita métrica à mão, o cérebro faz uma estimativa. A grande questão é que essa medida feita pela nossa cabeça leva em conta não só nossa experência e visão, mas também nossos sentimentos. 
“Pesquisadores descobriram que se você está cansado, as distâncias parecem mais distantes”, diz Suttie. O oposto também pode acontecer: se você acredita que algo é fácil de alcançar, o objetivo parecerá mais próximo ou mais acessível do que realmente é.

2. A comida o torna mais agradável
Um exemplo claro dessa situação é o que acontece com os juízes. Pesquisas indicam que eles são menos tolerantes quando estão com fome. Por isso, se você precisar comparecer a um julgamento, faça o possível para garantir que a audiência seja marcada após o horário de almoço.
Os juízes não são os únicos que têm percepções e desempenhos afetados pelo fator comida. “Estudos também descobriram que pessoas que tomam um copo cheio de limonada açucarada tendem a ser mais úteis para os outros. E as crianças que tomam café da manhã se saem melhor na escola e têm menos problemas de comportamento”, observa Suttie.
“Hangry” é o termo em inglês que explica o fenômeno. A combinação das palavras “hungry”, que significa “faminto”, e “angry”, usada para descrever raiva e irritabilidade, mostra que a comida tem impactos significativos na percepção do mundo real e nas tomadas de decisão.



3. Tudo parece mais difícil quando você está triste
Além da fome, a tristeza também tem o poder de afetar a forma com a qual enxergamos o mundo, bem como outros sentimentos. Um exemplo que Suttie deu é que as pessoas que ouvem músicas melancólicas tendem a pensar que um morro parece mais íngreme do que pessoas que ouvem músicas alegres. Ou seja, o mundo parece mais difícil quando se está triste.


4. E tudo parece mais fácil quando você está com os amigos
Quando se diz que uma boa companhia torna tudo mais simples, isso é comprovado pela ciência. “O fato de ter que carregar um fardo pesado com outra pessoa, em vez de fazer isso sozinho, faz com que ele pareça mais leve”, afirma a editora.

5. Tendemos a adivinhar as cores de acordo com o contexto
É impossível se esquecer do post do vestido polêmico que viralizou nas redes sociais, no qual as pessoas tinham que dizer se enxergavam as cores branco e dourado ou azul e preto. Um artigo da Vox mostra que a discordância entre as percepções não se caracterizou como uma ocorrência isolada, uma vez que fazemos interferências sobre cores com base nas situações em que elas estão inseridas. O que está ao redor de determinada cor, ou pelo menos o que presumimos, pode mudar as tonalidades que enxergamos.
No caso do vestido, é muito provável que aqueles que enxergaram o vestido como branco e dourado presumiram que estavam olhando para a peça de roupa à luz do dia. Já os que enxergaram como azul e preto presumiram que ele estava sendo iluminado por uma lâmpada. Os dois os grupos corrigiram inconscientemente a iluminação, chegando a conclusões diferentes.

fonte: Pequenas empresas & Grandes negócios

O que é brain food? Nutri lista alimentos bons para o cérebro

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Você sabia que existem alimentos que potencializam as atividades cerebrais e trazem mais foco e concentração no dia a dia? São os brain foods, com nutrientes específicos para a saúde e o bom funcionamento dos neurônios. A nutricionista Juliana Carreira fala mais sobre os benefícios e indica os alimentos certos para quem quer manter uma alta performance. Confira!

Você já ouviu falar em brain foods? São alimentos que contribuem para o bom funcionamento do cérebro, dando mais energia no dia a dia e reduzindo os riscos de doenças neurodegenerativas. Para saber mais sobre os benefícios desses alimentos e como incluí-los na sua rotina, a nutricionista Juliana Carreira tem dicas preciosas que você confere no Purepeople. Aos detalhes!

PRECISA DE BOM DESEMPENHO COGNITIVO? CAPRICHE NAS FOLHAS VERDE-ESCURAS!
Trabalhar, estudar, resolver os pepinos da rotina… tudo isso demanda uma alta atividade cerebral. Para isso, alguns alimentos podem te dar um forcinha extra! “As dietas ricas em gorduras monoinsaturadas (azeite de oliva, abacate), ômega 3 e 6 (salmão, sardinha, óleo de peixe, linhaça) e vitamina E (oleaginosas, sementes e cereais integrais) aumentam o fluxo sanguíneo, oxigenando o cérebro e melhorando o seu desempenho”, afirma Juliana. Vale também caprichar nos folhosos de cor verde-escura, como espinafre, rúcula, brócolis, couve, que são ricos em antioxidantes.

CHÁS E FRUTAS CÍTRICAS SÃO MUITO INDICADOS PARA A MEMÓRIA
Com o passar dos anos, o cérebro passa por estresse oxidativo, o que pode provocar alterações na memória e até mesmo doenças como Alzheimer. Para manter a memória fresquinha, vale incluir na alimentação diária chás como o verde, o de hibisco e o de gengibre, vegetais verde-escuros, frutas cítricas e vermelhas. “As chamadas berries (morango, amora, framboesa e mirtilo) já possuem comprovação científica na prevenção e recuperação da perda de memória”, reforça a nutri.

CAFÉ AUMENTA A CONCENTRAÇÃO, MAS O CONSUMO DEVE SER MODERADO!
A expert também explica que a cafeína tem poder estimulante, pois bloqueia uma substância do cérebro chamada adenosina, que nos deixa sonolentas. Mas isso não significa que está liberado tomar café o dia inteiro. “A cafeína está presente café e nos chás verde, preto e mate. Mas é importante reforçar que ela pode afetar o sono e algumas pessoas têm mais sensibilidade. O consumo deve ser moderado e, de preferência, indicado por um profissional”, alerta.

XÔ, ESTRESSE! OS ALIMENTOS INDICADOS PARA ALIVIAR TENSÕES
Em meio a tanta notícia ruim e correria, difícil se manter bem-humorada e relaxada. Porém, a banana é uma brain food que funciona! “Por ser fonte de potássio, vitaminas do complexo B, triptofano e magnésio, a banana auxilia na produção de dopamina, o neurotransmissor principal para regularizar os processos motivacionais, e serotonina, que traz a sensação de prazer e bem estar. Com isso, ela ajuda a reduzir quadros de estresse e ansiedade”. Quer ficar mais alegrinha? A nutri indica consumir cacau, aveia e ovo, que também são ricos em triptofano.

Você sabia que nossos exercícios são cientificamente desenvolvidos para evitar declínio cognitivo, deficit de atênção e demência? Clique aqui e mantenha seu cérebro em forma!

Entenda como o coronavírus ataca também o cérebro

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Imagens cerebrais de pacientes com coronavírus, de um estudo publicado em julho. Alguns desenvolvem complicações neurológicas graves, incluindo danos nos nervos. Foto: Ross W. Paterson, Rachel L. Brown, et al. / Imprensa da Universidade de Oxford / via NYT

NOVA YORK — O coronavírus atinge principalmente os pulmões, mas, como já sabe, também os rins, o fígado e os vasos sanguíneos. E cerca de metade dos pacientes relatam sintomas neurológicos, incluindo dores de cabeça, confusão e delírio, sugerindo que o vírus também pode atacar o cérebro.

Um novo estudo oferece a primeira evidência clara de que, em algumas pessoas, o coronavírus invade as células cerebrais, sequestrando-as para fazer cópias de si mesmo. O vírus também parece sugar todo o oxigênio próximo, matando as células vizinhas de fome.

Ainda não está claro, no entanto, como o vírus chega ao cérebro ou com que frequência ele desencadeia essa trilha de destruição. É provável que a infecção do cérebro seja rara, mas algumas pessoas podem ser suscetíveis por conta de seus antecedentes genéticos, uma alta carga viral ou outros motivos.

— Se o cérebro for infectado, isso pode ter uma consequência letal — diz Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale que liderou o trabalho.

O estudo foi divulgado online na última quarta-feira (9) e ainda ainda não foi avaliado por especialistas para publicação. Mas pesquisadores indepedentes destacaram o cuidado científico e o fato de ele elencar várias maneiras em que o vírus pode infectar células cerebrais.

Os cientistas usaram imagens e avaliaram os sintomas dos pacientes para inferir efeitos sobre o cérebro.

— Não tínhamos visto ainda muitas evidências de que o vírus pode infectar o cérebro, embora já soubéssemos que era uma possibilidade potencial — afirmou Michael Zandi, neurologista consultor do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia da Grã-Bretanha. — Esses dados fornecem um pouco mais de evidência de que certamente ele pode.

Zandi e seus colegas publicaram uma pesquisa anterio,r em julho, que já mostrava como alguns pacientes com Covid-19 desenvolvem complicações neurológicas graves, incluindo danos nos nervos.

No novo estudo, a Dra. Iwasaki e seus colegas documentaram a infecção cerebral de três maneiras: no tecido cerebral de uma pessoa que morreu de Covid-19, em um modelo de camundongo e em organóides — agrupamentos de células cerebrais em uma placa de laboratório destinada a imitar a estrutura tridimensional do cérebro.

Mais furtivo do que o Zika

Outros patógenos — incluindo o Zika Vírus — são conhecidos por infectar células cerebrais. As células imunológicas inundam os locais danificados, tentando limpar o cérebro destruindo as células infectadas.

O coronavírus é muito mais furtivo: ele explora o mecanismo das células cerebrais para se multiplicar, mas não as destrói. Em vez disso, sufoca o oxigênio para as células adjacentes, fazendo com que elas murchem e morram.

Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de resposta imunológica para remediar este problema.

— É uma espécie de infecção silenciosa. Este vírus tem muitos mecanismos de evasão — disse a Dr. Iwasaki.

Essas descobertas são consistentes com outras observações em organóides infectados com o coronavírus, afirmou Alysson Muotri, neurocientista da Universidade da Califórnia, San Diego, que também estudou o Zika.

O coronavírus parece diminuir rapidamente o número de sinapses, as conexões entre os neurônios.

— Dias após a infecção, já observamos uma redução dramática na quantidade de sinapses. Não sabemos ainda se isso é reversível ou não — disse Muotri.

O vírus infecta uma célula por meio de uma proteína em sua superfície chamada ACE2. Essa proteína aparece em todo o corpo e especialmente nos pulmões, explicando por que são alvos favoritos do vírus.

Estudos anteriores sugeriram, com base em uma representação dos níveis de proteína, que o cérebro tem muito pouca ACE2 e provavelmente seria poupado. Mas a Dra. Iwasaki e seus colegas olharam mais de perto e descobriram que o vírus poderia de fato entrar nas células cerebrais usando essa porta.

Sua equipe então examinou dois conjuntos de camundongos — um com o receptor ACE2 expresso apenas no cérebro e o outro com o receptor apenas nos pulmões. Quando os pesquisadores introduziram o vírus nesses ratos, os infectados no cérebro perderam peso rapidamente e morreram em seis dias. Com os camundongos infectados no pulmão não aconteceu nada.

Apesar das ressalvas associadas a estudos com ratos, os resultados ainda sugerem que a infecção por vírus no cérebro pode ser mais letal do que a infecção respiratória, disse a Dr. Iwasaki.

O vírus pode chegar ao cérebro por meio do bulbo olfatório — que regula o cheiro — pelos olhos ou até mesmo pela corrente sanguínea. Não está claro qual rota o patógeno está tomando e se o faz com frequência suficiente para explicar os sintomas vistos nas pessoas.

— Acho que este é um caso em que os dados científicos estão à frente das evidências clínicas — disse Muotri.

Mais análises

Os pesquisadores ainda precisarão analisar muitas amostras de autópsia para estimar o quão comum é a infecção cerebral e se ela está presente em pessoas com doença mais branda ou naquelas em que os sintomas persistiram por meses, muitos dos quais apresentam uma série de sintomas neurológicos.

De 40 a 60% dos pacientes hospitalizados com Covid-19 apresentam sintomas neurológicos e psiquiátricos, segundo o Dr. Robert Stevens, neurologista da Universidade Johns Hopkins. Mas nem todos os sintomas são decorrentes da invasão do vírus nas células cerebrais. Eles podem ser o resultado de uma inflamação generalizada em todo o corpo.

Por exemplo, a inflamação nos pulmões pode liberar moléculas que tornam o sangue pegajoso e obstruem os vasos sanguíneos, causando derrames.

— Não é necessário que as próprias células cerebrais sejam infectadas para que isso ocorra — disse Zandi.

Mas, em algumas pessoas, ele acrescentou, pode sim ser o baixo nível de oxigênio no sangue das células cerebrais infectadas que leva aos derrames:

— Diferentes grupos de pacientes podem ser afetados de maneiras diversas. É bem possível que você veja uma combinação de ambos — afirmou.

Alguns sintomas cognitivos, como névoa cerebral e delírio, podem ser mais difíceis de detectar em pacientes sedados e usando ventiladores pulmonares. Os médicos devem planejar reduzir os sedativos uma vez por dia, se possível, para avaliar os pacientes com Covid-19, afirma Stevens.

Fonte: Jornal O Globo