Vícios podem ser detectados no cérebro mesmo após a morte

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Tornar-se viciado em drogas ou sexo faz com que haja alterações no cérebro que podem ser vistas até mesmo após a morte. Além de ajudar os investigadores forenses a descobrir como seus “clientes” poderiam ter vivido e morrido, as implicações desta descoberta também lançam luz sobre a razão pela qual viciados têm tanta dificuldade de mudar seus hábitos, mesmo ficando em abstinência por um longo tempo.

Quando realizamos atividades altamente prazerosas como ter relações sexuais ou usar drogas, uma proteína chamada FosB torna-se ativa nas partes do cérebro que compõem o chamado circuito de recompensa. Depois de se combinar com outras proteínas, a FosB liga-se a receptores locais que promovem a expressão de certos genes neurais que, por sua vez, alteram a atividade dos neurônios relevantes.

No entanto, estudos anteriores mostraram que quando as pessoas desenvolvem vícios, a constante tensão colocada em FosB faz com que ele sofra alterações epigenéticas, o que significa que a sua expressão genética se torna alterada pela adição de certas moléculas ao seu DNA. Como resultado, ela se transforma em uma proteína ligeiramente diferente conhecida como DeltaFosB.

Isto é particularmente perigoso porque a DeltaFosB é mais estável do que FosB e, portanto, persiste no cérebro por um período mais longo. Consequentemente, ela produz mudanças muito mais duradouras na atividade neural, que é o que leva à fissura e à dependência.

Em um novo estudo publicado no Journal of Addiction Research and Therapy, uma equipe de cientistas examinou os cérebros de 15 viciados em heroína recentemente falecidos e descobriu que o DeltaFosB ainda podia ser visto nas regiões cerebrais responsáveis ​​pelo prazer e pela memória nove dias após a morte.

Eles suspeitam que essa proteína pode persistir por mais tempo em vivos, o que traz alguma luz sobre por que os viciados em recuperação frequentemente continuam a sentir desejos, mesmo depois de ter parado de consumir determinada droga e, ainda: por que tantas pessoas têm recaídas.

A coautora do estudo, Monika Seltenhammer, explicou que isso poderia ter implicações para o desenvolvimento de novas estratégias para tratar aqueles que tentam superar um vício. “Se o desejo viciante pode persistir no cérebro por meses, é muito importante prover o cuidado contínuo prolongado e o apoio psicológico correspondente,” ressaltou a pesquisadora.

Como o estresse é prejudicial para o cérebro

Saiba como o estresse danifica o cérebro e o que fazer para evitá-lo
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Cada evento estressante que vivenciamos pode ter um impacto importante e duradouro em nossos cérebros, danificando a estrutura e alterando a função de regiões-chave, revela uma nova pesquisa publicada na revista Nature.

 

Sabe-se há muito tempo que o estresse sustentado – também conhecido como estresse crônico – apresenta consequências cognitivas extremas, levando a uma série de transtornos mentais, como transtorno de estresse pós-traumático. Contudo, os perigos do estresse agudo e do impacto de momentos traumáticos isolados permanecem em grande parte inexplorados.

 

A equipe, portanto, decidiu observar o cérebro de ratos depois de terem sido submetidos a um episódio de 40 minutos de estresse, durante o qual eles receberam um choque elétrico repetidamente no pé. Os autores do estudo explicam como isso causou a liberação de um hormônio do estresse chamado de corticosterona, que por sua vez causou um aumento maciço nos níveis de um neurotransmissor chamado glutamato em uma parte do cérebro chamada de córtex pré-frontal (PFC).

 

Uma vez que o glutamato é uma molécula excitatória, ele fez com que os neurônios do PFC começassem a disparar rapidamente. No momento em que os níveis de glutamato começaram a retornar ao normal, cerca de 24 horas depois, muitos desses neurônios tinham ficado danificados.

 

Mais precisamente, os dendritos desses neurônios – que são os ramos de conexão que contêm os receptores de glutamato – sofreram atrofia ou morte celular. Isto é significativo porque o PFC está fortemente envolvido na cognição superior e é essencial para a nossa capacidade de pensar racionalmente e tomar decisões.

 

O fato de que esse dano permaneceu visível por até duas semanas após o experimento sugere que mesmo os pequenos episódios de estresse podem danificar de forma duradoura a estrutura de nossos cérebros e ainda, como os autores do estudo afirmam: “as consequências do estresse agudo estão longe de ser simplesmente agudas.”

 

– O estresse é de fato um veneno para o nosso cérebro. A melhor forma de evitá-lo é cultivando hábitos saudáveis, como praticar exercícios físicos e cognitivos, manter uma dieta balanceada com menos alimentos industrializados, respeitar os horários de trabalho e de sono, bem como os momentos de lazer – explica o médico-psiquiatra Rogério Panizzutti, fundador da NeuroForma.

As 5 Substâncias mais viciantes e como elas afetam o cérebro

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Você já se perguntou quais são as substâncias mais fisicamente viciantes e o que elas fazem com o seu cérebro? O pesquisador David Nutt focou nisso para que ele e seus colegas trabalhassem num sistema de classificação das drogas que causam dependência em uma escala de 3 pontos. A escala funciona assim: 3 é a maior pontuação, ou seja, a substância é maximamente viciante. Aqui está um breve resumo sobre os seus achados.

 

Com a exceção de barbitúricos (calmantes e sedativos), em todos os casos o sistema de dopamina do cérebro está envolvido. Aumentar os níveis de dopamina ou mesmo bloquear os receptores inibitórios de dopamina no cérebro encontram-se entre os mecanismos de cada uma dessas substâncias viciantes.

 

O álcool ficou em quinto lugar, com uma pontuação de 1.9 de 3 na escala de dependência, com barbitúricos sendo a quarta substância mais viciante. As pessoas que consomem bebidas alcoólicas obtêm um aumento de dopamina constante com cada bebida subsequente. Os que consomem barbitúricos interrompem o fluxo de íons de sódio no cérebro, o que impede que os neurónios disparem potenciais de ação. É por isso que eles causam os efeitos de letargia, sonolência, calma e frequência cardíaca e respiratória reduzidas.

 

A nicotina, o principal componente do tabaco, é a terceira substância mais viciante. Tal como acontece com o álcool, a dopamina é aumentada com cada dose de nicotina que chega à corrente sanguínea.

 

O crack (e a cocaína) vem em segundo lugar na escala de vício. A cocaína funciona bloqueando os receptores inibitórios de dopamina no cérebro. Isto é, a cocaína impede que o sistema de dopamina seja capaz de ser desligado.

 

Com uma pontuação perfeita de 3 de 3 na escala de Nutt, reina a heroína como a substância mais viciante. A heroína pode fazer os níveis de dopamina subirem para cerca de 200% do normal, e até mesmo quantidades relativamente baixas dessa droga podem causar parada cardíaca e morte.

 

Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.

Fonte: Blog BrainHQ®

Por que nosso cérebro não consegue decifrar truques de mágica?

Por que nosso cérebro não consegue decifrar truques de mágica?

Coelho na cartola

Nós, adultos, sabemos que quando vemos um truque de mágica o que nos engana não é a mágica de verdade, mas algum tipo de truque que nos faz pensar que estamos vendo algo que não poderia acontecer no mundo real. E, mesmo assim, o truque não fica menos divertido ou menos surpreendente. Então, por que não podemos ver através deles e saber o que realmente está acontecendo?

 

A resposta é que nossos cérebros não são realmente configurados para lidar com a ambiguidade perceptiva. Quando vemos o mágico fazer movimentos específicos com as mãos ou braços, interpretamos suas intenções e as classificamos com base em experiências passadas. Um bom mágico usa um movimento reconhecível para fazer algo inesperado.

 

Nossos cérebros não conseguem fazer várias tarefas ao mesmo tempo muito bem. Assim, mesmo intelectualmente cientes de que é impossível que bolas desapareçam da mão do mágico e reapareçam dentro de uma caixa fechada sobre a mesa, por exemplo, não somos capazes de conciliar o fato de que as bolas foram de fato transferidas da mão para a caixa.

 

Nossos cérebros dependem de pistas visuais, por vezes referidas como as leis da Gestalt da visão, para dar sentido ao que vemos. Esperamos continuação e organização racional, mas quando esses conceitos estão em falta, não conseguimos descobrir o motivo (no caso decifrar qual foi realmente o truque de mágica a que acabamos de assistir!).

 

Conheça nossos exercícios cientificamente projetados e saiba como melhorar suas capacidades de memória visual e atenção dividida AQUI!

A pior parte da esquizofrenia não é o que você pensa

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Brandon Staglin nas vinícolas de Rutherford, Califórnia.

 

Brandon Staglin perdeu o contato com a realidade pela primeira vez no verão de 1990 após entrar na faculdade. Seu primeiro relacionamento sério tinha acabado. De volta a sua casa na Califórnia (EUA), ele estava lutando para encontrar um emprego temporário durante o verão. Foi quando as vozes se tornaram impossíveis de ignorar.

 

Staglin conta que não conseguia dormir e achava que um muro tinha caído dentro de sua cabeça, deixando o lado direito oco. “Eu senti que tinha perdido metade do meu espírito”. Ele lembra que chegou a cobrir seu olho direito com a mão, com medo de que uma nova personalidade fosse preencher o vazio.

 

O pensamento delirante, como este, muitas vezes é acompanhado de vozes e de outras alucinações. É um sintoma clássico da psicose que predomina entre as pessoas com esquizofrenia.

 

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Travis Webster na casa de sua mãe em La Jolla, Califórnia.

 

Travis Webster também teve seu pior momento quando ele tinha 18 anos, em 2013. Diagnosticado com transtorno esquizoafetivo, que combina a psicose com humor selvagem, ele deixou de tomar uma medicação. Isso levou a um conflito com seus pais, pensando que os mesmo estavam conspirando contra ele, apesar dos esforços por parte dos pais em tentar ajudar. Ele já havia entrado com um processo judicial para obter uma medida de restrição contra a sua família quando dois policiais e um assistente social bateram à sua porta no centro de San Diego (Califórnia).

 

As coisas rapidamente saíram do controle na medida que ele resistia às tentativas dos policiais para contê-lo. “Eu tinha 1,95m de altura e 100kg”, lembra Webster. Ele deu um soco no rosto de um deles e foi condenado a dois meses de prisão.

 

Mas hoje a vida ficou melhor para ambos. Atualmente, a psicose é controlada por medicação e eles se tornaram defensores da saúde mental: Staglin ajuda a administrar o Instituto Uma Mente – uma organização de pesquisa criada por sua família produtores de vinho na Califórnia – e Travis fala sobre suas experiências em escolas locais. Silenciar as vozes e banir os delírios, no entanto, não significa que tudo ficou tudo perfeito. Ambos eram bons alunos, mas suas notas entraram em queda livre quando foram afetados pela psicose. E mesmo depois que os sintomas foram controlados, eles ainda tem muitas dificuldades para se concentrar nos estudos.

 

Alucinações e delírios podem ser a face pública da esquizofrenia, mas os sintomas cognitivos ocultos – que incluem a dificuldade em se concentrar em tarefas mentais, compreender a fala, e lembrar-se com precisão do que aconteceu – faz com que seja muito difícil ter uma vida produtiva e satisfatória.

 

“Eles podem ouvir vozes e aprender a ignorá-las”, diz Cameron Carter, professor da Universidade da Califórnia, especialista nos aspectos cognitivos da esquizofrenia. Mas é difícil acompanhar conversas das pessoas se você literalmente não pode processar o que elas estão dizendo.

 

Entretanto, Staglin e Travis – juntamente com dezenas de outros voluntários – encontraram um alívio ao praticar jogos de computador destinados a reforçar as suas capacidades mentais. Eles participaram de estudos conduzidos por Sophia Vinogradov (foto abaixo) e seus colegas da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que realizam pesquisas na área de neuroplasticidade – o conceito de que o cérebro muda em resposta à forma como ele é usado. Isto significa que os circuitos neurais podem ser reforçados através de treinamento mental, assim como um atleta constrói seus músculos ao malhar na academia.

 

Sophia Vinogradov

 

Os jogos computadorizados foram projetados por neurocientistas da empresa Posit Science, sediada na Califórnia. A empresa tem como diretor-científico um dos pioneiros da neuroplasticidade, o médico PhD Michael Merzenich, também professor da Universidade da Califórnia.No Brasil e países de língua portuguesa, os jogos são disponibilizados pela NeuroForma Tecnologias®, empresa sediada no Rio de Janeiro, sendo traduzidos e adaptados ao português sob a supervisão do médico PhD Rogério Panizzutti, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Eles ajustam a sua dificuldade automaticamente para que os jogadores obtenham sucesso em apenas cerca de 80% das tarefas. Ao melhorar o seu desempenho, o jogo fica mais difícil. Se a sua concentração desliza, as tarefas podem ficar um pouco mais fáceis até que você recupere seu ritmo. É como ter um personal trainer na academia, mantendo-o na zona correta para construir a força e fitness, sem faltar ou treinar demais. E como um regime de aptidão física, a melhora só vem com a persistência. Os estudos de Sophia Vinogradov normalmente envolvem até 50 horas de treinamento no espaço de 8 a 10 semanas.

 

“Se você não fizer o treinamento de forma intensiva, você não vai obter os mesmos resultados”, ressalta Vinogradov. “Você precisa voltar a cada três dias, e fazer suas repetições novamente.”, completa a neurocientista. Confira aqui o estudo que está sendo feito na mesma linha de pesquisa com pacientes portadores de esquizofrenia e transtornos cognitivos leves no Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

 

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Brandon Staglin

 

Depois de seu primeiro episódio psicótico, Staglin voltou às suas aulas no Dartmouth College em New Hampshire, mas suas notas despencaram. Ele finalmente foi capaz de melhorar suas notas, mas ao custo de se isolar socialmente e dedicar quase toda a sua energia mental para os estudos. A leitura era um grande esforço. Sentia-se socialmente desajeitado e conta que se esforçava para fazer amigos.

 

Após a faculdade, Staglin trabalhou para uma empresa de engenharia de satélites em Palo Alto, Califórnia, e estava pleiteando uma vaga para a pós-graduação no MIT quando a pressão se tornou grande demais novamente. “Eu tive que renunciar ao meu trabalho. Eu não conseguia focar. Não conseguia me concentrar “, lembra ele.

 

Assim, no final dos anos 1990, Staglin participou de alguns dos primeiros experimentos de Vinogradov, que foram projetados para ajudar as pessoas com esquizofrenia a compreenderem a fala e outros sons. Entre outras tarefas, ele teve que dizer se um tom rapidamente subia ou descia como é o caso do exercício Ondas Sonoras disponível em nossa plataforma on-line. Staglin diligentemente fez suas repetições e viu surgirem os benefícios depois de muitos anos de luta com os sintomas cognitivos da esquizofrenia.

 

Para Staglin, perceber que estava ficando melhor nessas tarefas aumentou sua confiança. Como seu desempenho melhorou, tornou-se mais extrovertido. “Não tenho dúvidas que é por causa dos benefícios cognitivos de ser capaz de perceber e compreender conversas melhor”, disse ele.

 

Apesar dos benefícios da experiência inicial para Staglin e outros voluntários, demorou vários anos para que a pesquisa ganhasse financiamento. Em seu primeiro grande estudo, publicado em 2009, a equipe de Vinogradov convidou pessoas com esquizofrenia para visitar o seu laboratório e jogar uma variedade de jogos para melhorar a forma como eles entendem os sons. Além do exercício de distinguir “os tons de subida ou descida”, eles também praticaram exercícios de distinção entre sílabas distorcidas contendo sons semelhante, além de exercícios mais complexos, como lembrar detalhes de conversas “jogadas” na tela.

 

Os voluntários que tinham treinado com esses exercícios, posteriormente realizaram testes em que eles tinham que lembrar as palavras. Eles tiveram melhor desempenho do que um grupo de controle participante da pesquisa e que havia treinado somente em jogos de quebra-cabeça. Eles também se saíram melhor em testes gerais de capacidade cognitiva. Surpreendentemente, os ganhos foram cerca de duas vezes maiores que aqueles tipicamente relatados em estudos de treinamento cognitivos anteriores. E os benefícios ainda podiam ser verificados seis meses depois.

 

Devido a esse sucesso inicial, a neurocientista Sophia Vinogradov e seus colegas têm estudado e testado diferentes jogos de treinamento que trabalham também circuitos cerebrais responsáveis por processar informações sociais – por exemplo, pedindo voluntários para ler as emoções em imagens de rostos de pessoas. Os pesquisadores também tentaram intervir no início da doença (assim como Staglin e Travis, a maioria das pessoas que tem esquizofrenia sofre seu primeiro episódio ainda jovem)

 

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No ano passado, no Congresso Internacional de Pesquisa em Esquizofrenia, em Colorado Springs, a equipe de Vinogradov informou que o treinamento fez mais do que aumentar as habilidades cognitivas de jovens recém-diagnosticados: ele também pareceu reduzir a gravidade dos seus sintomas psicóticos, medidos seis meses mais tarde.

 

Isso não significa que o treinamento cerebral pode substituir as drogas que controlam as alucinações e os delírios. Mas sugere que os jogos computadorizados cientificamente projetados podem ajudar a proteger o cérebro da “fiação rompida”, que se acredita ser a principal causa dos sintomas da esquizofrenia.

 

Os pesquisadores querem transformar as melhorias cognitivas em fatores reais de mudança de vida, mas ainda não está comprovado se o treinamento pode fazer uma grande diferença no que se trata de manter um emprego por exemplo. Vinogradov acha que isso pode exigir uma combinação dos jogos de computador com outros tratamentos, como a terapia ocupacional, a fim de ajudar as pessoas com esquizofrenia a gerenciar as tarefas diárias, e também com baixas doses de drogas estimulantes, que podem melhorar o foco.

 

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Travis se envolveu na pesquisa de Vinogradov somente no ano passado (2015), como voluntário do estudo que está testando se o treinamento funciona com o uso de um tablet iPad – para que os jovens com esquizofrenia possam realizar seu treino de casa ou qualquer outro lugar com conexão à Internet.

 

Assim como Staglin, Travis tinha dificuldades com tarefas mentais e sentia-se socialmente isolado. Estes problemas foram agravados, lembra ele, por várias concussões durante o seu tempo na cadeia, quando ele foi espancado por outros internos.

 

“Eu começava a fazer a lição de casa e não conseguia continuar”, diz Travis. “Ficava extremamente irritado nesse estado”, completa ele.

 

Travis conta que vem sentindo o treinamento com os jogos computadorizados no tablet ajudar bastante. “Eu comecei a perceber que eu estava menos ansioso, inclusive quando estava em público”, lembra ele. “Meus pensamentos tornaram-se mais organizados”, ressalta.

 

Jogos projetados para ajudar um usuário a compreender o que se está vendo, aprimoram a visão periférica e tem o potencial de aumentar a consciência durante conversações. A mãe de Travis notou que ele passou a responder mais rapidamente – anteriormente suas conversas eram pontuadas por longas pausas.

 

Ainda assim, Travis, muitas vezes interrompia os jogos antes do tempo porque ele achava os exercícios chatos. “Eu deveria fazer cinco horas por semana. Eu acabava fazendo três”, disse ele. “Com a esquizofrenia, é muito comum ter falta de motivação”, resume.

 

Intervenção preventiva

 

A equipe da neurocientista Sophia Vinogradov agora está se concentrando em intervir ainda mais cedo, em jovens que ainda não tiveram um episódio psicótico completo, mas que estão começando a se comportar estranhamente ou que têm dificuldade em distinguir os sonhos da realidade. Os pesquisadores já demonstraram que o treinamento ajuda os jovens em alto risco de desenvolver psicose a ficarem melhores para se lembrar das palavras e das coisas, o que já é um grande avanço para não perderem a conexão com a realidade.

 

Mas a ideia de iniciar o tratamento antes que as pessoas tenham tido um surto psicótico completo é controversa. A Síndrome de Psicose Atenuada que se destina a descrever as pessoas em risco de desenvolver esquizofrenia, foi rejeitada como um novo diagnóstico psiquiátrico em 2012. Os críticos argumentavam que mais de 70% dos jovens que têm pensamentos estranhos e alucinações menores não desenvolverão a patologia. Eles se preocupavam com a possibilidade desse diagnóstico se tornar comumente aceito, o que poderia levar a uma expansão enorme e injustificada na prescrição de poderosas drogas antipsicóticas.

 

Fazer com que os jovens joguem jogos de computador não desperta os mesmos medos. “O treinamento cognitivo é provavelmente benigno o suficiente”, segundo Allen Frances, da Duke University, que liderou a oposição ao diagnóstico proposto em 2012. Mas ele continua preocupado com os jovens que nunca desenvolveriam a esquizofrenia, pois estes poderia ficar estigmatizados por um rótulo “de risco”.

 

Travis, por sua vez, conta que gostaria muito de ter tido a oportunidade de acesso precoce a todos os tipos de tratamento. Ele começou a ter problemas de concentração a partir da idade de 14 anos, e foi difícil para se socializar com outras crianças principalmente a partir daí. “Eu acho que minha vida teria sido diferente”, ressalta ele, “se tivessem diagnosticado essa doença antes de ter um episódio completo”, completa.

 

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Fonte: BuzzFeedNews

Exercício da plataforma BrainHQ reduz em até 48% risco de desenvolver demência, aponta estudo

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Divulgado na Alzheimer’s Conferences, que terminou no último dia 28, em Toronto, a pesquisa acompanhou 2,8 mil pessoas durante mais de 10 anos

 

Um tipo de exercício mental computadorizado pode fazer algo que nenhuma outra ferramenta de treinamento cerebral consegue fazer: adiar a demência.

 

Uma nova pesquisa, que teve duração de 10 anos, mostrou que o treinamento de velocidade – exercícios computadorizados que fazem com que os usuários processem informações visuais mais rapidamente – são melhores que os exercícios de memória e de raciocínio, duas outras técnicas populares para o treinamento do cérebro. Os pesquisadores descobriram que um total de 11 a 14 horas de treinamento de velocidade têm o potencial de reduzir em 48% o risco de desenvolver demência 10 anos mais tarde.

 

Os resultados do estudo, chamado de Active (Advanced Cognitive Training in Vital Elderly ou Treinamento Cognitivo Avançado para a Terceira Idade), foram apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, que aconteceu de 24 a 28 de julho em Toronto, no Canadá, considerado o maior encontro mundial de pesquisadores de Alzheimer. Acredita-se que o estudo seja a primeira pesquisa a demonstrar que uma intervenção comportamental pode reduzir a incidência de demência. Muitas pessoas praticam diversos exercícios de treinamento do cérebro a fim de manter a mente ágil à medida que envelhecem.

 

Pesquisas anteriores lançadas como parte do estudo Active mostraram que todos os três tipos de treinamento do cérebro testados levaram a melhorias na função cognitiva e na capacidade de realizar atividades da vida diária, tais como preparar uma refeição e dirigir melhor. O treinamento de velocidade se sobrepôs aos outros exercícios na redução da incidência de acidentes de carro por culpa do condutor e preveniu declínios na saúde, e foi a única intervenção que protegeu contra os sintomas da depressão.

 

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“Se você pode reduzir a chance de desenvolver demência em quase 50% com esse exercício, isso é formidável”, diz Michael Roizen, presidente do Instituto de Bem-estar da Clínica de Cleveland, que não estava envolvido no estudo.

 

O estudo, que foi financiado pelo Instituto Nacional de Envelhecimento e pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Enfermagem, incluiu 2.832 indivíduos saudáveis, com idades entre 65 a 94, em seis locais de estudo nos Estados Unidos. Os participantes foram randomizados para receber um dos três programas de treinamento cognitivo ou estar num grupo de controle. O treinamento de memória e de raciocínio foram realizados com um instrutor e não em um computador, e não reduziu o risco de desenvolver demência.

 

Os participantes do treinamento de velocidade realizaram 10 sessões de treino de uma hora ao longo de cinco semanas com um instrutor presente para fornecer ajuda. Alguns tiveram sessões de reforço um ano depois e três anos mais tarde.

 

Os participantes que fizeram apenas as 10 horas iniciais de treinamento tinham, em média, um risco 33% menor de desenvolver demência 10 anos mais tarde, ao passo que aqueles que receberam as sessões adicionais reduziram seu risco em 48%. A neurocientista Jerri Edwards, diretora da Escola de Estudos de Envelhecimento e do Instituto Byrd de Alzheimer da Universidade do Sul da Flórida, foi a pesquisadora responsável pela pesquisa e análise dos dados mais recente.

 

“Os resultados do estudo Active vão certamente proporcionar um aumento da credibilidade nesse campo”, diz o Dr. Doraiswamy. O estudo suscita agora qual seria a quantidade ideal de treinamento de velocidade, acrescentando que mais pesquisas serão necessárias para reproduzir os resultados.

 

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O exercício utilizado no estudo faz parte da plataforma de treino cognitivo BrainHQ que a NeuroForma Tecnologias disponibiliza no Brasil e países de língua portuguesa em parceria com a Posit Science. A assinatura mensal, que inclui acesso ao exercício Decisão Dupla, custa R$49 por mês ou 12 parcelas de R$29 reais no plano anual aqui no Brasil. A Posit Science anunciou logo após a divulgação do estudo que a empresa irá apresentar um pedido de dispositivo médico ao FDA (ANVISA americana) com base nas recentes descobertas desses estudos clínicos.

 

No exercício Decisão Dupla, os usuários devem identificar um objeto no centro do seu olhar e, simultaneamente, identificar um objeto na periferia. Enquanto os jogadores obtiverem respostas corretas, o tempo necessário para identificação visual acelera e elementos distratores são introduzidos, tornando os alvos mais difíceis de serem diferenciar.

 

Este exercício de velocidade cerebral foi projetado para melhorar a velocidade e precisão do processamento de informações visuais e expandir o campo útil de visão, ou UFOV – área visual sobre o qual uma pessoa pode tomar decisões rápidas e prestar atenção sem mover os olhos ou a cabeça. A UFOV diminui com a idade e está associada com uma diminuição no desempenho em tarefas diárias, especialmente a condução de veículos.

 

Na sequência do estudo Active, a Dra. Edwards diz que o próximo passo seria investigar a dose ideal de treinamento e compreender como ele afeta o cérebro. Tal pesquisa avaliaria as pessoas em risco de desenvolver demência e as submeteria ao treinamento para ver se o mesmo impede o desenvolvimento da doença.

 

“O potencial de benefício é enorme e os riscos são inexistentes a mínimos”, ressaltou a neurocientista.

 

Assista AQUI ao vídeo tutorial do exercício Dupla Decisão em português

 

Fonte: Wall Street Journal

Game pode ajudar sua mente a resistir à tentação de comer doces?

App quer mostrar como não escapar da dieta

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Um jogo de computador pode ajudar seu cérebro a resistir à tentação de doces?

 

Essa é a questão que pesquisadores da Universidade de Drexel esperam responder com estudos lançados esse mês. Eles desenvolveram um jogo de computador e um aplicativo para smartphone para ajudar pessoas a controlarem hábitos alimentares ruins e perderem peso.

O jogo é desenvolvido para melhorar o “controle inibitório”, a parte do cérebro que impede impulsos não-saudáveis, mesmo quando o cheiro da batata frita praticamente chama as pessoas pra dentro da lanchonete.

Eles também desenvolveram um aplicativo móvel que inteligentemente detecta padrões nos hábitos alimentares. Quando os usuários são susceptíveis de escapar de seus planos alimentares, o aplicativo fornece estratégias adaptadas para colocá-los de volta aos trilhos. Os pesquisadores estão agora procurando participantes para os dois estudos.

Sessenta e nove por cento dos adultos que vivem na Filadélfia estão com sobrepeso ou obesos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Embora uma série de fatores contribuam para a epidemia de obesidade da cidade, muitas vezes, a mente é o maior obstáculo quando se trata de perder peso, explica o PhD e professor de psicologia Evan Forman.

 

Estudos demosntram, por exemplo, que alimentos doces desencadeiam as mesmas substâncias químicas do cérebro que fazem as pessoas se sentirem bem, como drogas que causam dependência.

 

“Milhões de pessoas estão tentando perder peso, e estão fazendo isso de forma razoável – tentando reduzir as calorias. Mas você vai acabar escapando de seu plano de dieta, o que praticamente acontece com todo mundo “, diz o psicólogo.” Pode-se dizer que o segredo para ajudar as pessoas a realmente perderem peso está em impedir esses lapsos, então nos concentramos na melhor forma de fazer isso”.

 

Melhore seu dia, treine seu cérebro

 

Durante todo o dia, as pessoas fazem escolhas sobre os alimentos vão consumir. Sem dúvida há uma parte do seu cérebro que direciona para coisas que sejam gostosas.

Vamos supor que um colega traz uma caixa de donuts para o escritório. Para uma pessoa que habitualmente consome doces, a primeira reação é: “Eu quero um.” A resposta secundária tenta bombear os freios sobre esse impulso. Mas essa reacção é tipicamente mais lenta e menos forte do que o impulso, lembra o psicólogo.

“No entanto, estudos têm mostrado que, se você fizer determinadas tarefas que envolvem este controle inibitório uma e outra vez, ele realmente fica mais forte”, explica.

Forman e uma equipe de investigadores testaram esta teoria em um estudo recente, publicado na revista Appetite. Comedores habituais de snacks foram enquadrados em exercícios de curta duração, destinados a aumentar a consciência na tomada de decisões e reforçar o controle inibitório. O estudo concluiu que os treinamentos foram bem sucedidos na redução do hábito de comer “lanchinhos”.

Os pesquisadores agora querem descobrir se o treinamento do controle inibitório pode ajudar os participantes a reduzir o seu consumo de alimentos açucarados e, finalmente, perder peso.

O jogo
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O jogo de treinamento – chamado DietDash – solicita aos participantes que revelem os tipos de alimentos açucarados que consomem com mais frequência. Eles então são associados a uma das quatro versões personalizadas para sua dieta. Por exemplo, se alguém listar refrigerantes e biscoitos de chocolate como seus doces favoritos, esses itens aparecerão no jogo.

Os jogadores são instruídos a pressionar certas teclas para responder a diferentes tipos de imagens, incluindo fotos de alimentos açucarados saborosos e imagens de alimentos saudáveis. Como o controle inibitório do jogador melhora, a velocidade do jogo aumenta para um desafio extra. Os usuários são instruídos a jogar este jogo durante oito minutos por dia, todos os dias, durante seis semanas.

Embora outros estudos de menor duração tenham demonstrado que esse tipo de treinamento afeta temporariamente os hábitos alimentares dos usuários, os pesquisadores querem saber o que vai acontecer ao longo de dois meses.
“O estudo é realmente o primeiro nesta linha a tentar treinar pessoas por semanas consecutivas”, ressalta o PhD. “Achamos que isso pode se traduzir em comportamentos do mundo real, porque apenas como qualquer tarefa, ela melhora com a prática.”

Um App para vigiar seu plano alimentar

O segundo projeto dos pesquisadores é um aplicativo de perda de peso chamado DietAlert, desenvolvido com financiamento do Weight Watchers and the Obesity Society.

Utilizado em conjunto com outro aplicativo, ele coleta informações sobre os hábitos alimentares dos usuários e usa um algoritmo matemático para determinar quando eles são mais propensos a falhar em seus planos de dieta.

Por exemplo, o aplicativo pode concluir que uma pessoa tem mais tendência a comer junk food depois do almoço, se ela deixou de tomar café da manhã. Como ele aprende sobre os padrões de alguém, vai enviar um alerta de aviso e oferecer uma dica para ajudar o usuário em seu plano de saúde.

“Este aplicativo tem como alvo cada pessoa exatamente quando ela precisa de ajuda”, resume o pesquisador.

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Os efeitos da cocaína na estrutura do cérebro

Os efeitos da cocaína na estrutura do cérebro

 
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Um novo estudo publicado pela revista Addiction Biology indicou que o consumo de cocaína a longo prazo pode produzir alterações em partes do cérebro responsáveis ​​pela regulação da impulsividade e pela capacidade de analisar as próprias decisões. A pesquisa fornece um panorama sobre o que impulsiona o vício e mostra que as pessoas que desenvolvem dependência da droga podem acabar tomando decisões ruins em outras áreas da vida.

 

Para realizar o estudo, os pesquisadores recrutaram 30 indivíduos dependentes de cocaína – todos abstinentes no momento do experimento – para participar de um exercício de jogos de azar, em que se ganharia ou perderia dinheiro em função da sua capacidade de adivinhar qual número apareceria sobre uma tela. Usando várias técnicas de imagem, os autores do estudo foram capazes de medir a atividade no tecido e na microestrutura nos cérebros dos participantes.

 

Eles observaram que, em comparação com os não usuários, os indivíduos dependentes de cocaína tiveram um aumento da atividade no estriado ventral, que faz parte do circuito de recompensa do cérebro. É importante ressaltar que a atividade nesta região estava elevada, independentemente se o indivíduo havia ganhado ou perdido o desafio do jogo, ou seja, os resultados negativos não diminuíram o desejo do indivíduo de buscar as recompensas associadas a uma atividade em particular – neste caso o jogo. Isso mostra que a hiperatividade no circuito de recompensa pode ser um importante motor do vício.

 

Cocaine

 

Além disso, os pesquisadores descobriram padrões anormais de atividade em partes do córtex pré-frontal medial em usuários de cocaína, principalmente nas áreas que abrangem o córtex cingulado anterior e o córtex orbitofrontal, ambos associados com a avaliação dos resultados das próprias decisões e atribuição de importância a esses resultados. O sistema está ligado à codificação de sinais de recompensa e punição.

 

Como era esperado, quando a tarefa do jogo foi realizada por indivíduos que não eram viciados em cocaína, as perdas resultaram em um aumento robusto na ativação nestas regiões do cérebro, permitindo-lhes avaliar e analisar seu comportamento e reagir em conformidade. No entanto, nenhuma ativação foi notada nos usuários de cocaína, o que sugere que a sua capacidade de pensar sobre as consequências das suas decisões pode ter sido prejudicada.

 

Estas alterações funcionais foram correlacionadas com anormalidades estruturais nessas mesmas regiões do cérebro. Por exemplo, o aumento do volume de substância cinzenta foi observado em partes do circuito de recompensa, tais como o núcleo caudado.

 

Embora ainda não se saiba o quanto de cocaína uma pessoa deve consumir para que estes efeitos sejam produzidos – ou, na verdade, se eles podem ser revertidos – o estudo oferece uma visão importante sobre as mudanças estruturais e funcionais que o uso constante da droga causa no cérebro.

Hormônio pode comprometer nossa capacidade de controle de impulsos

 

 

Como controlamos nossos impulsos?

hungryboy

 

Ir ao supermercado quando se está com fome pode resultar, muitas vezes, em algumas compras desnecessárias.  Às vezes, acabamos comprando um bolo de aniversário inteiro só para o jantar, não é verdade? Uma nova pesquisa, porém, sugere que essa pode não ser a única tarefa desaconselhável quando se está de estômago vazio. De acordo com estudo publicado pela revista Neuropsychopharmacology, um hormônio liberado quando estamos com fome interfere diretamente numa parte do cérebro que controla a impulsividade, tornando-nos mais propensos a tomar decisões erradas.

 

O hormônio em questão é a grelina e seus níveis tendem a subir um pouco antes dos horários das refeições. O objetivo dessa alteração hormonal é fazer com que os seres humanos consumam alimentos para que continuem vivos. Além de tudo isso, a grelina também tem papel importante na regulação do centro de recompensa do cérebro, que é o que nos conduz a procurar estímulos como sexo e drogas, além da comida.

 

A atividade deste centro de recompensa, por sua vez, está intimamente ligada à impulsividade, que se refere à nossa capacidade – ou falta dela – de exercer a moderação em nossa busca contínua por prazer. Uma região chave do cérebro chamada área tegmental ventral (VTA), que faz parte do centro da recompensa, desempenha um papel crucial na modulação da impulsividade, levando os autores do estudo à hipótese de que a grelina pode, de alguma forma, comprometer a atividade do VTA.

 

Para investigar isso, os pesquisadores ensinaram ratos a executar três tarefas relacionadas com a impulsividade. A primeira delas, conhecida como o reforço diferencial de baixas taxas (DRL), exigia que os ratos esperassem um certo tempo antes de pressionar uma alavanca, após o qual iriam receber uma recompensa açucarada. A segunda tarefa, referida como o teste “go” / “no-go”, observou se os ratos receberiam a recompensa se eles pressionassem ou se abstivessem de pressionar uma alavanca, dependendo se uma luz brilhava ou um som tocava. Por último, o teste de atraso descontado expunha os ratos a uma escolha, na qual eles poderiam mover uma alavanca imediatamente para receber um comprimido de açúcar, ou esperar um determinado período de tempo antes de movê-la para receber quatro comprimidos.

 

Balas de acucar

 

Após os ratos terem dominado todos estes ensaios, os investigadores injetaram grelina nos seus cérebros. Isso fez com que eles pressionassem prematuramente a alavanca durante o DRL ao mesmo tempo, tornando-os três vezes mais propensos a pressionar a alavanca em vez de esperar no teste “go” / “no-go”. Eles também se tornaram muito menos capazes de esperar a recompensa maior no teste de atraso descontado, o que indica que o hormônio afetou tanto sua impulsividade motora quanto seus processos de tomada de decisão.

 

Para confirmar o papel da grelina, os pesquisadores repetiram o experimento com ratos famintos, e não aqueles que tinham recebido injeções do hormônio. Mais uma vez, os roedores se tornaram menos competentes na execução de todas as três tarefas. No entanto, quando os autores do estudo injetaram nos ratos um inibidor da grelina, seus níveis de desempenho voltaram ao normal.

 

Finalmente, eles decidiram injetar grelina diretamente naárea tegmental ventral (VTA), em vez de no centro de recompensa, a fim de confirmar a importância dessa região particular do cérebro quanto ao controle da impulsividade. Isso foi “suficiente para reduzir a eficiência que havíamos observado com as injeções de grelina no cérebro inteiro”, escreveram os autores, indicando que o VTA era de fato inteiramente responsável por este aumento da impulsividade e quebra de autocontrole.

 

Além de revelar as razões (às vezes, acabamos comprando um bolo de aniversário inteiro só para o jantar), os resultados deste estudo também fornecem uma base potencial para o tratamento de certos distúrbios comportamentais. Como a co-autora do estudo, Karolina Skibicka, da Universidade de Gotemburgo, explicou, “receptores de grelina no cérebro podem ser alvo para o tratamento futuro de transtornos psiquiátricos que são caracterizados por problemas com impulsividade e até mesmo por distúrbios alimentares.”

 

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Praticar corrida pode aumentar o poder do seu cérebro!

Mulher correndo ao sol
 
Muitos estudos – tanto com animais e com pessoas – já comprovaram os benefícios dos exercícios físicos para a cognição e função do cérebro: melhor memória espacial, memória de trabalho, velocidade de processamento, só para citar alguns. Isso se dá devido ao fato de que o cérebro possui uma incrível capacidade de se reformular e se reorganizar em resposta às atividades físicas e cognitivas ao longo de nossas vidas. O fato de que o ambiente pode alterar a composição do cérebro levou a uma série de outras pesquisas sobre o assunto, mais conhecido como neuroplasticidade ou plasticidade cerebral.

 

No último mês de maio, a revista científica NeuroImage publicou uma série de estudos, de diversos neurocientistas e pesquisadores ao redor do mundo, que  exploram os efeitos da atividade física sobre o cérebro. Em um deles, uma equipe liderada por Henriette van Praag, do National Institutes of Health nos EUA, estudou como as redes cerebrais são afetadas em ratos após a execução de exercício numa roda giratória silenciosa com cerca de 11cm de diâmetro. Eles se concentraram em monitorar a atividade cerebral no hipocampo, uma importante área do cérebro para a navegação espacial e formação da memória.

 

Após análise, os resultados revelaram que ao correr, há uma espécie de recrutamento para a entrada de novos neurônios em ação no hipocampo e áreas do cérebro que desempenham um papel no processamento da informação. “Houve de fato um aumento da produção de novos neurônios no hipocampo”, afirmou van Praag, acrescentando que “nos seres humanos, o exercício também aumenta o volume do hipocampo e sua vascularização”.

 

CorridãoPB

 

Em outra frente de pesquisa científica sobre o assunto, Claire Sexton e seus colegas da Universidade de Oxford na Inglaterra, iniciaram estudos com exames de ressonância magnética observando como a atividade física afeta as massas branca e cinzenta em cérebros envelhecidos. A substância branca contém os axônios – fibras nervosas responsáveis pelas sinapses – que ligam diferentes partes da massa cinzenta entre si. Embora os níveis mais elevados de aptidão física comprovadamente proporcionavam efeitos cada vez mais benéficos sobre os volumes de matéria cinzenta em adultos mais velhos, a relação com a matéria branca ainda não ficara bem estabelecida.

 

No entanto, nos 29 estudos seguintes por eles revisados, a equipe descobriu que os níveis mais elevados de atividade física estavam frequentemente associados com melhores resultados observados na massa branca, seja em sua estrutura e volume mais bem conservados ou mesmo observando a redução da gravidade das lesões da matéria, consequências da idade.

 

Em todo o mundo, o declínio cerebral e cognitivo relacionado à idade é um problema de saúde crescente. Inatividade, tanto física quanto cognitiva, é o principal fator de risco que contribui para esse declínio e podem acelerar os sinais de doenças neurodegenerativas.

 

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