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O flash criativo que acontece no cérebro na transição da vigília ao sono

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Reza a lenda que Thomas Edison, o inventor, usava e recomendava um recurso meio mágico para estimular o surgimento de suas ideias criativas. Esparramava-se em uma poltrona segurando em cada mão uma bola, e perdia-se em pensamentos até bambear de sono. Logo suas mãos relaxavam, as bolas caíam no chão e, com o barulho, Edison acordava. Nesse momento, espocava nele um flash criativo, e uma nova invenção surgia. Consta que assim faziam também Edgar Allan Poe, o romancista, e Salvador Dalí, o pintor. O que eles não imaginavam é que, quase um século depois, o truque mágico deixaria de ser mágico e se tornaria um recurso cognitivo validado pela neurociência.

É o que descrevem pesquisadores do Instituto do Cérebro da Sorbonne em recente artigo. Disposto a esclarecer as bases científicas do truque de Edison, o grupo formulou a hipótese de que a transição da vigília para o sono é que propicia essa capacidade, colocando o cérebro em “modo criativo”. Para isso, bolaram um experimento revelador. Propuseram a cerca de 100 voluntários sadios um problema matemático simples: após uma série de oito números cuja sequência obedece a uma lógica oculta, qual deve ser o nono número? Os voluntários matutavam como Edison, em uma poltrona confortável, com um objeto na mão. Só que, no experimento, a atividade elétrica cerebral era captada por meio do eletroencefalograma, os movimentos oculares monitorados pelo eletrooculograma, e a atividade muscular acompanhada pelo eletromiograma. Completamente conectados. Eram três grupos de voluntários: o primeiro permanecia acordado, o segundo adormecia até estágios mais profundos e o terceiro entrava no primeiro estágio de sono, chamado N1, e despertava. Estes últimos seguravam uma garrafinha com a mão direita, que caía para acordá-los.

A coisa funcionava assim: primeiro, o problema lhes era apresentado algumas vezes. Pensavam na solução enquanto o clima da sala de experiência lhes fazia permanecer acordados ou lentamente adormecer. Os aparelhos indicavam isso, atestando a vigília ou o estágio do sono, em tempo real. No grupo N1, os registros acusavam o relaxamento muscular, e, de repente, a garrafinha caía, e o cérebro acordava. Os pesquisadores então apresentavam novas sequências de oito números solicitando a todos os voluntários que preenchessem o nono número de acordo com a regra oculta. Demorava para surgir a solução, mas acabava aparecendo. Quer dizer: só para o grupo da garrafinha.

Foi possível tirar conclusões incríveis. Primeiro, apenas um minuto de N1 era suficiente para aumentar de 3 a 6 vezes a percentagem de voluntários que descobriam o segredo dos números. Quase 90% deles, contra 30% do grupo acordado, e 15% do grupo do sono profundo. Confirmando a maior eficácia na resolução do problema, o grupo N1 relatava a sensação de ter tido um flash inspirador, um insight. Nada disso se passava nos dois outros grupos de voluntários, que acabavam o experimento sem conseguir descobrir o segredo da série numérica.

Que será que acontece no cérebro nessa transição da vigília ao sono? A pessoa primeiro tem episódios de “microssono” que depois se fundem em sono mesmo, ainda no estágio superficial N1. Por aí surge o surto criativo que fica na memória até o momento posterior de tentar resolver o mistério dos números. A memória segura esse “eureca” por cerca de 30 minutos, período em que os voluntários faziam as suas tentativas até o sucesso. Nada acontecia nos demais participantes: nenhum insight. Não se sabe ainda por que esse período de transição da atividade cerebral propicia o “milagre” de Edison, quais os malabarismos das redes neurais que explicam o fenômeno.

Mas o fato é que já estão à venda dispositivos eletrônicos portáteis para colocar no pulso, desenvolvidos pelo MIT Media Lab, nos EUA, e comercializados para estimular a criatividade. Ao contrário do esperado, mais inova quem dorme no ponto.

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Alzheimer, um recomeço? Três histórias surpreendentes sobre a demência

alzaimer“Logo ela deixou de se lembrar de mim. No começo eu falava, ‘olha, sua filha chegou’“ Lígia Galli.

“Eu não tenho saudade do pão que ela fazia, da roupa que ela costurava. Eu tenho saudade do sorriso, que é a presença dela mesmo” Ivani Alexandre.

“Eu falei: ‘Mãe, você entrou na contramão, você quase se matou e matou o Matheus junto’… ela falou: ‘nossa, eu fiz isso?’“ Denise Marques.

Quando tudo de uma pessoa parece ter ido embora – identidade, linguagem, habilidades, memória – onde fica guardado o amor?

Especialistas alertam que a pandemia de covid-19 vai acelerar uma epidemia de demência que já existe hoje no mundo. A notícia preocupa, mas entre profissionais de saúde, pacientes e familiares, cada vez mais pessoas vêm propondo que busquemos formas diferentes de pensar a doença. Não como o fim, mas como um possível recomeço.

Nesta reportagem, três mulheres cujas mães viveram ou vivem hoje com demência e uma médica geriatra compartilham visões sobre a doença que podem surpreender muita gente.

“Quando você recebe um diagnóstico de demência de um ente querido seu, parece que tudo acabou”, diz a geriatra Celene Pinheiro. “Só que nem sempre é assim”, ressalva.

“Foram os melhores anos da vida dela e os melhores anos dela comigo”, diz Denise.

E quando aceitam fazer seus depoimentos, as mulheres (e sim, é sobre elas que recai, na grande maioria dos casos, a responsabilidade de cuidar) expressam um desejo em comum: contribuir para que a sociedade conviva melhor com uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) afeta hoje 50 milhões de pessoas no mundo e deve afetar mais de 150 milhões em 2050.

Denise e Eneide – Alzheimer, um recomeço?

Denise Marques tem 54 anos e é terapeuta. Sua mãe, Eneide Marques Cavalcante, recebeu o diagnóstico de doença de Alzheimer em janeiro de 2015 e faleceu em dezembro de 2019 aos 85 anos.

“A minha mãe teve Alzheimer, é uma doença que quando a gente ouve a respeito, assusta. Mas eu aprendi que o Alzheimer não é terrível como falam.”

Eneide tinha uma deficiência: ela nasceu sem a cabeça do fêmur, o maior osso da perna.

“Minha mãe foi criada pelos meus avós com muito amor, carinho e cuidado, devido à deficiência dela. E aí eu imagino o choque que ela teve quando se viu num casamento totalmente abusivo. E ela não conseguia sair porque meu pai ameaçava que se ela se separasse ele mataria todos nós — eu, minha mãe e meus avós.”

No relato de Denise, o horror da violência doméstica vivenciada por ela e outros familiares momentaneamente toma lugar central na narrativa.

“Quando meu pai chegava em casa, já estava todo mundo tremendo. De que jeito ele ia chegar? Ele voltava alcoolizado, uma força, entortava a torneira, arrebentava a geladeira. Era uma coisa muito violenta.”

Mais adiante, veremos que, sobre o pano de fundo dos 35 anos de abuso físico e psicológico que Eneide viveu, a doença de Alzheimer que ela desenvolve terá um papel singular em sua vida — e na de sua filha.

Denise conta que seu pai morreu em janeiro de 1997, mas a mãe nunca se recuperou da violência que sofreu e começou a fazer tratamento para depressão. Episódios estranhos, como aquele em que Eneide entra na contramão em uma rua movimentada de Campinas e depois não se lembra do que fez (episódio descrito no início dessa reportagem), são para Denise um prenúncio do que estava por vir.

“Eu entendo que o Alzheimer é uma doença muito sorrateira, silenciosa”, diz.

Dez anos mais tarde, Eneide tornou-se paciente da geriatra Celene Pinheiro.
“Eu conheci e acompanhei a dona Eneide por pelo menos dez, doze anos”, diz a médica. “E uma coisa que chamava muito a atenção no relacionamento das duas é que ambas se tratavam muito mal.”

“Quando elas chegavam à clínica, nesse relacionamento conflituoso — a filha falava às vezes de forma ríspida com a mãe — as minhas secretárias já vinham: ‘doutora, nossa, como ela trata mal a mãe! Coitada da nona Eneide!’. E eu falava: ‘gente, calma. A gente não deve julgar. A gente deve ouvir. E entender o cenário onde essa relação se construiu.’ E foi o que acabou acontecendo”, conta Celene.

Em seu depoimento, Denise oferece pistas sobre como era o relacionamento com a mãe: “A Eneide que eu conhecia era extremamente rígida. Eu a chamava de general.”

“Quando eu comecei o relacionamento com minha namorada, a minha mãe não aceitou de jeito nenhum”, ela recorda. “Ficou muito indignada e não permitia que eu conversasse com ela sobre isso.”

De repente, a relação entre mãe e filha se transforma, conta Celene.

“Quando ela (Denise) leva (Eneide) para a instituição, e a demência da dona Eneide avança mais um pouquinho, a hora que eu vejo, as duas começam a se relacionar de uma forma leve, bem humorada, alegre, afetuosa. Um afeto muito grande da Denise para com a Eneide.”

A médica conta que não entendia o que estava acontecendo. Até que, um dia, quando visitava sua paciente na clínica de repouso, Denise lhe falou de seu relacionamento, e da recusa da mãe em aceitar a homossexualidade da filha. Mas o Alzheimer mudaria tudo isso.

“Quando a dona Eneide desenvolve a demência, essas convenções sociais caem por terra”, conta Celene. “E ela começa a dar espaço para essa aproximação que, eu acho, a Denise desejava tanto.”

Dois anos após a morte de Eneide, em entrevista por Zoom à BBC News Brasil, Denise ri, maravilhada, ao recordar os últimos quatro anos na vida da mãe. Não ficou nada mal resolvido, diz.

“Quando a minha mãe chegou nesse nível maior do Alzheimer, virou a chavinha. Como se essa couraça que ela desenvolveu para se proteger de tanto sofrimento na vida tivesse caído, vindo abaixo.”

“E aí foram os melhores anos da minha mãe, e os melhores anos meus com ela. Conheci aquela mulher alegre, risonha, que fazia todo mundo sorrir. Carinhosa, abraçava, beijava. Foi uma coisa incrível. Eu vejo que o Alzheimer deu para a minha mãe e para mim uma oportunidade de a gente fazer um resgate. Foi uma história linda.”

Os efeitos inesperados da demência

Na experiência de Eneide, a doença de Alzheimer não apagou apenas regras e convenções sociais. A demência fez também o que anos de terapia e medicamentos não tinham conseguido fazer: eliminou da memória de Eneide sua experiência traumática de violência.

“No caso da Eneide, a demência foi um presente, porque ela pôde apagar essa memória muito triste e pôde voltar a ser a pessoa alegre que ela era antes”, reflete Celene. Mas, infelizmente, não é assim para todos, diz a médica.

“Eu conheço uma senhora que até hoje repete: ‘não bate na criança’. Porque o marido dela era muito violento com os filhos. Até hoje ela verbaliza isso: ‘Ai, coitadinha, não bate.’ Tem pessoas que ficam com essas recordações por terem um valor afetivo muito grande.”

Lígia e Áurea – Levar pessoa com demência para a instituição é abandonar?

A dona de casa Lígia Galli tem 59 anos. Sua mãe, Áurea Moraes Galli, tem 81 anos e recebeu o diagnóstico de demência em 2012. Desde então, Áurea vive em uma instituição de longa permanência (ILPI).

“Minha mãe sempre foi uma pessoa ativa, prestimosa com a casa, com os cuidados com os filhos. Fazia tricô, crochê, bordado. Ela cozinhava extremamente bem, fazia pinturas a óleo lindíssimas”, conta Lígia.

“Então eu notei muita diferença, retomando, após a morte do meu pai. Quando eu ia visitá-la, a casa estava muito suja, muito largada, com um cheiro ruim, comida estragada na geladeira. Era uma coisa que chocava a mim porque minha mãe não passava nem perto de um tipo de comportamento assim.”

Logo, Lígia percebe que a mãe não pode mais viver sozinha. Seu depoimento nos remete a um dilema quase universal entre pessoas afetadas pela demência: cuidar em casa ou levar para uma ILPI?

“Várias pessoas falaram em colocar minha mãe numa clínica, mas para mim, naquele momento, aquilo era impensável. Aquela ideia de que a gente vai abandonar o idoso, largar aos cuidados de estranhos”, diz.

Lígia decide levar a mãe para morar com ela em Indaiatuba, interior de São Paulo. Ela conta que, no começo, sua filha, que tinha 7 anos de idade, achava certas situações engraçadas.

“Porque minha mãe ainda mantinha um bom humor”, lembra. “Com piadas, com coisas engraçadas, que começaram a ser misturadas com momentos de raiva, mau humor, desespero, de falar sozinha, de tirar a fralda e guardar as fezes em gaveta.”

“Começou um drama muito grande”, lembra Lígia. De um lado, a filha, aos prantos. De outro, uma mãe que agora precisava de atenção 24 horas por dia.

“E quanto mais difícil a situação ficava, mais eu achava que tinha de ser capaz de cuidar”, lembra.

Para ter um pouco de descanso, Lígia começa a levar Áurea para passar o dia em uma clínica.

“Quando eu chegava em casa, o dia que ela ficava em casa, eu abria a porta e sentia o cheiro de fezes. Eu brigava com ela. Sentava no banheiro, fechava tudo, chorava, chorava. Senão eu ia realmente perder a paciência com ela.”

Do consultório, a geriatra Celene Pinheiro acompanhou a luta de Lígia para cuidar da mãe.

“A Lígia é minha paciente. Ela veio me contando como foi o diagnóstico da mãe, de doença de Alzheimer.”

“Ela estava se desdobrando, se desgastando, sofrendo, até que ela fala: ‘meu Deus, só tem uma saída: pedir ajuda especializada'”, recorda a médica.

Mas Lígia ainda precisou de um último empurrão. Um dia, ela recebe um telefonema da clínica onde a mãe estava passando o dia. Áurea tinha caído e sofrido várias fraturas.

“Depois desse acidente, para mim ficou claro que ela tinha de ir para uma clínica de longa permanência”, diz Lígia.

“Minha prima ainda brincou: ‘coitada da tia Aurinha. Deus teve que quebrar a sua mãe toda para você entender que era hora de levar ela para uma clínica. Para ter um tratamento adequado e você também, de ficar cuidando de você e da sua filha.'”

Quando você leva um idoso com demência para uma ILPI, está atendendo a uma necessidade dele, diz Celene Pinheiro.

“Eu falo para os filhos dos meus pacientes, você sabe ler e escrever? Quando seu filho entrou na idade de ser alfabetizado, você levou para a escola, para que ele fosse alfabetizado por especialistas em fazer isso. Não está abandonando seu filho.”

Quando se trata de um idoso com demência, você tem de pensar assim, prossegue a médica. “Você sabe cuidar, mas às vezes a pessoa precisa de algo a mais.”

Livre da responsabilidade de cuidar, Lígia passa a se relacionar com a mãe de maneira diferente.

“Ela me disse que pela primeira vez, depois de muito tempo, se sentia filha da mãe dela”, diz a geriatra.

E é como filha que Lígia viverá um encontro inesquecível com a mãe.

“Um dia, cheguei em uma visita e estava tão triste, tão abalada, com tanto problema da minha filha, do meu marido, falta de dinheiro…”, conta.

“Minha mãe estava no terraço sozinha, sentei e comecei a conversar com ela. Até hoje eu converso com ela, como se ela entendesse. Acaba saindo sem querer e acho que alguma coisinha sobra, lá dentro da cabecinha dela. E eu deitei no colo dela. E chorei tanto, tanto. Falei, ‘poxa mãe, estou com tanto problema’.”

Lígia continua.

“Ela passou a mão na minha cabeça e falou: ‘ah, coitadinha, ela tá triste.’ E falou: ‘eu te amo’. Foi a primeira vez, na minha vida, que eu ouvi a minha mãe falar ‘eu te amo’. Eu chorei muito, e em seguida ela começou a cantar ‘boi, boi, boi, boi da cara preta…’. Que é uma música que ela canta até hoje.”

“Foi um consolo”, conta. “O momento de amor que eu nunca tinha recebido da minha mãe a minha vida inteira. Recebi aquele dia.”

Em seguida, sorrindo entre as lágrimas, Lígia pede: “Você tem um lencinho aí pra mim?”

Como se comunicar com quem tem demência? O poder da linguagem não verbal

Ao ler o relato desse precioso encontro entre mãe e filha, alguns talvez se perguntem: mas então, onde é que estava esse sentimento que Áurea expressa? Onde fica guardado o amor?

Talvez não haja uma resposta, claro. Mas o episódio sugere que pessoas com demência são, sim, capazes de sentir e expressar amor.

Para Celene, essa história ilustra a importância da comunicação não verbal com pessoas que têm demência.

“Se a Lígia falasse para a mãe, ‘mãe, eu estou triste’, talvez a mãe não compreendesse porque, muitas vezes, ela não entende o significado da palavra em si. Mas à medida que ela deita no colo da mãe, se coloca nessa posição de fragilidade e chora, e externa esse sentimento dela, a mãe percebe pela posição, e pelo choro, a situação que a filha está passando. E aí ela compreende, e fala: ‘tadinha, ela está triste’.”

Na verdade, pondera a médica, não se trata de entender com a razão.

“Ela entendeu da forma como ela podia, ou (melhor), acho que ela não entendeu, ela sentiu. Tem coisas que não passam pelo campo da compreensão, passam pelo campo do sentimento.”

Por outro lado, observa a médica, uma expressão facial hostil, ou alarmada, pode assustar a pessoa que tem demência.

“Isso é muito nítido. Às vezes, você pode falar uma coisa que não seja agressiva, mas por uma feição agressiva, a pessoa se assusta.”

Um dilema e um privilégio

Antes de concluirmos a história de Lígia e Áurea, é importante ressaltarmos que, para a grande maioria dos brasileiros, o dilema vivido por Lígia — cuidar em casa ou na instituição? — é quase um privilégio. E por que privilégio?

Segundo Celene Pinheiro, que além de geriatra é também presidente voluntária da regional paulista da Associação Brasileira de Alzheimer e Outras Demências (ABRAz), estima-se que entre 1,5 e 2 milhões de pessoas vivam hoje com alguma forma de demência no Brasil.

Faltam estudos sobre o tema, a médica explica, e os números são imprecisos. Ainda assim, aqui vão dados preliminares fornecidos pela Frente Nacional de Fortalecimento às ILPIs:

  • Haveria 7 mil ILPIs no Brasil, abrigando por volta de 300 mil idosos.
  • Dessas ILPIs, 5% apenas seriam públicas. Outras 35% seriam filantrópicas (muitas das quais pagas) e 60% particulares.
  • Entre as pagas, as mensalidades oscilariam entre 70% de um salário mínimo e R$ 20 mil reais.

Ou seja, há uma carência gritante de ILPIs no país. E entre as instituições que existem, a maioria está fora do alcance do brasileiro comum.

Para esses brasileiros, a mensagem da geriatra é: peça ajuda.

“Procure a assistente social no posto de saúde mais próximo”, ela sugere. “Busque saber que recursos estão disponíveis. Medicamentos? Fraldas?”

Ela prossegue.

“É importante que a família se sensibilize e se mobilize para cuidar desse idoso. Muitas vezes, fica uma só pessoa cuidando, isso é muito cruel com quem cuida”, comenta.

Por fim, diz Celene, as instituições de apoio (entre elas a ABRAz) oferecem uma gama de serviços. Aconselhamento jurídico, por exemplo.

“Às vezes, a orientação jurídica permite que a pessoa viabilize recursos para cuidar desse idoso.”

As associações também oferecem suporte emocional e oportunidades para que cuidadores e outras pessoas afetadas pela demência se encontrem, se apoiem mutuamente, troquem experiências e recebam informações práticas sobre como cuidar, explica.

A médica deixa claro que tudo isso está longe de ser suficiente. Mas diz que profissionais de saúde como ela e entidades de apoio vêm pressionando autoridades e políticos para que promovam mais pesquisas sobre as demências e aumentem a oferta de serviços e de instituições públicas para pacientes.

Não por acaso, acaba de ser aprovado no Senado um projeto de lei que institui uma política nacional de enfrentamento à doença de Alzheimer e outras demências.

“Vamos avançar para aumentar o acesso ao cuidado de qualidade e às instituições”, diz.

Mas nem todo paciente com demência precisa ser cuidado em uma instituição. A história que encerra essa reportagem é uma experiência de cuidar bem — em casa.

Luzia da Silva, 81 anos, vive com Alzheimer e outras demências há pelo menos 8 anos. Ela mora com a filha, a professora aposentada Ivani Alexandre, 59 anos — Foto: Arquivo Pessoal

Ivani e Luzia – O que é um bom evoluir da demência?

Ivani Alexandre, professora aposentada, tem 59 anos. Sua mãe, Luzia da Silva, com 81 anos, vive com Alzheimer e outras demências há pelo menos 8 anos.

“Minha mãe costurava, quando foi para a minha casa ainda costurou. Costurou uma colcha de retalhos maravilhosa, mas nos últimos retalhos foi muito difícil, e eu falo que essa colcha de retalhos foi a história da minha aceitação.”

“Eu insistindo e e eu percebendo que cada dia ela tinha uma dificuldade. Ela não gravava o que tinha feito no dia anterior e a gente começava do zero. Sempre começando do zero. Mas foi super bacana essa colcha, e aí eu entendi.”

Celene Pinheiro diz que começou a atender Luzia em 2012.

“A Ivani percebeu que era entrando nesse mundo de novas necessidades da dona Luzia, e atendendo a essas necessidades, que ela ia conseguir tanto estimular a dona Luzia como também trazer muito mais conforto e serenidade”, diz.

As demências são doenças degenerativas e progressivas, diz a médica. Elas vão piorar — mas podem evoluir de formas diferentes.

O bom evoluir da demência se apoia em dois grandes pilares, explica. Um é a saúde geral do paciente — que depende de fatores como boa alimentação, exercícios físicos e o controle de doenças crônicas como diabetes, por exemplo.

O outro grande pilar tem a ver com as interações sociais, a qualidade do ambiente, o entorno da pessoa.

“Tem casos de pessoas que têm diagnóstico de demência há bem mais de dez anos e estão estáveis porque têm engajamento social, uma vivência interessante com a família, uma vida bem organizada no sentido da rotina”, diz. “Você vê que essas pessoas evoluem melhor.”

Aqui, a médica toca em um ponto central ao novo jeito de pensar a demência que surge no Brasil e no mundo: chega de segregação. A pessoa com demência precisa ser incluída na sociedade, ela defende.

Como incluir a pessoa com demência e quem ganha com isso?

Como educadora, Ivani já tinha familiaridade com o conceito de inclusão. Ela conta que, quando era professora de educação física, adorava ver crianças com deficiência e sem deficiência fazendo aula juntas. Ela diz à BBC News Brasil que, hoje, pratica inclusão em casa, com a mãe.

A família mora em uma chácara. Luzia é incentivada a contribuir com pequenas tarefas, como debulhar feijão, por exemplo.

“A coordenação fina dela ainda é muito boa”, explica.

Mas a história vai ficar ainda mais interessante. Por causa da pandemia, a neta de Ivani, Dyanna, com 4 anos de idade, vem passar uma temporada na chácara.

Agora, são quatro gerações em convivência: Luzia, Ivani e seu marido, o filho do casal e a neta. “A gente foi construindo um relacionamento”, conta.

Bisneta e bisavó passam a fazer refeições juntas. Luzia torna-se “a ajudante” de Dyanna e participa das atividades escolares. “Minha mãe sempre prestativa”, comenta Ivani. “Afinal, ela quer ser útil.”

“Por exemplo, meu filho e minha neta fizeram um bilboquê e a minha mãe brincou junto”, lembra. “Ela mostrou uma habilidade, todo mundo ficou admirado, aplaudiu, e ela ficou toda feliz, sorridente.”

Ivani não se esquiva de falar do aspecto mais dolorido dessa convivência com a demência.

“Sinto falta do sorriso, que é a presença dela mesmo. Não gosto muito quando ela está com aquele ar ausente, isso me machuca. E a minha neta trouxe essa vivacidade para a minha mãe.”

Luzia, por sua vez, também oferece a Dyanna oportunidades de se incluir e fazer sua contribuição.

“Havia alguns momentos em que minha mãe falava para a Dyanna: ‘ah, vou embora’.”

“Ela levantava, ia saindo, e não dava tempo de a Dyanna vir contar para mim, para eu tomar uma atitude.”

Esse, aliás, é um quadro comum entre pacientes com demência. Durante certos períodos do dia, ficam inquietos e começam a vagar, forçar as portas e querer ir embora. Médicos chamam esse comportamento de Síndrome do Pôr do Sol. Dyanna logo aprende a lidar com ele.

“Ela corria atrás da minha mãe, pegava pela mão e explicava: ‘não, bisa, você mora aqui.’ Aí ela levava a minha mãe no quarto: ‘olha, aqui é seu quarto, aqui é seu banheiro.’ Ela estava repetindo os gestos que tinha me visto fazer”, conta. “Ela se prontificou a ser cuidadora também.”

O depoimento de Ivani é repleto de momentos encantadores, em que bisavó e bisneta parecem habitar um mundo só delas. Dyanna e Luzia pescando. Dyanna sentada na poltrona ao lado da cama da bisavó, trocando histórias.

“A conversa ia longe! E eu ouvindo atrás da porta, para saber se estavam fazendo arte.”

E o episódio em que Dyanna tenta convencer a a avó a sentar em um pequenino balanço, feito sob medida para a criança.

“Se eu não tivesse surtado, eu deveria ter filmado: ‘Não, bisa, senta aqui, põe uma perna, depois põe a outra… não, não tem problema, não vai acontecer nada’.”

Ivani ri, deliciada, ao recordar o episódio.

“E minha mãe simplesmente indo… não têm amarras, nenhuma das duas.”

Poder trocar histórias, conviver e participar da vida da família eleva muito a autoestima da pessoa que tem demência, diz Celene. Mas para a geriatra, a história de Ivani, Luzia e Dyanna mostra que não só o idoso se beneficia.

“A criança também, começa a perceber o outro, a não olhar só para si.”

“E ganha a cuidadora Ivani, que aprendeu tanto e tem tido momentos tão ricos de convívio.”

Dizendo adeus aos poucos

Ao longo de várias entrevistas à BBC News Brasil, Celene Pinheiro não esconde seu desejo de mudar a imagem que se faz das demências. Mas ela reconhece: “Ninguém quer ter de enfrentar um caso de demência na família.”

Por outro lado, “quantos perdem familiares de forma repentina e sofrem tanto”, observa. A demência pode ser a oportunidade de uma despedida gradativa.

“Quando você percebe que essa é uma condição que vai levar tempo para acontecer, e que você pode fazer dele um tempo bom, e se permitir ter esses momentos bonitos, é muito engrandecedor.”

Mas as palavras finais de Celene Pinheiro vão para quem não conseguiu se enxergar nos relatos de Lígia, Ivani e Denise.

Ela conta que, em 18 anos de geriatria, já viu muitas famílias saírem do consultório ou da sala de palestras se sentindo culpadas.

“Não estamos pregando modelos virtuosos, que devam ser erguidos”, explica. “Conhecemos muito mais histórias tristes do que bem sucedidas. Mas, quem sabe ouvir histórias positivas nos ajuda a vislumbrar outras possibilidades?”

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Pesquisa mostra uma nova possível causa para o Alzheimer

site-copiaEm um novo artigo publicado no Journal of Proteome Research, pesquisadores da Universidade Califórnia em Riverside (UCR), Estados Unidos, parecem ter descoberto o que causa uma das demências mais comuns na população idosa: o Alzheimer. Segundo a pesquisa, a doença pode acontecer por conta da perda da habilidade das células de fazer a autofagia — processo natural no qual elas consomem e desintegram suas proteínas, reciclando os materiais. À medida que esse processo enfraquece, há acúmulo desses componentes durante longos períodos no cérebro, o que causa perda de memória e alterações de personalidade associadas à demência.Os cientistas também descobriram que o quadro clínico pode estar associado a duas condições no cérebro: acúmulo de placas de proteínas beta-amiloides e desordem de novelos neurofibrilares, composta principalmente por uma proteína chamada tau — que pode matar os neurônios.

Ryan Julian, coautor do artigo e professor de química da UCR disse que aproximadamente 20% das pessoas têm as placas, mas nenhum sinal de demência, isso faz parecer que as placas em si não são a causa da doença.

Logo, a equipe associou que os acúmulos parecem estar associados ao Alzheimer, mas não como causa direta. Buscando entender melhor esse processo, os pesquisadores direcionaram o estudo para a maneira como a proteína tau se manifesta nos cérebros de pessoas com e sem sintomas de demência.

Entendendo a causa do Alzheimer

A pesquisa focou nas diferentes formas que uma única molécula pode assumir, chamadas de isômeros. Na química, são isômeras duas moléculas que possuem a mesma composição, mas suas ligações formam diferentes configurações geométricas. Quer um exemplo disto? Nossas mãos são “isômeras” uma da outra, como se fossem imagens espelhadas, mas não cópias exatas.

Da mesma forma, os aminoácidos (partículas que compõem as proteínas) podem ser isômeros que chamaremos de “destros” (dextrogiros) ou “canhotos” (levogiros). De acordo com Julian, as proteínas nos seres vivos são feitas de todos os aminoácidos canhotos.

Apesar disso, os cientistas identificaram em pacientes com Alzheimer, que os acúmulos das placas contêm proteínas tau destras, enquanto nos que não manifestaram sintomas da doença continuam no padrão — sendo canhotas.

O pesquisador disse em comunicado à imprensa da universidade que isso pode gerar problemas no metabolismo. Funciona assim, se você tentar colocar uma luva destra na sua mão esquerda, não irá dar certo. É um problema semelhante em biologia; as moléculas não funcionam como deveriam depois de um tempo, porque uma luva canhota pode realmente se converter em uma luva destra que não se encaixa, explicou Julian.

Evolução no tratamento do Alzheimer

Os pesquisadores da UCR estão planejando estudar o que causa a desaceleração do processo de autofagia. Mesmo assim, os resultados apresentados já são suficientes para a elaboração de testes de tratamentos.Além disso, alguns medicamentos também estão sendo testados para incitar a autofagia artificialmente. Julian pontua que uma desaceleração na autofagia é a causa principal, então medidas que a estimulam devem ter um efeito oposto e benéfico.

Como ser fisicamente ativo pode proteger o cérebro que envelhece

1Manter-se fisicamente ativo à medida que envelhecemos reduz significativamente nosso risco de desenvolver demência durante a vida, e isso não inclui exercícios prolongados. Andar e até simplesmente mover-se, em vez de ficar horas sentado, pode ser o suficiente para ajudar a fortalecer o cérebro, explica um novo estudo com octogenários de Chicago, nos Estados Unidos.

A pesquisa rastreou a frequência com que as pessoas mais velhas se moviam ou ficavam sentadas e, em seguida, examinou profundamente seus cérebros após a morte, descobrindo que certas células imunológicas vitais funcionavam de maneira diferente no cérebro de pessoas mais velhas que eram ativas em comparação com seus pares mais sedentários.

A atividade física parecia influenciar a saúde de seus cérebros, suas habilidades de pensamento e se eles experimentaram a perda de memória característica do Alzheimer. As descobertas aumentam as evidências de que, quando movimentamos nossos corpos, mudamos nossas mentes, independentemente do quão avançada seja nossa idade.

Muitas evidências científicas indicam que a atividade física aumenta o tamanho do nosso cérebro. Pessoas mais velhas e sedentárias que começam a andar por cerca de uma hora na maioria dos dias, por exemplo, normalmente adicionam volume ao hipocampo, o centro de memória do cérebro, reduzindo ou revertendo o encolhimento que normalmente ocorre ao longo dos anos.

Pessoas ativas de meia-idade ou mais velhas também tendem a ter um desempenho melhor em testes de memória e habilidades de pensamento do que pessoas da mesma idade que raramente se exercitam e têm quase metade da probabilidade de, eventualmente, serem diagnosticadas com Alzheimer. As pessoas ativas que desenvolvem demência geralmente apresentam seus primeiros sintomas anos mais tarde do que as pessoas inativas.

Células imunes e vigilantes

O mecanismo exato que faz o exercício remodelar nossos cérebros ainda permanece um mistério embora os cientistas tenham indícios de experimentos com animais. Quando ratos e camundongos de laboratório adultos correm sobre rodas, por exemplo, eles aumenam a produção de hormônios e substâncias neuroquímicas que estimulam a criação de novos neurônios, bem como sinapses, vasos sanguíneos e outros tecidos que conectam e nutrem essas células cerebrais jovens.

O exercício feito pelos roedores também retarda ou interrompe os declínios relacionados ao envelhecimento no cérebro dos animais, mostram estudos, em parte pelo fortalecimento de células especializadas chamadas micróglia. Pouco compreendidas até recentemente, essas células são agora conhecidas por serem células imunes e vigilantes do cérebro.

Elas procuram sinais de diminuição da saúde neuronal e, quando as células em declínio são detectadas, liberam substâncias neuroquímicas que iniciam uma resposta inflamatória. A inflamação, a curto prazo, ajuda a limpar as células problemáticas e quaisquer outros resíduos biológicos. Depois, a micróglia libera outras mensagens químicas que acalmam a inflamação, mantendo o cérebro saudável e organizado e o pensamento do animal intacto.

Mas, à medida que os animais envelhecem, descobriram estudos recentes, sua micróglia pode começar a funcionar mal, iniciando a inflamação sem revertê-la posteriormente, levando a uma inflamação cerebral contínua. Essa inflamação crônica pode matar células saudáveis e causar problemas de memória e aprendizagem, às vezes graves o suficiente para induzir uma versão “roedora” do Alzheimer.

A menos que os animais se exercitem. Nesse caso, exames póstumos de seus tecidos mostram que os cérebros dos animais normalmente fervilham de micróglia saudável e útil até a velhice, exibindo poucos sinais de inflamação cerebral contínua, enquanto os próprios roedores idosos mantinham uma capacidade juvenil de cognição e memória.

Ampla base de dados

No entanto, não somos ratos e, embora tenhamos micróglia, os cientistas não haviam encontrado uma maneira de estudar se a atividade física regular à medida que envelhecemos influenciaria — ou não — o funcionamento interno das células micróglias. Assim, para o novo estudo, que foi publicado em novembro no Journal of Neuroscience, cientistas do Centro Médico da Universidade Rush, de Chicago, e da Universidade da Califórnia, em San Francisco, além de outras instituições, recorreram a dados do ambicioso Projeto Rush de Memória e Envelhecimento. Para este estudo, centenas de cidadãos de Chicago, a maioria na casa dos 80 e poucos anos, participaram de extensos testes anuais de pensamento e memória e usaram monitores de atividade por pelo menos uma semana. Poucos faziam exercícios de verdade, mostrou o monitoramento, mas alguns se moviam ou andavam com muito mais frequência do que outros.

Muitos dos participantes morreram com o estudo em andamento, e os pesquisadores examinaram os tecidos cerebrais armazenados de 167 deles, em busca de marcadores bioquímicos remanescentes da atividade microglial. Eles queriam ver, de fato, se a micróglia das pessoas parecia ter sido perpetuamente superestimulada durante seus últimos anos, levando à inflamação do cérebro, ou se era capaz de diminuir sua atividade quando apropriado, bloqueando o processo inflamatório.

Os pesquisadores também procuraram características biológicas características do Alzheimer, como as placas e os emaranhados reveladores que assolam o cérebro. Em seguida, cruzaram esses dados com informações dos rastreadores de atividade das pessoas.

Eles descobriram uma forte relação entre manter-se em movimento e uma micróglia saudável, especialmente em partes do cérebro ligadas à memória. As células micróglias de homens e mulheres idosos mais ativos continham marcadores bioquímicos que indicavam que as células sabiam como ficar quietas quando necessário. Mas a micróglia de participantes sedentários mostrou sinais de ter ficado presa em um excesso de atividade durante seus anos finais. Esses homens e mulheres inativos geralmente também pontuaram mais baixo em testes cognitivos.

Talvez o mais interessante, porém, é que esses efeitos foram melhores em pessoas cujos cérebros mostraram sinais do Alzheimer quando morreram, independentemente de terem ou não graves problemas de memória enquanto ainda estavam vivos. Se essas pessoas fossem inativas, sua micróglia tenderia a parecer bastante disfuncional e sua memória, irregular. Mas se as pessoas se movimentassem com frequência durante a vida adulta, sua micróglia geralmente teria um aspecto saudável após a morte, e muitos não haviam experimentado perda de memória expressiva em seus últimos anos. Seus cérebros podem até ter mostrado sinais de Alzheimer, mas suas vidas e habilidades de pensamento não.

Volume de atividade necessária não é grande

O que essas descobertas sugerem é que a atividade física pode atrasar ou alterar a perda de memória do Alzheimer em pessoas mais velhas, em parte por manter a micróglia em forma, explicou Kaitlin Casaletto, professora assistente de neuropsicologia do Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia, que conduziu o novo estudo.

De forma encorajadora, o volume de atividade necessária para ver esses benefícios não era grande, disse Casaletto. Nenhum dos participantes correu maratonas em seus anos finais. Poucos haviam se exercitado formalmente. “Mas havia uma relação linear” entre o sedentarismo deles e a saúde do cérebro, disse ela.

— Quanto menos se sentavam, mais ficavam em pé, quanto mais se moviam, melhores foram os resultados — explicou.

O estudo é importante, disse Mark Gluck, professor de neurociência da Universidade de Rutgers em New Jersey, que não esteve envolvido na pesquisa. Os resultados são “os primeiros a usar análises póstumas do tecido cerebral para mostrar que um marcador de inflamação no cérebro, a ativação da micróglia, parece ser o mecanismo pelo qual a atividade física pode reduzir a inflamação do cérebro e ajudar a proteger contra os estragos cognitivos do Alzheimer”, disse ele, embora sejam necessárias mais pesquisas em pessoas vivas.

Além disso, ninguém acredita que a micróglia seja o único aspecto do cérebro afetado pelo movimento, conclui Casaletto. A atividade física altera inúmeras outras células, genes e substâncias químicas no órgão, ela continua, e alguns desses efeitos podem ser mais importantes do que a micróglia para nos manter mentalmente aguçados.

Esse estudo também não prova que a atividade faz com que a micróglia funcione melhor, apenas que a presença dessa célula saudável é comum em pessoas que são ativas. Por fim, não nos diz se obtemos benefícios adicionais para o cérebro por sermos fisicamente ativos quando temos muito menos de 80 anos. Mas Casaletto, que tem 36 anos, disse que os resultados do estudo a fazem continuar se exercitando.

Estado de flow: estudo diz como levar o cérebro ao ápice da produtividade

site-copiaVocê já ouviu falar do estado de flow? Conhecido também como estado de fluxo, trata-se de uma condição momentânea em que o cérebro atinge o ápice da concentração e da produtividade, de modo que se desligue a qualquer distração que houver ao redor. Em um estudo publicado na revista científica Journal of Communication, pesquisadores da Universidade de Oxford tentaram entender como conduzir o cérebro a esse estado.

Para investigar como o cérebro entra nesse estado, os pesquisadores pediram a 142 pessoas para jogar videogame. Quando o nível de dificuldade do jogo era muito baixo, os participantes relatavam um estado de tédio, enquanto um nível muito alto de dificuldade resultava em frustração. Já na dificuldade mediana, os jogadores se envolviam totalmente.

A descoberta inicial levou os autores do artigo a compreender que o estado de fluxo surge quando uma pessoa está tão imersa em uma atividade que mal percebe qualquer distração, mas também é capaz de completar essa tarefa com facilidade o suficiente para não ficar frustrada.

Com isso em mente, os cientistas tentaram distrair os participantes do estudo com um círculo vermelho no canto da tela. A ideia é que os participantes teriam que relatar sempre que percebessem esse círculo. Na dificuldade mediana, os jogadores estavam tão concentrados que percebiam mais lentamente essa distração.

O que é o estado de fluxo?

Através da ressonância magnética, os cientistas descobriram que no estado de fluxo, a conectividade dentro de determinadas redes cerebrais se torna mais forte. Segundo o artigo, as configurações cerebrais modulares ficam mais “eficientes”, o que pode explicar por que tarefas complexas parecem mais fáceis de se executar.

Os cientistas perceberam esse efeito principalmente em uma região cerebral chamada rede executiva central, também conhecida como rede frontoparietal, que está associada à atenção focada e resolução de problemas complexos.

Pesquisa aponta Viagra como droga candidata a prevenir mal de Alzheimer

viagra

 

 

 

 
Foto: Simon Dawson / Bloomberg

Um grupo de cientistas que criou simulações de computador para investigar interações entre proteínas relacionadas ao mal de Alzheimer descobriu que o sildenafil, princípio ativo do Viagra, tem uma chance razoável de ajudar a prevenir a doença.

Para testar a hipótese, os pesquisadores investigaram dados de planos de saúde nos EUA e viram que a incidência desse transtorno neurológico, que afeta a memória, foi 69% menor entre pacientes que tomaram a droga contra disfunção erétil ao longo de um período de 6 anos analisado.

O resultado da pesquisa, liderada pela Clínica Cleveland, de Ohio (EUA), foi publicado hoje em um estudo na revista Nature Aging. No trabalho, os cientistas detalham como chegaram à indicação do Viagra como droga candidata para o Alzheimer. O grupo, porém, pede que a ideia seja levada adiante com cautela, pois a correlação vista no estudo ainda não é resultado de um teste clínico com aplicação direta da droga em voluntários.

No artigo, os pesquisadores relatam que usaram uma estratégia computacional para simular os mecanismos bioquímicos por trás do Alzheimer usando “módulos endofenotípicos”, ou modelos que simulam interações entre proteínas baseadas na estrutura molecular delas. A pesquisa simulou mais de 350 mil interações entre proteínas.

Depois, inserindo nas simulações as estruturas moleculares de mais de 1.600 drogas disponíveis comercialmente para tratar outras doenças, os pesquisadores verificaram quais delas teriam o potencial de intereferir na cadeia de reações biológicas que leva ao Alzheimer. O sildenafil (Viagra) estava entre as drogas com maior potencial, e era uma das únicas que já vinham sendo prescritas em escala relativamente ampla na população.

“Baseados nessas análises farmacoepidemiológicas retrospectivas de caso-controle com pedidos de reembolso de seguros de saúde para 7,23 milhões de indivíduos, nós descobrimos que o uso deo sildenafil era signficativamente associado com uma redução de 69% na doença de Alzheimer”, escreveram os cientistas, liderados pelo bioestatístico Jiansong Fang, da Clínica Cleveland.

Para se certificarem de que os dados não estavam enviesados, os cientistas conduziram uma nova análise levando em conta fatores como sexo, idade, raça, doenças preexistentes e consumo de outras quatro drogas (duas delas medicamentos testados especificamente contra o Alzheimer). E mesmo separando os dados por esses outros critérios o Viagra continuava se mostrando potencialmente benéfico na prevenção do Alzheimer, para um período de 6 anos que os cientistas acessaram os dados de seguros.

A parte final do estudo foi conduzir um experimento de laboratório para observar se a droga era mesmo capaz de atuar na cadeia de reações metabólicas relacionadas ao mal de Alzheimer.

Para isso, os pesquisadores usaram neurônios humanos em culturas de células especiais, criadas a partir de células da pele retiradas de pacientes da doença. Ao aplicar a droga nas culturas de células, viram que o sildenafil não apenas aumenta o crescimento de neuritos (extensões dos neurônios) como também reduz a produção de uma variedade nociva da proteina tau. O acúmulo dessa molécula no tecido cerebral está relaciono à morte de neurônios ligada ao Alzheimer.

Os cientistas afirmam que testes planejados para isso podem confirmar se a descoberta pode mesmo representar um potencial tratamento.

“A associação entre o uso do sildenafil e a diminuição da incidência da doença de Alzheimer não estabelece uma causalidade, e isso vai requerer um teste clínico controlado”, dizem Fang e seus coautores.

Segundo Jean Yuan, diretor de pesquisa na unidade dos NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA) que trata de pesquisas em longevidade, o trabalho de Cleveland também tem importância como prova de princípio de um método inovador para encontrar novos medicamentos. Os NIH bancaram a maior parte da pesquisa.

“Esse estudo é um exemplo de uma área de pesquisa em ascenção que busca a medicina de precisão, na qual grandes bases de dados são a chave para conectar os pontos entre drogas existentes e uma doença complexa”, afirmou, em comunicado à imprensa.  “Esse é um dos esforços que apoiamos para encontrar drogas ou compostos seguros já existentes para outras doenças que possam ser bons candidatos para testes clínicos contra o Alzheimer.”

“A notícia é quente, pois o estudo envolve muitas pessoas. Mas é preciso lembrar que associação como a encontrada não implica em causalidade. Pode ser que quem tome Viagra tenha menos chance de ter alzhiemer, mas outra explicação plausível é que pessoas com tendência a ter alzheimer tenham menos interesse por sexo e acabem tendo menos chance de usar o Viagra”, destacou médico psiquiatra, PhD em Neurociências e fundador da Neuroforma, Dr. Rogério Panizzutti.

Fonte: O Globo

Pesquisa inédita analisou a ligação entre avós e netos por meio de exames cerebrais

site“Não existe amor igual ao das avós”. O dito popular acaba de ser comprovado pela ciência. Estudo conduzido por James Rilling, antropólogo da Universidade de Emory, em Atlanta, no estado da Georgia, nos Estados Unidos, avaliou a reação das avós ao observar fotos de seus netos em diversas situações, e de seus próprios filhos. Foram recrutadas 50 mulheres com pelo menos um neto biológico na faixa etária dos 3 e 12. Os pesquisadores utilizaram exames de ressonância magnética funcional¸ que mede as mudanças no fluxo sanguíneo que acontecem com a atividade cerebral, ao mesmo tempo em que mostravam imagens do neto, de outra criança que não conheciam, de pessoas que não conheciam e do pai do neto.

Os resultados do estudo indicaram um aumento nas atividades na área do cérebro associada à empatia emocional, relacionado, por exemplo, ao instinto de segurar, se aproximar e interagir com a criança.

Dessa forma, a pesquisa sugere que as avós são levadas a sentir o que seus netos estão sentindo quanto interagem com eles. Se o neto está sorrindo, elas sentem a alegria dele. Se está chorando, sentem a dor e a angústia da criança.

Amor que sobrepõe o dos pais

Antes do experimento com as avós, Rilling realizou um exercício semelhante com pais que olhavam para as fotos de seus filhos. As atividades cerebrais processadas foram na mesma área das avós, da empatia emocional, mas em nível bastante inferior — embora alguns pais tenham atingido picos de ativação semelhantes.

Por outro lado, quando essas avós olhavam para as imagens de seus filhos, as áreas cerebrais ativadas foram diferentes. Em vez de serem associadas ao lado emocional, as exercitadas foram as relacionadas à empatia cognitiva. Ou seja, segundo o estudo, essas avós estavam tentando compreender cognitivamente o seu filho adulto em vez de experimentar uma conexão emocional mais direta.

— Empatia emocional é quando você é capaz de sentir o que outra pessoa está sentindo, empatia cognitiva é quando você entende o que outra pessoa está sentindo e por quê — falou, em entrevista ao The Guardian, Rilling, que concluiu falando sobre a existência de traços nas crianças que podem fazer com que elas despertem esse sentimento de proteção e amor máximo das avós.

Impacto na saúde

Estudo coordenado pela Berlin Aging Study mostrou que avós que cuidam de netos têm 37% menos risco de morte do que pessoas na mesma faixa etária que não cuidam das crianças. A proximidade emocional entre netos e avós é protetora da depressão e de outros transtornos mentais, além de favorecer habilidades socioemocionais.

Já para a criança, sentir-se aceito e amado pelas avós contribui para a autoestima. Ela acredita ser alguém com qualidades para ser amada.

Foto: Reprodução
Fonte: Jornal O Globo

Confira 9 causas de perda de memória e como tratá-las

site-copia-copiaAs causas para a perda de memória são diversas. Entre as mais comuns estão alterações do sono, uso de remédios, hipotireoidismo, ansiedade, depressão, infecções ou doenças neurológicas.

Para a maioria das pessoas, hábitos de vida mais saudáveis que incluam exercícios físicos, alimentação balanceada, relaxamento com meditação e exercícios de treino de memória são suficientes para prevenir esquecimentos.

No entanto, se os lapsos de memória estão se tornando cotidianos ou atrapalhando a realização de tarefas diárias, é fundamental consultar um médico para analisar as causas e iniciar o tratamento correto.

As principais causas de perda de memória e as formas de tratá-las são:

1. Estresse e ansiedade

A principal causa de perda da memória é o estresse e a ansiedade. Em momentos assim, ocorre a ativação de muitos neurônios e regiões do cérebro, o que gera confusão e dificulta a realização de tarefas simples. Por isso, é comum haver uma perda de memória repentina em situações como uma apresentação oral ou uma prova.

Atividades relaxantes, como meditação e exercícios físicos, podem ajudar. Para casos de ansiedade intensa e frequente, pode ser necessário sessões de psicoterapia e o uso de remédios, que devem ser prescritos pelo psiquiatra.

2. Falta de atenção

A simples falta de atenção faz com que o esquecimento seja mais frequente. É mais fácil esquecer detalhes como um endereço ou onde se guardou as chaves quando se está muito distraído, não sendo necessariamente um problema de saúde. A memória e a concentração podem ser treinadas com exercícios que ativam o cérebro, como a leitura de um livro ou um simples jogo de palavras cruzadas.

3. Depressão

A depressão e outras doenças psiquiátricas como síndrome do pânico e transtorno bipolar podem causar déficit de atenção e afetar o funcionamento de neurotransmissores cerebrais, alterando a memória. Nestes casos, deve ser iniciado o tratamento com antidepressivos ou medicamentos orientados pelo psiquiatra. A psicoterapia também pode ser importante.

4. Hipotireoidismo
Quando não tratado adequadamente, o hipotireoidismo deixa o metabolismo mais lento e prejudica o funcionamento cerebral. Geralmente, a perda de memória pela condição é acompanhada de outros sintomas como sono excessivo, pele seca e cansaço intenso. O tratamento é orientado pelo clínico geral ou endocrinologista.

5. Falta de vitamina B12

A deficiência de vitamina B12 altera o funcionamento cerebral, prejudicando a memória e o raciocínio. A reposição desta substância é feita com alimentação equilibrada, suplementos nutricionais ou, em caso de má absorção pelo estômago, com injeções da vitamina.6. Uso de remédios para ansiedade

Alguns medicamentos podem provocar um efeito de confusão mental e prejudicar a memória, sendo mais comum em quem usa sedativos frequentemente. Os lapsos também podem surgir como efeito colateral de remédios de vários tipos, como anticonvulsivantes, neurolépticos e alguns medicamentos para labirintite.

Estes efeitos variam de pessoa para pessoa, portanto é sempre importante relatar os remédios usados ao médico caso haja suspeita de alteração da memória. Orienta-se conversar com o médico para a troca ou suspensão de possíveis medicamentos associados à perda de memória.

7. Uso de drogas

O excesso de álcool e o uso de drogas ilícitas interferem no nível de consciência e são tóxicos para os neurônios, prejudicando as funções do cérebro e a memória. Para o tratamento, é importante abandonar o uso de drogas ilícitas e consumir álcool com moderação. Existem procedimentos que auxiliam contra a dependência química e são orientados em postos de saúde.

8. Dormir menos de 6 horas

falta de um descanso adequado, que deve ser de 6 a 8 horas por dia, atrapalha a manutenção da atenção e do raciocínio. Uma boa noite de sono pode ser adquirida com a introdução de hábitos simples no seu cotidiano, como evitar consumo de café após as 17h e diminuir o uso de celular ou ver TV na cama. Casos mais graves podem ser tratados com medicamentos ansiolíticos, orientados pelo médico.

9. Alzheimer e demências

O Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, que prejudica a memória e interfere na capacidade de raciocínio e de controlar o comportamento à medida que progride. Também existem outros tipos de demência que causam alterações da memória, principalmente no idoso, como a demência vascular, o Parkinson ou demência por corpúsculo de Lewy, que devem ser diferenciados pelo médico.

Caso a doença seja confirmada, o neurologista ou geriatra pode indicar remédios anticolinesterásicos. Além disso, o médico responsável também pode sugerir atividades como terapia ocupacional e fisioterapia, para que a pessoa consiga manter suas funções o maior tempo possível.

Como melhorar a memória naturalmente

Comer alimentos ricos em ômega 3, como salmão, peixes de água salgada, sementes e abacate, ajuda a melhorar a memória e a concentração. Deve-se apostar numa alimentação saudável, equilibrada, que contenha os alimentos certos.

Exercícios para memória e concentração também são aliados importantes para manter o cérebro ativo. Essas práticas aumentam a capacidade de aprendizado e ajudam a prevenir o declínio cognitivo que pode acontecer ao longo do tempo.


 

Como lidar com traumas após sobreviver a um acidente

sitecoNa edição desta segunda-feira (1º) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre o transtorno de estresse pós-traumático.

No fim de semana, o desabamento de uma gruta em Altinópolis, no interior de São Paulo, deixou nove mortos e 18 feridos. Vivenciar experiências intensas com graves consequências pode impactar as pessoas de diferentes formas e, uma delas, é o trauma.

“No momento da tragédia em si, quando o problema está acontecendo, existe um acionamento do circuito que é responsável no cérebro para manter a vida”, explicou Gomes. “O problema é que o evento depois de resolvido, independente de existirem mortes ou não, deixa uma marca dentro do tecido cerebral.”

O médico explica que experiências traumáticas ficam “registradas” numa parte do cérebro que chama hipocampo, que, em conjunto com o córtex pré-frontal, podem “reviver” as experiências nas vítimas após o acidente.

“É de se esperar que no momento agudo [de uma tragédia] o indivíduo nem preste atenção no que está acontecendo porque a única preocupação que existe é manter a vida a todo custo”, disse Gomes.

“Mas conforme o tempo passa, é natural que parte das vítimas e pessoas envolvidas possam vivenciar aquela situação com flashbacks e manifestações físicas relacionadas ao acidente, muitas vezes desencorajando a pessoa a seguir em frente — é a síndrome do estresse pós-traumático.”

Fernando Gomes apontou que vítimas de acidentes ou que vivenciam experiências traumáticas procurem ajuda profissional para superar o problema.

“A psiquiatria e a psicologia desempenham um papel fundamental no acolhimento dessas pessoas e do preparo para que não exista uma manifestação clínica tão exuberante [do trauma no cérebro]”, disse o neurocirurgião.

(*Com informações de Raphael Florêncio, da CNN, em São Paulo)

Confira 9 causas de perda de memória e como tratá-las

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As causas para a perda de memória são diversas. Entre as mais comuns estão alterações do sono, uso de remédios, hipotireoidismo, ansiedade, depressão, infecções ou doenças neurológicas.

Para a maioria das pessoas, hábitos de vida mais saudáveis que incluam exercícios físicos, alimentação balanceada, relaxamento com meditação e exercícios de treino de memória são suficientes para prevenir esquecimentos.

No entanto, se os lapsos de memória estão se tornando cotidianos ou atrapalhando a realização de tarefas diárias, é fundamental consultar um médico para analisar as causas e iniciar o tratamento correto.

As principais causas de perda de memória e as formas de tratá-las são:

1. Estresse e ansiedade

A principal causa de perda da memória é o estresse e a ansiedade. Em momentos assim, ocorre a ativação de muitos neurônios e regiões do cérebro, o que gera confusão e dificulta a realização de tarefas simples. Por isso, é comum haver uma perda de memória repentina em situações como uma apresentação oral ou uma prova.

2. Faltade atenção

A simples falta de atenção faz com que o esquecimento seja mais frequente. É mais fácil esquecer detalhes como um endereço ou onde se guardou as chaves quando se está muito distraído, não sendo necessariamente um problema de saúde. A memória e a concentração podem ser treinadas com exercícios que ativam o cérebro, como a leitura de um livro ou um simples jogo de palavras cruzadas.

3. Depressão

A depressão e outras doenças psiquiátricas como síndrome do pânico e transtorno bipolar podem causar déficit de atenção e afetar o funcionamento de neurotransmissores cerebrais, alterando a memória. Nestes casos, deve ser iniciado o tratamento com antidepressivos ou medicamentos orientados pelo psiquiatra. A psicoterapia também pode ser importante.

4. Hipotireoidismo

Quando não tratado adequadamente, o hipotireoidismo deixa o metabolismo mais lento e prejudica o funcionamento cerebral. Geralmente, a perda de memória pela condição é acompanhada de outros sintomas como sono excessivo, pele seca e cansaço intenso. O tratamento é orientado pelo clínico geral ou endocrinologista.

5. Falta de vitamina B12

A deficiência de vitamina B12 altera o funcionamento cerebral, prejudicando a memória e o raciocínio. A reposição desta substância é feita com alimentação equilibrada, suplementos nutricionais ou, em caso de má absorção pelo estômago, com injeções da vitamina.

6. Uso de remédios para ansiedade

Alguns medicamentos podem provocar um efeito de confusão mental e prejudicar a memória, sendo mais comum em quem usa sedativos frequentemente. Os lapsos também podem surgir como efeito colateral de remédios de vários tipos, como anticonvulsivantes, neurolépticos e alguns medicamentos para labirintite.

Estes efeitos variam de pessoa para pessoa, portanto é sempre importante relatar os remédios usados ao médico caso haja suspeita de alteração da memória. Orienta-se conversar com o médico para a troca ou suspensão de possíveis medicamentos associados à perda de memória.

7. Uso de drogas

O excesso de álcool e o uso de drogas ilícitas interferem no nível de consciência e são tóxicos para os neurônios, prejudicando as funções do cérebro e a memória. Para o tratamento, é importante abandonar o uso de drogas ilícitas e consumir álcool com moderação. Existem procedimentos que auxiliam contra a dependência química e são orientados em postos de saúde.

8. Dormir menos de 6 horas

falta de um descanso adequado, que deve ser de 6 a 8 horas por dia, atrapalha a manutenção da atenção e do raciocínio. Uma boa noite de sono pode ser adquirida com a introdução de hábitos simples no seu cotidiano, como evitar consumo de café após as 17h e diminuir o uso de celular ou ver TV na cama. Casos mais graves podem ser tratados com medicamentos ansiolíticos, orientados pelo médico.

9. Alzheimer e demências

O Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, que prejudica a memória e interfere na capacidade de raciocínio e de controlar o comportamento à medida que progride. Também existem outros tipos de demência que causam alterações da memória, principalmente no idoso, como a demência vascular, o Parkinson ou demência por corpúsculo de Lewy, que devem ser diferenciados pelo médico.

Caso a doença seja confirmada, o neurologista ou geriatra pode indicar remédios anticolinesterásicos. Além disso, o médico responsável também pode sugerir atividades como terapia ocupacional e fisioterapia, para que a pessoa consiga manter suas funções o maior tempo possível.

Como melhorar a memória naturalmente

Comer alimentos ricos em ômega 3, como salmão, peixes de água salgada, sementes e abacate, ajuda a melhorar a memória e a concentração. Deve-se apostar numa alimentação saudável, equilibrada, que contenha os alimentos certos.

Exercícios para memória e concentração também são aliados importantes para manter o cérebro ativo. Essas práticas aumentam a capacidade de aprendizado e ajudam a prevenir o declínio cognitivo que pode acontecer ao longo do tempo.