O número de pessoas, que vivem com demência, deve triplicar dos atuais 50 milhões e atingir 152 milhões até 2050. A informação é da Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência lançou na última quinta-feira o Observatório Global de Demência – uma plataforma on-line que monitora a doença, cuja evolução acompanha “o envelhecimento da população mundial”.
O custo anual estimado para a demência é de 818 bilhões de dólares, o equivalente a mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) global. O valor total inclui custos médicos diretos, assistência social e cuidados informais (perda de renda dos cuidadores).
Até 2030, esse valor deve mais do que dobrar, para 2 trilhões de dólares, o que pode prejudicar o desenvolvimento social e econômico e sobrecarregar os serviços sociais e de saúde, entre eles, os sistemas de cuidados de longo prazo.
O observatório fornecerá um banco de conhecimento onde as autoridades de saúde e assistência social, médicos, pesquisadores e organizações da sociedade civil poderão encontrar perfis da demência em níveis nacionais e regionais, relatórios globais, orientação política, diretrizes e kits de ferramentas sobre prevenção e cuidados de demência.
Sistema de monitoramento global
O Observatório Global da Demência acompanhará o progresso na prestação de serviços para pessoas com a doença e também para seus cuidadores. A ferramenta on-line também vai monitorar a presença de políticas e planos nacionais, medidas preventivas e de redução de riscos, além da infraestrutura para atendimento e tratamento.
Em entrevista à ONU News, ex-director na OMS e professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Botucatu, no Brasil, José Bertolote, falou sobre o avanço do problema nos países de língua portuguesa.
“Há três grupos aqui. Num deles está justamente Portugal que já tem uma expectativa de vida muito alta em comparação com os demais. Brasil, que tem uma expectativa de vida média e uma taxa de natalidade decrescente. O terceiro grupo é justamente dos países lusófonos de África e Ásia que têm uma expectativa ainda mais baixa e ainda têm uma taxa de natalidade muito alta. É nestes países que o problema vai crescer mais. Em Portugal, está mais ou menos estabilizado pela perspectiva etária da população, no Brasil vai aumentar significativamente em muito pouco tempo e nos outros países lusófonos vai aumentar muito.”
A ideia é que a plataforma acompanhe os progressos na prestação de serviços para pessoas que vivem com a demência e para os que prestam assistência nos países e a nível mundial.
Demência
A demência é um “termo guarda-chuva” que inclui diversas doenças, que são principalmente progressivas e afetam memória, outras habilidades cognitivas e comportamentos.
Interfere significativamente na capacidade de uma pessoa manter as atividades cotidianas. As mulheres são mais frequentemente afetadas do que os homens.
A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência e representa entre 60 e 70% dos casos. Outro tipo comum é a demência vascular.
Custos das doenças
Os custos envolvidos nos cuidados das pessoas que vivem com demência chegam a 818 bilhões de dólares por ano – o equivalente a mais de 1% do Produto Interno Bruto global.
Esse total cobre assistência médica direta, social e cuidados informais além da renda dos que prestam assistência aos pacientes.
A demência engloba uma série de doenças progressivas que afetam as capacidades de atenção, memória, entre outras habilidades cognitivas e comportamentos, interferindo de forma significativa. As mulheres são mais frequentemente afetadas do que os homens. A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência e representa 60% a 70% dos casos sendo os mais comuns a demência vascular e formas misturadas.
Até 2030, os custos totais do problema devem superar o dobro e atingir US$ 2 trilhões e segundo a OMS “prejudicar o desenvolvimento social e econômico e sobrecarregar os serviços sociais e de saúde, incluindo os sistemas de cuidados prolongados.”
A agência quer seguir políticas e planos nacionais, medidas de redução de riscos e infraestrutura para atendimento e tratamento. A nova ferramenta online inclui informações sobre sistemas de vigilância e dados sobre o fardo da doença em 21 países. A meta é que o total chegue até 50 nações até o final de 2018.