Ler muitas notícias negativas é ruim para o humor e pode prejudicar a cognição – veja como controlar

Como se não bastasse o estresse crônico desde o início da pandemia, há uma porção de outras notícias ruins e de impacto mundial — a crise climática, o aumento do custo de vida, o conflito na Ucrânia — que vêm mexendo com o psicológico das pessoas. Ter acesso a tantos assuntos negativos diariamente pode ter um efeito prejudicial para o cérebro, de acordo com artigo do site The Next Web, assinado por neuropsicólogos da University de Cambridge. O “doomscrolling”, que em tradução livre pode ser entendido como “scroll da desgraça”, é o hábito de ler matérias, posts ou comentários negativos seguidamente, por muito tempo, ativando gatilhos de ansiedade e depressão.

Uma das explicações é que a serotonina, substância química do cérebro que ajuda a regular o humor, pode atingir baixos níveis quando estamos entristecidos por más notícias por longos períodos de tempo ou nos encontramos cronicamente estressados. Outra razão para o fenômeno é que a empatia (característica que nos ajuda a nos importarmos uns com os outros e conviver em sociedade), pode se tornar excessiva ao ler sobre tantos eventos trágicos nos noticiários, levando à ruminação de pensamentos negativos que afetam nossa saúde mental e bem-estar.

Estas condições podem, com o tempo, ter enorme efeito na mente, causando deficiências cognitivas reais, como atenção reduzida e problemas de memória e raciocínio. Isso porque se informações negativas sequestram nossa atenção e memória, elas drenam o poder cognitivo que poderia ser usado para outras coisas. E quando estamos constantemente absorvendo notícias negativas, nos sentimos ainda mais deprimidos — criando um ciclo vicioso.

Quanto mais tempo estamos presos a um humor deprimido, fica mais difícil pensar de forma flexível, enxergando diferentes perspectivas. É assim que podemos acreditar que tal situação nunca irá terminar, ou que não existem mais boas notícias — levando a sentimentos intensos de impotência e desamparo.

E lembre-se de que não é preciso estar clinicamente deprimido para desenvolver problemas de atenção e foco. Já é sabido, por experimentos científicos, que o excessivo uso das telas pode contribuir para isso. Portanto, não é apenas o conteúdo negativo que consumimos que prejudica a atenção: a própria tecnologia usada para acessá-lo também é um problema. Isso pode afetar o desempenho no trabalho, na escola ou mesmo em ambientes sociais, além de contribuir para quadros de ansiedade. E assim surge outro círculo vicioso. Ao se concentrar demais em assuntos ameaçadores, como verificar obsessivamente as últimas notícias trágicas, afeta-se o bem-estar. Em casos mais graves, pode levar ao comportamento de verificação repetitiva, visto no transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

Redefina seu cérebro

O que fazer diante de tudo isso? Em primeiro lugar, é fundamental evitar o “doomscrolling” obsessivo. Lembre-se também de investir diariamente em momentos positivos e de descanso, ou seja, dedique-se durante algum tempo a atividades relaxantes e desestressantes, como ler um livro, caminhar, conversar com amigos, meditar, tocar um instrumento, exercitar-se… Tudo isso ajuda na melhora do humor e da cognição.

Outra maneira de contornar a situação é agir, seja apoiando uma instituição de caridade ou fazendo trabalho voluntário. Quando você realiza um ato de bondade, um sistema de recompensa no cérebro é ativado, melhorando o bem-estar. Em casos mais extremos, quando o peso das notícias ruins parece estar fora de controle sobre sua mente, entre em contato com um psicólogo. A terapia costuma ajudar muito.

Neste mundo globalizado e totalmente conectado, com constante bombardeio de informações e fluxos de estímulo, conhecer a si mesmo e seus objetivos é primordial para alcançar o bem-estar. Apesar das circunstâncias, tentar permanecer positivo e resiliente faz bem para para você e para aqueles que o cercam. Afinal, para poder ajudar a resolver desafios globais complexos, é preciso, antes de tudo, estar em equilíbrio consigo mesmo.

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