Como preparar seu cérebro para uma prova


Cientistas dizem que novidades e histórias são ótimas estratégias para melhorar o processo de aprendizagem, enquanto sono e atividade física são cruciais para reduzir o estresse e reter informação.Neste domingo (03/11) e no próximo, 4,3 milhões de brasileiros farão a prova do Exame Nacional do Ensino Médio 2024 (Enem) para tentar garantir uma vaga no ensino superior.

Preparar-se para as provas pode ser desafiador, e muitos adotam rotinas intensas de estudo, repassando conteúdos por horas a fio.

Mas e se o segredo de uma boa revisão não for apenas mais horas de estudo, mas sim entender como o cérebro aprende e lembra das coisas?

Cada um aprende de um jeito

O neurocientista Bogdan Draganski, do Hospital Universitário Insel em Berna, na Suíça, diz que não existem truques rápidos ou “atalhos fáceis” para o sucesso escolar.

Segundo ele, aprender é um processo individual, onde as “diferenças individuais de motivação, atenção e cognição” de cada um fazem com que não exista uma forma única de aprender.

Sendo assim, o que diz a ciência sobre como otimizar o aprendizado para os exames?

Como o cérebro aprende informações complexas

O cérebro armazena memórias como conexões entre os neurônios, particularmente nas regiões do hipocampo e da amígdala cerebral. A essas conexões dá-se o nome de sinapse.

Novas memórias são formadas quanto os neurônios criam novas sinapses com outros neurônios, gerando uma teia de conexões neuronais. Mas é preciso trabalhar na manutenção dessas memórias se quisermos acessá-las depois.

Só que a ciência ainda não sabe ao certo o que acontece no cérebro quando aprendemos informação que é mais complexa que uma única memória.

“Os mecanismos que regem a formação, consolidação e recuperação bem-sucedidas da memória episódica ainda são elusivos”, afirma Draganski.

Isso porque, segundo ele, o aprendizado é um processo “tremendamente complexo” no cérebro, que depende de estímulos sensoriais, emoções, níveis de estresse, centros de processamento cognitivo e, claro, redes de memória.

“E tudo isso varia de indivíduo para indivíduo de acordo com o sexo, gênero e fatores socioeconômicos e ambientais”, explica o neurocientista.

É por isso, frisa Draganski, que cabe a cada um encontrar seu próprio processo individual de aprendizagem – e, sim, ele pode ser diferente daquele que te foi inculcado na escola.

O poder das histórias

Aprender e reter novas informações depende de dois processos principais: a codificação, quando as novas informações são inicialmente aprendidas, e a consolidação, quando essas informações são fortalecidas nas áreas de memória do cérebro.

Estudos sugerem que praticar a “recuperação ativa” – o ato de testar a si mesmo sobre o que aprendeu – melhora a retenção da memória em comparação com o estudo passivo, que inclui hábitos como a releitura de anotações.

Neurocientistas também apontam que nosso cérebro é programado para buscar novidades. Isso significa que você provavelmente lembrará melhor de informações novas e interessantes, enquanto ambientes previsíveis, como algumas salas de aula, podem te fazer se sentir desmotivado.

A atenção é crucial nesse processo de fixação do aprendizado. Por isso, é importante encontrar várias formas diferentes de aprender a mesma coisa – pode ser com vídeos educacionais, leitura, podcasts, memes e até mesmo desenhando ou cantando sobre o que você aprendeu.

Outra boa estratégia é inventar histórias sobre o que se aprendeu. Estudos mostram que o cérebro retém 50% mais informação de textos narrativos do que descritivos.

O fator estresse

A ciência também mostra que o estresse tem um grande impacto nos processos de aprendizado e formação de memórias.

Um pouco de estresse pode de fato melhorar a formação de memórias. Mas estresse demais vai te impedir de acessá-las e atualizá-las posteriormente com novas informações – e isso pode ser fatal no dia da prova.

Quando o estresse toma conta de você, ele inibe a capacidade do cérebro de codificar informações, tornando o processo de aprendizagem mais penoso e menos eficaz. Em casos extremos ele pode levar à ansiedade, que torna tudo ainda mais desafiador.

Dicas testadas pela ciência para um aprendizado mais eficaz

Draganski tem um conselho para adolescentes que querem aprender melhor: “Viva uma vida saudável.” Por vida saudável, entenda-se: manter rotinas saudáveis de sono, alimentação e atividade física.

O sono, em particular, é crucial para o processo de aprendizagem e consolidação da memória. É durante o sono que o cérebro processa e organiza informações, fortalecendo as conexões neuronais que ajudarão a lembrar delas depois.

Já a falta de sono, além de aumentar os níveis de estresse, pode prejudicar a concentração e a memória.

Adolescentes precisam dormir entre oito e dez horas para manter o bom funcionamento cognitivo do cérebro, e Draganski aconselha os jovens a zelar por esse repouso, ainda que isso signifique “desafiar as autoridades escolares, caso a escola comece muito cedo”.

Atividade física e redução dos níveis de estresse

Outra dica de Draganski é praticar atividades físicas com frequência, já que isso traz benefícios profundos para o funcionamento do cérebro, especialmente entre adolescentes.

Exercícios físicos ajudam a administrar o estresse, reduzindo os níveis de cortisol e liberando endorfinas, que promovem a sensação de bem-estar. Mesmo uma caminhada curta ou uma ginástica leve podem ajudar a aumentar o foco, reduzir a ansiedade e tornar a revisão de conteúdos escolares mais eficiente.

Draganski, porém, ressalta que o sucesso escolar na juventude também depende em alguma medida do apoio que se tem dentro de casa.

Meditação ou técnicas de respiração profunda podem ajudar a manter o estresse sob controle – tanto para lidar com as provas quanto com a família.

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Fonte: Revista Isto é